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Os problemas na Volkswagen não são problemas só na Volkswagen

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(dr) Volkswagen

Crise e despedimentos à vista na empresa de automóveis mostram a profundidade da crise nacional na Alemanha.

Alemanha é sinónimo de carros, para muita gente. Não só em conversas, mas também em números, na economia.

Pensamos logo nos Mercedes, nos BMW. Nos Audi, Porsche ou Opel. E na Volkswagen.

A Volkswagen é a maior de todas estas empresas. É a maior fabricante automóvel da Alemanha e uma das maiores do mundo. É o maior empregador industrial no país e o segundo maior do planeta, superado apenas pela Toyota neste segmento.

Ao longo de anos e anos, vendia carros e mais carros. Praticamente cada modelo que lançava era um sucesso em imensos países.

Mas a crise bateu à porta da empresa.

Demissões em bloco, duas fábricas fechadas na Alemanha, e mais despedimentos à vista – ainda não são certos, mas são prováveis (em breve haverá negociações entre dirigentes sindicais e representantes da Volkswagen).

A COVID-19 foi o primeiro sinal de alerta: as vendas caíram muito nessa altura e a empresa ainda não conseguiu recuperar os números pré-pandemia. A procura diminuiu, é um facto.

Depois, chegaram duas invasões: a dos carros eléctricos e a dos carros chineses. Que no fundo estão interligadas.

E há outro factor que não é um detalhe: a situação económica na própria Alemanha.

2023 foi um ano negativo para a economia alemã: queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), após quatro anos de estabilidade. 2024 não deve ser muito melhor: queda de 0,2%, segundo o Governo (e a previsão anterior apontava para um crescimento de 0,3%).

Ora, 5% desse PIB vem… da Volkswagen. Se a economia nacional cai, a Volkswagen também cai.

A Alemanha vive uma fase de contracção no sector industrial e da já mencionada quebra na economia.

As dificuldades da Volkswagen reflectem-se nos problemas gerais que o país enfrenta.

“O facto de a Volkswagen já não descartar o encerramento de fábricas e os despedimentos compulsórios mostra quão profundamente a indústria alemã está agora em crise”, analisou o economista Carsten Brzeski, no The New York Times.

Mão-de-obra cara, estruturas organizacionais pesadas e incapacidade de acompanhar os avanços dos fabricantes de automóveis chineses: são entraves para a empresa automóvel e para a própria economia global da Alemanha.

E ainda há outro factor externo que, mais uma vez, se encaixa na empresa e no país: a Alemanha estará a perder a forte influência que tinha na União Europeia.

Um exemplo que está relacionado com a indústria automóvel: na sexta-feira passada foi dado mais um passo (votação da proposta Comissão Europeia) rumo à imposição de tarifas até 45% sobre os veículos eléctricos importados da China.

A Alemanha está contra. Tentou travar estas tarifas aplicadas a um importante parceiro comercial, a China – mas não conseguiu.

ZAP //

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3 Comments

  1. A UE está a precisar de uma revolução no que se refere ao capitalismo excessivo. Veja-se exemplos como o Carlos Tavares, CEO da Stellantis, que em 2023 (num ano!) recebeu 35,6 milhões de euros! E só estamos a falar do CEO, porque os accionistas e outros tantos também querem receber muitos milhões… O que quer isto dizer? Se não andassem meia dúzia de pessoas a enriquecer, podia-se investir mais em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, colocar produtos no mercado a um preço mais atractivo (o que iria impulsionar as vendas) e manter a produção na UE! Não é ao acaso que existe a tamanha disparidade: em que metade da riqueza mundial está atribuída apenas a 1% da população mundial! E isso não vai poder continuar assim, porque quando falta o “pão e o vinho” na mesa da maioria da população (classe trabalhadora), esta vai revoltar-se, o que não será nada bom…

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    • Com toda a razão, infelizmente está longe de mudar.
      É mais fácil despedir funcionários para investir ou cortar custos do que diminuir administradores, os “tachos” não são só mal do sector público.
      “Aguardemos serenamente” como dizem alguns políticos quando há problemas a cair.

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