Bruxelas de manhã, Lisboa de tarde. Presidente da Ucrânia esteve em Portugal pela primeira vez, deixou agradecimentos e avisos.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, esteve em Portugal pela primeira vez.
Zelenskyy ainda esteve em Bruxelas de manhã, onde chegou proveniente de Madrid. Aterrou em Lisboa pouco antes das 15h.
O presidente da Ucrânia foi recebido no aeródromo militar de Figo Maduro pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.
As imagens em directo no aeródromo mostraram um presidente da República Portuguesa no seu registo habitual: físico, próximo. Puxou – visivelmente – pelo braço de Zelenskyy, talvez para mostrar que Portugal e Ucrânia estão mesmo de braços dados.
Ainda no aeródromo, e sob esquema de segurança apertado, o líder ucraniano ouviu os hinos nacionais dos dois países e foi apresentado a diversas altas parentes portuguesas.
Depois, reunião em São Bento com Luís Montenegro, Paulo Rangel, Nuno Melo e António Alves Machado, embaixador de Portugal em Kiev.
Fotografias oficiais com Montenegro, mensagem escrita de agradecimento a Portugal, mais fotografias oficiais, e reunião.
Acordo de 126 milhões
Depois, o essencial: a assinatura do acordo, ao lado de Luís Montenegro.
Portugal e Ucrânia assinaram um acordo de cooperação bilateral para 10 anos. Portugal assume o compromisso de fornecer a Kiev apoio militar de pelo menos 126 milhões de euros este ano, incluindo contribuições financeiras e em espécie.
“Portugal contribuirá com apoio militar adicional para a Ucrânia, incluindo aquele a acordar no quadro da União Europeia, da NATO e de outros fora internacionais relevantes”.
“Desde 2022, Portugal apoiou de forma abrangente a Ucrânia, bilateralmente e através da União Europeia e da NATO, através do fornecimento de equipamento militar letal e não letal, incluindo carros de combate Leopard 2A6, sistemas de veículos aéreos não tripulados (UAV), veículos blindados de transporte de pessoal M113, veículos blindados de socorro e evacuação médica M577, e outro equipamento militar. Portugal é ainda parte da Coligação F-16, da Coligação Internacional de Capacidades Marítimas, e dos programas de aquisição conjunta de munições de grande calibre liderados pela República Checa e pela Agência Europeia de Defesa”, refere-se no documento.
Portugal e Ucrânia, “com outros parceiros”, comprometem-se a trabalhar em conjunto “para assegurar que as forças de segurança e defesa da Ucrânia são capazes de restaurar a integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas desde 1991, bem como para contribuir para a sua modernização, de modo a incrementar a sua capacidade de responder a qualquer possível agressão armada e a sua interoperabilidade com as forças da NATO”, acrescenta-se.
Logo no preâmbulo do acordo bilateral, num capítulo mais político, os dois países “condenam veementemente a guerra de agressão ilegal, não provocada, injustificada e brutal da Federação Russa contra a Ucrânia, que constitui uma ameaça à paz e segurança internacionais e uma violação flagrante do Direito Internacional, incluindo da Carta das Nações Unidas, da Ata Final de Helsínquia e da Carta de Paris”.
“Portugal apoia inabalavelmente a liberdade, independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia, dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas em 1991, incluindo o mar territorial, e reconhece o direito inerente da Ucrânia à legítima defesa, em conformidade com o Artigo 51.º da Carta das Nações Unidas”, sublinha-se no texto.
No que respeita a formas de cooperação, neste acordo prevê-se um “apoio estrutural à reforma do setor de defesa, incluindo apoio à governação de defesa e políticas para apoiar o Ministério da Defesa da Ucrânia; treino de forças de segurança e defesa ucranianas, a título nacional e no quadro europeu, incluindo programas de formação de formadores; e apoio para atender a ameaças híbridas, incluindo iniciativas de ciberdefesa e de resiliência”.
Portugal dará ainda “assistência ao sistema ucraniano de apoio médico, para o tratamento e reabilitação de pessoal das forças de defesa; apoio ao desenvolvimento das forças de segurança e defesa da Ucrânia, incluindo através da melhoria da interoperabilidade com os padrões da NATO; e equipamento militar, incluindo através de cooperação industrial, armamento, equipamento e bens de defesa nos domínios terrestre, aéreo, marítimo, cibernético e espacial, dando prioridade às principais necessidades de capacidades da Ucrânia”.
Neste compromisso, “Portugal continuará a prover apoio militar à Ucrânia numa base bilateral e através de instrumentos multilaterais, incluindo por meio do Pacote de Assistência Abrangente à Ucrânia da NATO (CAP), do Fundo de Assistência à Ucrânia da União Europeia (UAF) no quadro da Facilidade Europeia para a Paz (EPF) e de outras coligações de capacidades”.
“Portugal, conjuntamente com os seus parceiros internacionais, continuará a participar e a empenhar-se ativamente em formatos internacionais, tais como o Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia (UDCG), para coordenar estreitamente o apoio militar internacional à Ucrânia”, acrescenta-se.
No mesmo documento, Portugal reitera o seu apoio à concretização de reformas na Ucrânia para a adesão deste país à União Europeia e à NATO.
Agradecimento e compatriotas
Seguiu-se conferência de imprensa, onde o presidente da Ucrânia sublinhou esta “parceria estratégica”, expressou gratidão pelo apoio do povo português aos ucranianos e suas famílias, afirmando que nunca será esquecido e constituirá “uma base forte para a futura relação” entre Portugal e a Ucrânia.
Mas também deixou avisos: a Rússia “trabalha muito na guerra híbrida” e em concreto no campo da desinformação, considerando que é importante que “o mundo não se canse”, porque está em causa a justiça.
“Caso contrário, não haverá justiça e o mundo será governado por pessoas como [o Presidente russo, Vladimir] Putin, o que seria uma loucura”, comentou Zelensky, respondendo ao lado do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, a uma questão sobre uma eventual fadiga dos aliados de Kiev.
O primeiro-ministro disse que Portugal já entregou à Ucrânia mais de mil toneladas de material militar, entre carros de combate Leopard 2 ou sistemas de drones, e mostrou-se empenhado em agilizar e acelerar processos de envio.
Pouco depois, encontro com uma (mini) amostra da comunidade ucraniana que vive em Portugal. Com o habitual “Slava Ukraini” e a resposta “Heroiam slava”. E mais fotografias.
Outro apoio em Belém
Seguiu-se a pequena viagem até ao Palácio de Belém, para o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa.
Outra vez, hinos nacionais, com um barulho de fundo bem audível: dois helicópteros da Força Aérea Portuguesa, que tinham atiradores de elite; acompanharam sempre o carro onde estava o presidente da Ucrânia.
Zelenskyy assinou o livro de honra da Presidência da República, reuniu a sós com Marcelo e jantou com o presidente português.
Lá fora, mais de 50 pessoas, quase todas ucranianas, concentraram-se junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, para expressar o seu apoio a Zelenskyy e para agradecer a Portugal a ajuda dada à Ucrânia. A iniciativa foi da Associação dos Ucranianos em Portugal.
Pouco depois das 20h, regresso ao aeródromo militar de Figo Maduro para voltar à Ucrânia.
Tudo isto em pouco mais de 5 horas.
Nuno Teixeira da Silva, ZAP // Lusa
Guerra na Ucrânia
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Zelensky veio a portugal pedir que os portugueses morram por ele e pela ucrânia. O futuro desta Europa é a terceira guerra mundial que está a ser combinada nos bastidores da Nato com as Nações Unidas e a União Europeia. A vassalagem de portugal e dos europeus aos interesses americanos fala mais alto. A rússia não fez mal nenhum a portugal mas portugal declarou guerra à rússia e portanto vai pagar isso com milhões de portugueses mortos. A NATO mais uma vez e em nome dos interesses americanos no mundo está a violar os seus estatutos e a intrometer-se onde não devia.
Já vai sendo tempo do governo e o presidente comunicarem a Portugal e aos portugueses que vão meter portugal na terceira guerra mundial ainda antes do final do ano.
Porque é que temos de financiar a guerra do fantoche dos Estados Unidos? Não há dinheiro para ajudar os Portugueses, mas há dinheiro para ajudar os outros? É tão fácil brincar à guerra com o dinheiro e as pessoas dos outros países.
O regime da Inglaterra e a união europeia (ue) precisam da guerra porque as dívidas já não são possíveis de sustentar.
“Portugal dará ainda “assistência ao sistema ucraniano de apoio médico, para o tratamento e reabilitação de pessoal das forças de defesa”
Quer dizer , em Portugal o sistema de saúde está um Caos mas para os de fora já não há problema
Recordo aos patetas que não conhecem a nossa história (devem passar as noites a ver Sport TV) e que têm como argumento: Não temos que ajudar porque ninguém nos atacou diretamente, que se os Ingleses (por exemplo…) pensassem assim, hoje falávamos Francês ou indo para a história mais recente, Alemão.
Felizmente, vocês são a minoria! E de novo: Felizmente, com tendência para desaparecerem por completo!!
Ps. Os EUA e a UE não atacaram ninguém. Foi a Rússia. Só para recordar.
O posicionamento direto de Portugal terá impacto nas relações com a Rússia. Isso é facto. Com as consequência que virão a ser notadas brevemente.
Resta saber como o dinheiro será usado.
(Efetivamente ajudas de outros países não foram utilizados da melhor forma internamente.)
Está-se mesmo a ver que os portugueses, que tanto se queixaram da guerra “colonial”, na qual tinhamos interesses a defender, irão todos a correr para morrer pela Ucrânia ou pelos interesses dos americanos. Vai ser mais um caso de “preparemo-nos e vão”…
Fartei-me de rir , com o frenético apertar de mão de boas vindas de nosso Marcelo , esta a ver que o Zelenskyy ficava sem braço de tanto ser abanado !