Candidato-surpresa no CDS? Após 24 anos de zanga, Monteiro estende cachimbo da paz a Portas

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“O que passou, passou”. É desta forma que Manuel Monteiro admite fazer as pazes com Paulo Portas depois de uma “ruptura política e pessoal” que se prolongou durante os últimos 24 anos. E esta posição alimenta a tese de que pode haver um candidato-surpresa à liderança do CDS.

Nuno Melo, Nuno Correia da Silva e Miguel Mattos Chaves são, para já, os candidatos assumidos à liderança do CDS-PP. Mas no congresso deste fim-de-semana, em Guimarães, pode aparecer um quarto candidato-surpresa.

Essa é, pelo menos, a ideia que corre nos bastidores, como têm sublinhado alguns jornais.

A TSF avança que alguns militantes andam em busca de “um candidato surpresa”, “um nome forte capaz de unir o partido”. A estação avança que Manuel Monteiro e Filipe Lobo d’Ávila “foram sondados” para esse efeito.

Contudo, Monteiro recusa-se a falar do assunto. O ex-líder centrista vai estar no congresso e vai intervir, prometendo, para essa altura, assumir a sua posição também quanto ao que acha de Nuno Melo como possível próximo líder do CDS.

Vou responder a isso no congresso. Foi aquilo a que me comprometi e é aquilo que vou fazer”, destaca Monteiro em declarações à TSF.

Nesta conversa, Monteiro também abre os abraços a Paulo Portas depois de uma zanga entre ambos que dura há 24 anos. “Fui um crítico total do doutor Paulo Portas e protagonizei uma ruptura política e pessoal que ficou conhecida neste país”, começa por destacar.

“Pela minha parte, o que passou, passou, isso é tudo passado, e o que está para trás, está para trás”, acrescenta depois, salientando que “há um sinal de reconciliação que tem de ser dado”.

Portas e Monteiro tinham 36 anos quando romperam

A zanga entre Monteiro e Portas aconteceu em 1998 quando ambos tinham 36 anos e foi “uma das mais explosivas rupturas da vida partidária portuguesa“, como chegou a apontar o Diário de Notícias.

A subida de Portas à liderança do CDS foi a “gota de água” para essa ruptura depois de Monteiro se ter demitido da presidência em 1997. Num congresso em Braga, em Março de 1998, Portas derrotou a “linha monteirista” protagonizada por Maria José Nogueira Pinto.

Numa entrevista à revista Sábado em 2012, Monteiro admitiu que “não estava preparado [para a ascensão de Paulo Portas]” no CDS, mas também deixou críticas àquele que foi seu amigo e principal aliado político.

Monteiro revelou que antes das suas intervenções em comícios e conferências, combinava os discursos com Paulo Portas e com outras pessoas do partido. E como era o presidente do partido, “falava em último”. “O Paulo Portas falava antes de mim e dizia o que era suposto ele dizer e o que era suposto ser dito por mim“, salientou na Sábado.

“Quando ele se entusiasmava [ri-se] e acabava de falar… bom, começa aí a história de “o Monteiro não sabe falar””, referiu ainda, revelando também que antes das suas conferências de imprensa, “Portas ligava a comentadores a contar o que [ele] ia dizer”.

Mas isso tudo são feridas passadas, garante agora Monteiro que estende o cachimbo da paz a Portas. O actual comentador televisivo também é esperado no congresso do CDS em Guimarães, um momento que até pode servir de palco para que os dois homens acabem, finalmente, a zanga que dura há duas décadas.

Nuno Melo já disse que quer “sarar feridas de 1998”

Em 2021, numa entrevista à Rádio Renascença e ao Público, Nuno Melo sublinhou a importância de o CDS “sarar simbolicamente as feridas de 1998”, realçando a necessidade de “conseguir resgatar todas essas pessoas” que “fizeram a diferença”, para mostrar que o partido “é uma alternativa que mais ninguém consegue substituir”.

A aspiração de Melo parece possível à luz das declarações de Monteiro. Mas esse sonho concretizado pode até resultar numa má notícia para o mais forte candidato à liderança do CDS entre os nomes já confirmados, caso surja o tal elemento surpreso numa figura carismática do partido.

Susana Valente, ZAP //

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