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A Vodafone deve sofrer mais com a chegada da Digi

“A compra da Nowo surpreende”. Entre as três grandes operadoras, MEO e NOS podem ripostar de outra forma.

A Digi vai mexer um pouco com o mercado das telecomunicações em Portugal.

A operadora romena surpreendeu e comprou a Nowo por 150 milhões de euros. Vai assim ficar com uma base de cerca de 270 mil clientes móveis e 130 mil clientes de serviços fixos.

A Digi vai ter serviços de internet fixa e móvel, mas também de televisão por subscrição. Ou seja, tudo que MEO, NOS e Vodafone têm.

Uma das perguntas que surge logo é: há espaço para quatro grandes operadoras? É pouco provável. A longo prazo, é pouco provável. E a curto prazo o mercado das telecomunicações não deve mudar muito.

“A compra da Nowo surpreende, particularmente, porque se depreende que vão oferecer pacotes com TV, um espaço ocupado pelos incumbentes e com prestações positivas. Ou seja, é correr na pista dos adversários onde estes têm vantagens comparativas”, começa por analisar o analista António Seladas, no Jornal de Negócios.

As previsões da Bloomberg Intelligence indicam que, pelo menos no início, a Digi ficará com 3% do mercado de banda larga e 2% de quota de mercado móvel em Portugal. São percentagens pequenas, mas são clientes já garantidos.

E, como prevê investir mais de 500 milhões de euros em Portugal, esses números devem subir mais tarde.

Segunda pergunta: os preços vão descer? Não se sabe ao certo, até porque a empresa romena não anunciou preços (nem se sabe quando vai começar a operar em Portugal).

No entanto, já se sabe o que a Digi fez na Roménia, em Espanha e em Itália: entrar no mercado de forma agressiva, com propostas “irrecusáveis” para o consumidor.

Nos pacotes com televisão, as mensalidades podem descer 2%; nos telemóveis, podem cair 7%.

Terceira pergunta: nesta provável guerra de preços, quem fica a perder? A Vodafone, provavelmente.

As outras três operadoras terão de mostrar capacidade financeira e estratégica para esta novidade. E “é provável que a operadora que venha a ter mais dificuldade em entrar numa situação de guerra de preços venha a ser a Vodafone”, analisou Rui Aguiar, professor do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática da Universidade de Aveiro.

Mário Marques da Silva, director do Departamento de Engenharias e de Ciências da Computação da Universidade Autónoma de Lisboa, concorda: “A médio e longo prazo, poderá afetar os três operadores principais, retirando-lhes quota de mercado e deixando a dependência actual da Vodafone, pelo que este operador poderá ser o mais afectado”.

ZAP //

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