Zoltan Balogh/EPA

Volodymyr Zelenskyy, presidente da Ucrânia
Cada vez mais pressionado por Donald Trump, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, disse este domingo que está disposto a renunciar ao cargo “imediatamente”.
“Se precisarem mesmo”, Zelenskyy sai.
Em troca, Zelenskyy exigiu uma de duas condições: a obtenção de paz ou a adesão do país invadido há três anos atrás pela Rússia à NATO.
“Se houver paz para a Ucrânia, se precisarem mesmo que eu deixe o meu cargo, estou pronto. Posso trocá-lo pela NATO”, disse em conferência de imprensa deste domingo, em Kiev.
Além disso, ser presidente da Ucrânia para sempre não é o seu “sonho”, sublinhou.
Vale a pena lembrar que na semana passada a Rússia aceitou a possibilidade de a Ucrânia se juntar à União Europeia, mas traçou a “linha vermelha” numa eventual adesão à NATO, tendo sido a proposta de adesão apresentada pela Ucrânia em 2008 um dos motivos apresentados por Vladimir Putin para invadir o país. E a destituição do presidente ucraniano é uma das exigências de Putin.
Também os EUA não acreditam que a adesão à NATO seja “realista”.
“Os Estados Unidos não acreditam que a adesão da Ucrânia à NATO seja um resultado realista de um acordo negociado”, disse Pete Hegseth, secretário da defesa norte-americana.
Zelenskyy disse ainda este domingo que gostaria de ver o Presidente dos EUA, Donald Trump, como um parceiro da Ucrânia e mais do que um simples mediador entre Kiev e Moscovo.
“Quero que seja mais do que uma simples mediação. Isso não é suficiente”, afirmou o líder ucraniano, que foi recentemente apelidado de ditador pelo novo presidente norte-americano, nomeadamente por, segundo este, rejeitar novas eleições na Ucrânia.
A Ucrânia está atualmente sob lei marcial, com eleições suspensas desde a invasão russa em fevereiro de 2022. Este estado de exceção, prevista pela própria Constituição, não obriga à realização de eleições enquanto o país estiver a ser alvo de invasão militar estrangeira.
Mas numa altura em que Trump pretende acabar com a guerra o mais rápido possível, a realização de eleições poderá mesmo ser uma das condições impostas pelos EUA antes da assinatura de um acordo de paz com a Rússia, segundo o jornal britânico The Telegraph.
Na reunião mais importante desde a invasão, os Estados Unidos sentaram-se à mesa com a Rússia para discutir a paz na Ucrânia… sem o país invadido nem a União Europeia presentes, o que agravou muito as tensões da nova administração dos EUA não só com Zelenskyy, mas também com a Europa.
“Estão lá há três anos”, disse Trump: nunca deviam ter começado a guerra. Podiam ter feito um acordo”. A Casa Branca avançou que Trump acredita que podia por um ponto final na guerra esta semana. “Impossível“, confessou Zelenskyy.
3 anos de guerra
Kiev vai realizar na segunda-feira uma cimeira internacional para assinalar os três anos da invasão russa, que contará com a presença de 13 líderes estrangeiros na capital ucraniana, enquanto outros 24 participam remotamente.
O Presidente ucraniano elogiou, já nesta segunda-feira a resistência da Ucrânia, no terceiro aniversário da invasão russa, num dia em que vários líderes estrangeiros chegaram a Kiev para reafirmar o apoio ao país.
“Três anos de resistência. Três anos de gratidão. Três anos de absoluto heroísmo dos ucranianos”, escreveu Zelenskyy, numa mensagem nas redes sociais, agradecendo “a todos aqueles que defendem e apoiam” a Ucrânia.
The third anniversary of the beginning of the full-scale Russian invasion. Three years of absolute heroism by our people.
Eternal memory to all who stood up in defense of our state and our people, giving their lives so that Ukraine may live.
Eternal gratitude to the fallen… pic.twitter.com/YthE9Jjskt
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) February 24, 2025
Os líderes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu chegaram a Kiev, onde irão manifestar apoio à Ucrânia e a Zelensky.
“Estamos hoje em Kiev porque a Ucrânia é a Europa. Nesta luta pela sobrevivência, não é apenas o destino da Ucrânia que está em causa. É o destino da Europa”, afirmou a presidente da Comissão Europeia.
Ursula von der Leyen falava numa mensagem publicada nas redes sociais, acompanhada de um vídeo da chegada de comboio a Kiev ao lado do presidente do Conselho Europeu, o português António Costa.
A presidente da Comissão Europeia chegou acompanhada também por 24 dos seus 27 comissários e foi recebida na estação pelo chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andriy Sibiga.
No comboio, a caminho de Kiev, von der Leyen defendeu que a União Europeia (UE) deverá acelerar a entrega imediata de ajuda militar à Ucrânia nas próximas semanas.
A chefe da Comissão Europeia prometeu ainda apresentar “muito em breve” um plano abrangente sobre como aumentar a produção de armas e as capacidades de defesa da UE, do qual a Ucrânia também beneficiaria.
“Aceitável” para a Rússia
O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, afirmou nesta segunda-feira que a Rússia só cessará os combates na Ucrânia quando obtiver o que pretende das negociações que os presidentes russo e norte-americano querem lançar.
“Só cessaremos as hostilidades quando estas negociações produzirem um resultado firme e duradouro que seja aceitável para a Federação Russa”, disse Lavrov numa conferência de imprensa durante uma visita a Ancara, na Turquia.
Moscovo exige que o exército ucraniano se renda, que Kiev renuncie a cinco regiões total ou parcialmente ocupadas, que renuncie à adesão à NATO e que sejam criadas novas autoridades no país vizinho.
Lavrov fez a declaração no dia em que se assinala os três anos da guerra russa contra a Ucrânia, desencadeada pela invasão lançada em 24 de fevereiro de 2022.
Na conferência de imprensa conjunta com Lavrov, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, defendeu que as negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia devem envolver “ambos os lados” da guerra.
“Ao entrarmos no quarto ano de guerra, atribuímos grande importância à nova iniciativa norte-americana. Acreditamos que é possível encontrar uma solução através de negociações em que participem ambas as partes”, insistiu Fidan.
“A Turquia está sempre pronta a assumir o papel de facilitador. O nosso objetivo é pôr termo a esta guerra devastadora o mais rapidamente possível e sarar as feridas na região”, acrescentou.
ZAP // Lusa
Isto vai pareendo uma conversa de surdos, com um som igual ao daqueles discos de vinil riscados.
É mais uma conversa de negociatas entre os amigos Trump e Putin, a fim de arrecadarem entre si as riquezas das terras raras da Ucrânia, perante a passividade do Ocidente, UE principalmente. O invasor vai beneficiar da invasão.
“Vale a pena lembrar que na semana passada a Rússia aceitou a possibilidade de a Ucrânia se juntar à União Europeia”. A Rússia não tem de aceitar ou não aceitar. A Ucrânia é um país soberano e decide o seu destino.
A Rússia não tem acordos com a Coreia do Norte?
Mais uma vez merece admiração Presidente Zelenskyy por pôr o seu cargo democraticamente conseguido à disposição, em troca de paz para a Ucrânia. É uma chapada para o Putin e mesmo para o alienado do Trump, que só pensam no poder.