Somos mais inteligentes do que os outros primatas (e isso pode custar-nos caro)

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A inteligência humana tem um custo. Cérebros maiores são mais propensos a doenças neurodegenerativas.

O cérebro humano é altamente complexo e maior do que o dos outros primatas, mas isso pode ter um custo elevado quando se analisa a taxa de declínio cognitivo, envelhecimento e até de possíveis doenças neurodegenerativas.

Esta é a conclusão de um estudo recentemente publicado na revista Science Advances que comparou os cérebros humanos com os dos chimpanzés (Pan troglodytes).

O estudo internacional recorreu à análise de quase 700 cérebros humanos e de primatas em exames de ressonância magnética.

Curiosamente, as partes do cérebro que mais cresceram durante a evolução da espécie humana, quando comparadas às de outros primatas, foram classificadas como as mais suscetíveis aos riscos do envelhecimento. É o “custo” da inteligência humana e do tamanho do nosso cérebro.

Os cientistas da Universidade de Düsseldorf, na Alemanha, e da Universidade George Washington, nos EUA, utilizaram como base do estudo ressonâncias magnéticas do cérebro de 189 chimpanzés e de 480 humanos, feitas em diferentes fases do processo de envelhecimento. O objetivo foi comparar os volumes da massa cinzenta.

Em paralelo, foram analisadas as diferenças entre outras espécies de primatas, como o babuíno-anúbis (Papio anubis) e o macaco-rhesus (Macaca mulatta).

Risco dos cérebros maiores

Segundo os autores, tanto os humanos como os chimpanzés perdem massa cinzenta durante o envelhecimento, mas o processo é muito mais intenso na espécie humana.

“As alterações relacionadas com a idade [no cérebro dos chimpanzés] são semelhantes, mas em menor magnitude em comparação com os humanos”, afirmam os investigadores.

Por exemplo, “a redução volumétrica relacionada com a idade do tamanho geral do hipocampo e do córtex frontal não é evidente nos chimpanzés, mas ocorre nos humanos. O declínio cognitivo também está presente nos chimpanzés, mas não parece tão proeminente como nos humanos”, acrescentam.

As áreas mais afetadas no cérebro humano são aquelas pouco desenvolvidas ou nem desenvolvidas no cérebro do chimpanzé. Afinal, “as regiões com maior expansão cerebral nos humanos em relação aos chimpanzés mostraram um acentuado declínio de substância cinzenta”, reforçam os autores.

Assim, a equipa defende a hipótese de que as características que se desenvolvem mais tarde durante a evolução de uma espécie são as primeiras a deteriorarem-se com o envelhecimento. Isto significa que há vantagens e desvantagens no aumento da substância cinzenta e no aumento do volume cerebral.

“A extensa expansão do córtex pré-frontal e de outras áreas de associação cortical na evolução humana recente, desde a separação de um ancestral comum com os chimpanzés, tem o custo de uma maior vulnerabilidade relacionada com a idade”, concluem os cientistas.

ZAP // CanalTech

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