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Ana Drago demite-se da Comissão Política do Bloco de Esquerda

José Goulão / Flickr

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A ex-deputada Ana Drago anunciou hoje a demissão da Comissão Política do Bloco de Esquerda (BE), alegando “uma divergência profunda e fundamental” com a direcção do partido relativamente à estratégia que está a ser seguida.

Em causa está o facto de a direcção política do BE ter rejeitado um debate com outros movimentos de esquerda, como o recém-criado Manifesto 3D, a Renovação Comunista e o anunciado partido Livre, para participar num processo de convergência que resultasse numa candidatura única às eleições europeias.

“As dificuldades processuais dessa candidatura eram várias, e relevantes. Contudo, um modelo de articulação não chegou sequer a ser equacionado – a direção política do Bloco de Esquerda não se mostrou disponível para iniciar um debate programático com alguns dos possíveis participantes nessa convergência”, diz Ana Drago.

“Com essa exclusão antes mesmo de se debater um programa conjunto para as eleições europeias, a possibilidade de uma candidatura alargada fracassou”, justifica a militante bloquista numa carta enviada à Agência Lusa e que foi já entregue aos membros da Mesa Nacional, que se reúnem esta tarde.

A ex-deputada, que deixou a Assembleia da República em agosto de 2013 após 11 anos de vida parlamentar, declara-se “entristecida” com a decisão de se demitir, mas sublinha que esta proposta de convergência “era um passo essencial na construção de uma alternativa de esquerda para o país”.

“Por entender que a identidade, o papel e a responsabilidade histórica do Bloco de Esquerda é construir essa convergência, não posso hoje, em consciência, permanecer na Comissão Política”, explica, na sua carta de demissão.

Ana Drago acrescenta que “a unidade deste campo da esquerda é mais importante que as suas diferenças” e significaria “uma vontade política de construir uma alternativa sustentada e credível de esquerda”, necessária para parar o que considera ser “o ataque fanático e revanchista da direita portuguesa” que compromete “os direitos sociais fundamentais”.

“Não sei – talvez não saibamos sobre nós próprios – se terei o discernimento e a capacidade de construir uma solução de esquerda para o país. Mas sei hoje, claramente, que não quero fazer parte do problema”, sublinha.

A Mesa Nacional do BE, órgão máximo do partido entre convenções, está hoje reunida em Lisboa para discutir a situação política atual e as próximas eleições europeias, a realizar a 25 de maio.

O partido foi desafiado recentemente pelo manifesto 3D para uma candidatura conjunta ao sufrágio de maio, mas o coordenador do Bloco, João Semedo, respondeu que o partido não se iria diluir em “qualquer outra candidatura” às eleições europeias.

“Em nenhuma circunstância, o Bloco de Esquerda abdicará de se candidatar às próximas eleições europeias. Recusamos diluir-nos em qualquer outra candidatura e recusamos qualquer solução que faça desaparecer o Bloco de Esquerda”, disse recentemente João Semedo à agência Lusa.

Posteriormente, mais de 50 militantes do Bloco de Esquerda (BE) subscreveram um texto onde pedem à coordenação do partido que dê início a um processo de “auscultação interna sobre a estratégia a seguir nas próximas eleições europeias”, que, dizem, deve passar por uma “convergência à esquerda”.

/Lusa

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