Vodafone tentou, mas foi a Digi que fechou acordo para comprar Nowo, por 150 milhões de euros, e está cada vez mais bem posicionada para “reinar” no mercado das telecomunicações.
A transação foi oficializada após várias tentativas falhadas de venda da Nowo, incluindo uma oferta anterior da Vodafone, que foi bloqueada pela Autoridade da Concorrência devido a preocupações com o impacto na competição do mercado, avança o ECO esta sexta-feira. Um potencial acordo com a Media Capital também caiu por terra e empurrou TVI e CNN para o lado da romena.
O negócio, que segundo comunicado da Digi prevê que a Digi Communications adquira 100% das ações da Cabonitel, controladora da Nowo, inclui a compra da Nowo Communications, que se posiciona como o quarto maior operador de telecomunicações móveis e fixas em Portugal.
O movimento permite à Digi absorver uma base de cerca de 270 mil clientes móveis, aproximadamente 130 mil clientes de serviços fixos e melhor posicioná-la em relação ao lançamento de serviços 5G.
Com investimentos prévios da Nowo superiores a 70 milhões de euros em direitos de uso de frequências nas faixas dos 1.800 MHz, 2,6 GHz e 3,6 GHz, a Digi beneficia-se imediatamente de um espetro mais amplo para a implementação do 5G.
Novo serviço de TV Net Voz
A originária da Roménia adquiriu licenças 5G adquiridas no leilão da Anacom em 2021 e deve lançar os seus serviços em Portugal até o final de novembro — não só com oferta de Internet fixa e móvel, mas também com um serviço de televisão por subscrição, o que a coloca na rota de concorrência da MEO, Vodafone e NOS.
Com esta compra, a Digi também acelera na corrida ao acesso a conteúdos televisivos, uma vez que a Nowo já possui contratos estabelecidos com os principais canais, incluindo aqueles da Media Capital (nomeadamente a TVI e CNN Portugal).
Poder das três grandes a salvo (para já)
“Não é expectável que a Digi venha a deter, num prazo razoavelmente curto (isto é, no horizonte de análise típico de uma avaliação jusconcorrencial de três a cinco anos), uma quota de mercado que possa colocar em causa o poder de mercado colectivo dos três principais operadores”, confessou a Autoridade de Concorrência (AdC) na decisão de proibição da concentração Vodafone /Nowo a que o Público teve acesso.
“Em primeiro lugar, do ponto de vista de infra-estruturas, o deployment [desenvolvimento] da sua infra-estrutura fixa demorará alguns anos e o seu portfólio de espectro radioeléctrico é inferior aos restantes operadores”, explica a AdC, que também alerta para o elevado número de “barreiras à entrada e expansão” de concorrentes.
Preços devem baixar
Caso a Vodafone tivesse conseguido comprar a Nowo, era expectável ver “aumentos significativos de preços, reforço do poder de mercado [do Meo, Nos e Vodafone], reforço das barreiras à entrada [de novos concorrentes] e reforço das condições de equilíbrio cooperativo da indústria”.
No entanto, a AdC estima que a Digi alcance uma quota de mercado de 5% e que a operadora, já assente em Espanha, já está a forçar as três grandes a implementar “estratégias de defesa”. Marcas low-cost como a Uzo (Meo), a Woo (Nos) e a Amigo (Vodafone) são exemplos disso, avança o Jornal de Negócios.
A AdC aponta para reduções médias de 2,6% nos preços dos tarifários dos pacotes e 7,4% no móvel.