Respire, não desabafe: Cientistas descobrem chave para controlar a raiva

Desabafar pode ser bom no momento, mas não é eficaz para reduzir a raiva. Uma nova investigação sugere que técnicas como respirar fundo, meditar, fazer ioga ou até contar até 10 demonstram ser mais eficientes na diminuição da raiva e da agressividade.

Nesta nova investigação, a equipa de cientistas analisou mais de 150 estudos que envolveram mais de 10 mil parcipantes e descobriram que o que realmente funciona para reduzir a raiva é diminuir a excitação fisiológica, isto é, diminuir o calor.

“É muito importante acabar com o mito de que se estivermos com raiva, devemos desabafar”, começou por afirmar Brad Bushman, professor de Comunicação na Universidade Estadual de Ohio, citado pelo EurekAlert.

“Desabafar pode parecer uma boa ideia, mas não há nem uma evidência científica para apoiar a teoria da catarse”, acrescentou o investigador.

“Para reduzir a raiva, é melhor envolvermo-nos em atividades capazes de diminuir os níveis de excitação. Apesar do que a sabedoria popular possa sugerir, correr não é uma estratégia eficaz porque aumenta os níveis de excitação e acaba por ser contraproducente”, detalhou.

O artigo científico, publicado na Clinical Psychology Review, analisou 154 estudos que envolveram 10.189 participantes de diferentes sexos, raças, idades e culturas. A seleção e análise dos estudos foram orientadas pela teoria dos dois fatores de Schachter-Singer, que pressupõe que todas as emoções, incluindo a raiva, consistem em excitação fisiológica e significados mentais.

Assim, esta investigação concentrou-se no exame de atividades que aumentam a excitação (bater num saco de boxe, correr, andar de bicicleta ou nadar) e atividades que diminuem a excitação (respiração profunda, atenção plena, meditação e ioga).

Os resultados mostraram que as atividades que diminuem a excitação foram eficazes para afastar a fúria em laboratórios e ambientes de campo, usando plataformas digitais ou instrução presencial, e em sessões de grupo e individuais em várias populações: estudantes universitários e não estudantes, pessoas com e sem antecedentes criminais e indivíduos com e sem deficiência intelectual.

As atividades que aumentaram a excitação foram, no geral, ineficazes. Correr, por exemplo, foi a que apresentou maior probabilidade de aumentar a raiva, enquanto as aulas de educação física e a prática de desportos com bola tiveram um efeito de diminuição da excitação, o que sugere que a introdução de um elemento de brincadeira na atividade física pode, pelo menos, aumentar as emoções positivas ou neutralizar os sentimentos negativos.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.