O ministro da Economia e das Finanças do Brasil, Paulo Guedes, está com o lugar em risco no Governo. Bolsonaro pode fazer o governante cair para elevar os níveis de popularidade.
Jair Bolsonaro recusou recentemente o programa social proposto pelo ministro da Economia e das Finanças do Brasil, Paulo Guedes, que visa substituir o Bolsa Família. A permanência do governante está em risco, naquela que vários especialistas consideram ser uma jogada política do Presidente brasileiro para ganhar popularidade junto da população mais pobre, escreve o jornal Público.
A alternativa apresentada por Paulo Guedes, intitulada de Renda Brasil, prevê um valor superior ao Bolsa Família, de 240 (36,5 euros) a 270 reais (41 euros). O Bolsa Família abrange mais de 14 milhões de brasileiros e Bolsonaro quer aumentar o número de beneficiários para 21 milhões.
Para financiar o programa de Paulo Guedes, Bolsonaro teria de cortar noutros programas sociais, o que seria um duro golpe na sua popularidade, sugerem os analistas. Paulo Guedes acredita que o Renda Brasil poderia chegar aos 270 reais mensais caso fossem extintos 27 programas de apoio social. Bolsonaro discorda.
“A proposta, como a equipa económica apareceu para mim, não será enviada ao Parlamento, não posso tirar de pobres para dar para paupérrimos”, justificou o Presidente brasileiro, na quarta-feira.
“Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar uma Bolsa Família ou um Renda Brasil, seja lá o que for o nome deste novo programa”, acrescentou.
A queda do real face ao dólar é um dos problemas que azedou a relação entre Guedes e Bolsonaro, mas não o único. O outro prende-se com o apoio de emergência criado pelo Governo para ajudar a população mais desfavorecida a enfrentar a pandemia de covid-19.
O apoio de 600 reais por mês (cerca de 90 euros) chega a 64 milhões de brasileiros, mas os cofres do Estado não estão preparados para o prolongar. O ministro da Economia defende a redução para 200 reais, de forma a conseguir mantê-lo durante mais tempo. Contudo, Bolsonaro não se mostra satisfeito com uma eventual redução.
Os analistas sugerem que Bolsonaro tenciona usar Paulo Guedes como bode expiatório quando se vir forçado a reduzir o apoio de 600 reais mensais.