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Volkswagen vai encerrar 3 fábricas, despedir trabalhadores e reduzir os salários em 10%

A Volkswagen vai encerrar três fábricas, suprimir postos de trabalho e reduzir os salários em 10%, afirma a comissão de trabalhadores da construtora alemã. O diretor de RH, que pinta um quadro terrível da situação da empresa, diz que o  sector está “estagnado e não recuperará num futuro previsível”.

A construtora alemã de automóveis Volkswagen está a planear encerrar pelo menos três fábricas no seu país, despedir milhares de trabalhadores e reduzir os salários em 10%, revelou esta segunda feira a comissão de trabalhadores da empresa.

Os cortes, mais profundos do que o previsto, surgem numa altura em que a empresa enfrenta vendas fracas e uma expansão lenta no sector dos veículos eléctricos, devido à forte concorrência dos fabricantes chineses.

“O conselho de administração quer fechar pelo menos três fábricas na Alemanha”, disse esta segunda-feira aos funcionários a líder da comissão de trabalhadores, Daniela Cavallo, na sede da empresa, em Wolfsburg.

As restantes fábricas irão reduzir a sua capacidade, afirmou Cavallo, citando informações fornecidas pela direção.

Numa altura em que a maior economia da Europa sofre uma crise na indústria transformadora e receia o desemprego em massa, a VW pretende proceder a uma reestruturação fundamental para reduzir os custos.

No mês passado, a Volkswagen tinha já adiantado que tinha atualmente um excesso de capacidade de produção equivalente a duas fábricas na Alemanha.

A empresa está a prever efetuar despedimentos em toda a força de trabalho, que ascendem a dezenas de milhares de postos de trabalho, e o encerramento ou envio de divisões inteiras para o estrangeiro.

Os cortes salariais em termos reais poderão ascender a 18%, após um congelamento salarial de dois anos, diz o jornal britânico The Guardian.

“Todas as fábricas alemãs da VW são afetadas por estes planos”, afirmou Cavallo. “Nenhuma está a salvo“.

Julian Stratenschulte / POOL / EPA

Daniela Cavallo e Thorsten Groeger, representantes do Conselho de Trabalhadores da Volkswagen

Segundo a comissão de trabalhadores, a fábrica na cidade de Osnabrück, no norte da Baixa Saxónia, que recentemente perdeu um importante contrato com a Porsche, subsidiária da VW, estaáameaçada de encerramento.

No entanto, esta medida poderá revelar-se politicamente controversa, uma vez que o governo da Baixa Saxónia é o segundo maior acionista da Volkswagen, com 20% dos direitos de voto. O líder do estado, Stephan Weil, afirmou no mês passado que o encerramento de fábricas não deveria estar a ser considerado.

Segundo Daniela Cavallo, a empresa alemã está “a jogar com o risco enorme de que tudo se agrave a partir de agora” e garante que os seus trabalhadores “farão o que uma força de trabalho tem de fazer quando teme pela sua existência“.

Os problemas na Volkswagen, no entanto, não são problemas só na Volkswagen. Recentemente, a Stellantis reviu em baixa os objetivos financeiros para 2024 , o que provocou uma queda a pique nas suas ações — que nem o o anúncio da saída do seu CEO, Carlos Tavares, não conseguiu reverter.

Os principais fabricantes alemães, incluindo a BMW, a Mercedes-Benz e a Porsche, registaram uma queda dos lucros, com as vendas na China a sofrerem dificuldades.

As empresas automóveis queixam-se da queda da procura em muitos dos principais mercados, depois de as taxas de juro terem subido nos últimos anos, após os mínimos históricos de mais de uma década que se seguiram à crise financeira mundial.

Os fabricantes de automóveis tradicionais, como a Volkswagen, têm de suportar os grandes investimentos necessários para mudar a produção de gasolina e gasóleo para baterias eléctricas, ao mesmo tempo que enfrentam os rivais chineses, que têm custos mais baixos.

Recentemente, a União Europeia Comissão Europeia anunciou que iria passar a cobrar taxas alfandegárias adicionais sobre as importações de veículos elétricos da China — com um valor médio próximo dos 21%, mas que podem chegar em alguns casos aos 38.1%.

A Volkswagen emprega mais de 120 000 pessoas na Alemanha, cerca de metade das quais em Wolfsburg.

A empresa, que opera 10 fábricas na Alemanha sob a marca VW, lançou uma onda de choque pelo país em setembro com o anúncio de que estava a considerar o encerramento de fábricas na Alemanha pela primeira vez na sua história.

Para voltar a ser competitiva, a empresa anunciou na altura que iria abolir o seu acordo de proteção do emprego, com 30 anos de existência, como parte de uma tentativa de poupar cerca de 10 mil milhões de euros.

Em comunicado, a Volkswagen disse esta segunda-feira que a sua administração estava “em negociações com representantes trabalhistas” desde meados de 2023 e apresentará “propostas concretas para reduzir os custos laborais” nas próximas negociações salariais.

“O facto é que a situação é grave e a responsabilidade dos parceiros de negociação é enorme”, afirmou Gunnar Kilian, diretor de recursos humanos do conselho de administração, que confirmou o encerramento de fábricas não especificadas e pintou um quadro terrível da situação da empresa.

Segundo Kilian, o mercado automóvel na Europa, do qual a VW tem uma quota de cerca 25%, tinha diminuído em 2 milhões de veículos desde 2020, enquanto os custos de energia, pessoal e matérias-primas tinham aumentado. O sector está “estagnado e não recuperará num futuro previsível“, afirmou.

ZAP //

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