ZAP // Saladié, P. et al / IPHES-CERCA; Tom Björklund / CENIEH

Marcas de corte numa vértebra cervical de uma criança encontrada em Atapuerca, em Espanha, sugerem que o Homo antecessor praticava canibalismo — e não era esquisito na escolha das suas vítimas.
Há cerca de 850.000 anos, uma criança pequena foi decapitada e canibalizada, sugerem as marcas de corte num dos seus ossos do pescoço.
O osso, que pertencia a um Homo antecessor, espécie humana arcaica, foi encontrado na gruta Gran Dolina, no sítio arqueológico de Atapuerca, no norte de Espanha.
Uma análise do osso indica que a criança tinha entre 2 e 5 anos quando morreu.
“Este caso é particularmente impressionante, não só devido à idade da criança, mas também devido à precisão das marcas de corte”, explica Palmira Saladié, co-diretora da escavação de Gran Dolina, numa nota de imprensa recentemente publicada.
As marcas identificadas no osso são uma e evidência direta de que a criança foi tratada “como qualquer outra presa”, diz a investigadora do IPHES-CERCA.
A equipa de investigação escavou um conjunto de 10 esqueletos, muitos dos quais mostram cortes de remoção de carne e fraturas intencionais tipicamente encontradas em ossos de animais que foram comidos.
Todos os esqueletos recém-descobertos pertenciam ao Homo antecessor, uma espécie de humano arcaico que se extinguiu há cerca de 770.000 anos.
O H. antecessor só foi identificado até agora no sítio de Atapuerca, pelo que a sua posição na árvore genealógica humana não é clara.
Desde que foi descoberto, em 1997, os especialistas têm debatido se este grupo humano antigo era o antepassado dos Neandertais e humanos ou se era um ramo da linhagem humana. De qualquer forma, o H. antecessor é um dos primeiros parentes humanos encontrados na Europa.
Ao longo de três décadas de escavação no local, a gruta Gran Dolina já revelou mais de duas dezenas de exemplos de canibalismo humano; cerca de 30% dos ossos encontrados na gruta até agora têm marcas de corte que sugerem que estes primeiros humanos foram comidos.
Saladié, P. et al / IPHES-CERCA

As marcas de corte em ossos encontrados em Espanha são as evidências mais antigas de canibalismo humano
“A preservação das superfícies dos fósseis é extraordinária“, disse Palmira Saladié à Live Science. “As marcas de corte nos ossos não aparecem isoladamente. Marcas de mordida humana foram identificadas nos ossos — esta é a evidência mais fiável de que os corpos encontrados no local foram de facto consumidos“.
Os esqueletos recém-encontrados reforçam a ideia de que os primeiros humanos usavam os seus companheiros como recurso alimentar e talvez como meio de controlar território, disseram os investigadores.
“O que estamos a documentar agora é a continuidade desse comportamento de canibalismo”, diz Saladié. “O tratamento dos mortos não era excecional, mas repetido.”
Os 10 esqueletos, incluindo a criança pequena decapitada e canibalizada, foram datados entre 850.000 e 780.000 anos atrás. Estas datas fazem dos ossos a evidência mais antiga de parentes humanos na Europa — e também o exemplo definitivo mais antigo de canibalismo humano até à data.
Gran Dolina ainda não foi totalmente escavada, pelo que pode estar a esconder mais restos humanos — que poderiam lançar luz sobre o enigmático parente humano H. antecessor.
“Todos os anos descobrimos novas evidências que nos forçam a repensar como viviam, como morriam, e como os mortos eram tratados há quase um milhão de anos”, conclui Saladié.
“The end is near” !! 🙂
Evoluímos um bocadinho, mas ainda nos comemos uns aos outros
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