Um estudo publicado associa a deficiência de vitamina D a uma maior taxa de mortalidade por Covid-19, dando como exemplo países como Espanha e Itália. Portugal é um dos países analisados com os índices mais baixos desta vitamina e o médico Pedro Lôbo do Vale constata que “80% da população tem valores inferiores ao normal”.
A pesquisa, publicada a semana passada na revista Aging Clinical and Experimental Research, aponta para uma relação entre baixo nível de vitamina D e elevados índices de mortalidade por covid-19, após a análise de dados de pacientes de 20 países europeus.
A vitamina D modula a resposta dos glóbulos brancos a infecções, prevenindo que libertem demasiadas citocinas inflamatórias, explicam os autores do estudo.
Ora, salientam os investigadores, a covid-19 provoca um excesso de citocinas inflamatórias, o que, segundo alguns especialistas, é uma das principais complicações criadas pela doença.
O estudo agora publicado atribui as elevadas taxas de mortalidade em países como Espanha, Itália e Reino Unido a baixos índices de vitamina D na sua população, comparando-os com os países do Norte da Europa que têm níveis superiores desta vitamina e que foram menos atacados pela pandemia.
Os dados que reportam até 8 de Abril de 2020 colocam Portugal como o país com o pior índice de vitamina D – 30 nanomoles por litro (nmol/L) de sangue – atrás de Espanha (42.5 nmol/L), da Suíça (46 nmol/L), do Reino Unido (47.4 nmol/L), da Bélgica (49.3 nmol/L) e de Itália (50 nmol/L).
O médico Pedro Lôbo do Vale corrobora os valores relativamente ao nosso país, notando, em declarações ao Correio da Manhã (CM), que “os estudos feitos em Portugal demonstram que 80% da população tem valores inferiores ao normal“. “O normal é de 30 a 100 unidades diárias e há pessoas que têm 12, 13, 14”, aponta.
“A vitamina D é fundamental para a imunidade e as pessoas mais afectadas por esta carência são, precisamente, as pessoas de mais idade. Dos 80 para cima, mas também dos 60 até aos 80, e até mais novas. Os que estão em lares, então, não apanham sol nenhum. E têm valores baixíssimos de vitamina D”, constata ainda Pedro Lôbo do Vale.
O médico repara que se pode fomentar a produção de vitamina D pelo organismo com a exposição solar e com o consumo de peixes gordos.
“Mas é um facto de que cada vez se apanha menos sol. Os trabalhos no exterior são cada vez menos e em lazer as pessoas evitam a exposição solar directa e usam protector solar, que diminui a absorção da vitamina D”, destaca Pedro Lôbo do Vale.
O médico recomenda que se siga o exemplo dos nórdicos que “tomam óleo de fígado de bacalhau logo pela manhã”.
Vitamina D pode “cortar mortalidade em metade”
A pesquisa realizada por investigadores das Universidades Northwestern (EUA) e Anglia Ruskin (Reino Unido) e do Hospital Queen Elizabeth que integra o Serviço Nacional de Saúde britânico concluiu que os valores mais altos de vitamina D encontram-se no norte da Europa, países que também têm as mais baixas taxas de mortalidade por covid-19.
Os cientistas avançam os hábitos do consumo de óleo de fígado de bacalhau e de suplementos, bem como o facto de não evitarem apanhar sol, como as razões para os altos índices de vitamina D nos países nórdicos.
Por outro lado, “os níveis de vitamina D são severamente baixos na população idosa de Espanha, Itália e Suíça“, aponta-se no estudo. Nestes países verificam-se, por seu turno, elevadas taxas de mortalidade por covid-19.
“Tem-se demonstrado que a Vitamina D protege contra infecções respiratórias agudas e os adultos mais velhos, o grupo mais deficiente em vitamina D, são também os mais gravemente afectados pela covid-19″, atesta o investigador Lee Smith, especializado em Saúde Pública e Actividade Física da Universidade Anglia Ruskin, em declarações divulgadas num comunicado sobre o estudo.
“Encontramos um relacionamento bruto significativo entre os níveis médios de vitamina D e o número de casos de covid-19, e particularmente as taxas de mortalidade por covid-19”, salienta ainda Lee Smith.
Os pacientes com deficiência severa de vitamina D têm duas vezes mais probabilidades de sofrerem complicações graves, concluíram os cientistas que atestam que há uma “co-relação entre baixos níveis de vitamina D e sistemas imunológicos hiperactivos”.
A pesquisa salienta uma ligação directa entre os níveis de vitamina D e a chamada “tempestade de citocinas“, a resposta hiper-inflamatória do organismo que é despoletada pela reacção do sistema imunitário ao vírus.
“A tempestade de citocinas pode danificar gravemente os pulmões e levar à síndrome do desconforto respiratório agudo e à morte em pacientes. É isto que parece matar a maioria dos pacientes de covid-19, não a destruição dos pulmões pelo vírus em si”, frisa o investigador Ali Daneshkhah que esteve envolvido no estudo.
“São as complicações do fogo mal direccionado do sistema imunológico” que matam e não tanto a covid-19, como realça Daneshkhah.
Ora, “a vitamina D fortalece a imunidade inata e previne respostas imunológicas hiperactivas”, frisa a Universidade Northwestern num comunicado sobre a pesquisa.
O professor de Engenharia Biomédica na Universidade Northwestern, Vadim Backman, que também esteve envolvido no estudo, sustenta que a vitamina D “não previne que um paciente contraia o vírus, mas pode reduzir as complicações e prevenir a morte naqueles que são infectados”.
Backman acredita que pode “cortar a taxa de mortalidade em metade”.
Pode explicar mistério da baixa mortalidade em crianças
As conclusões do estudo podem também, segundo o professor, ajudar a explicar porque é que há menor probabilidade de morrerem crianças com covid-19. É que estas ainda não desenvolveram totalmente o seu sistema imunitário adquirido.
“As crianças contam, primeiramente, como os seus sistemas imunitários inatos. Isto pode explicar porque é que a sua taxa de mortalidade é inferior”, defende Backman.
O urologista Petre Cristian Ilie, do Hospital Queen Elizabeth, que também integrou o estudo, avisa, contudo, que a investigação é condicionada pelo número de testes realizados, bem como pelas medidas tomadas por cada país para conter a epidemia. “Co-relação não significa, necessariamente, causa-efeito”, nota.
Fica também o alerta de que nem toda a gente precisa de começar a tomar suplementos de vitamina D – até porque é conveniente evitar tomar doses excessivas, o que pode acarretar efeitos secundários adversos.
Também não há números quanto à dose que será “mais benéfica para a covid-19”, como explica Backman.
“Contudo, é claro que a deficiência de vitamina D é prejudicial e pode ser abordada facilmente com a suplementação apropriada”, sublinha o investigador, concluindo que “pode ser uma chave para ajudar a proteger populações mais vulneráveis”, nomeadamente os “pacientes idosos que têm uma prevalência de deficiência de vitamina D”.
Um estudo divulgado em 2015 apurou que basta expor os braços e as pernas ao sol durante 20 minutos por dia, entre os meses de Abril e de Setembro, para obter a vitamina D necessária para um ano inteiro.
Coronavírus / Covid-19
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Se a vitamina D é tão importante e 80% dos portugueses têm falta dela, deve haver outra que anda a proteger o portuguese e cá para mim é a vitamina trotil ou explicando melhor uns tintois valentes para proteger o corpinho.
Pois… por exemplo quando tive cancro de mama a médica diz que a vitamina D é muito importante e receitou… o oncologista diz que vitamina D isolada não faz nada…. em quem acreditar?
Nos dois!
Que confusão para aqui vai… parece um anúncio do Calcitrin…
O covid-19 vai ser bom para a vigarice, perdão, para o negócio da vitamina D – embora o caso português desminta completamente os resultado do tal estudo!…
E os valores do índice de vitamina D em Portugal também são duvidosos…
Duvidoso é o teu estado, a avaliar pelo comentário. Estás bem? Tens as vitaminas em dia? Isso parece-me andar um pouco enferrujado.
E é isto… argumentos sempre ao mais alto nível!…
A vitamina d é o maior regulador do sistema imunológico. Isso já foi dito várias vezes. O problema é que a luz do sol não pode ser patenteada e, mesmo frente a todas as evidências, os estudiosos ficam muito cautelosos quando tocam no assunto. A criminosa indústria farmacêutica não tem interesse nessas verdades.
O principal problema nem é indústria farmacêutica, que faz medicamentos e suplementos que salvam muitos milhões de vidas anualmente (nem os suplementos de vitamina D são completamente inúteis, pois eles fazem falta em certas situações especificas) – o problema são os “vendedores” de suplementos e de consultas de suplementação (alguns deles até são médicos!) que estão cada vez mais a fazer campanhas de marketing para “alimentar” toda a população com suplementos – quando a grande maioria da população não precisa deles para nada!
Como se vê com os Clacitrin’s, etc, os suplementos são um excelente negócio – tão bom que até tem charlatães brasileiros, perdão profetas da IURD a vender essa banha da cobra no horário nobre das TV’s, gastando milhões em publicidade!….
Mais um intelectualóide do cais do sodré…
Oh grunho, lê tudo outra vez e pode ser que aprendas alguma coisa… ou não!…
Isto prova que o fecho das praias é do lobby das farmacêuticas das vitaminas
Sim… e faz todo sentido, até porque só nas praias é que há sol!…
Obrigado mas já sabia pelo Trump q apanhar sol era bom para combater o virus
O que se lê é que morrem mais suecos que portugueses.
Suplementos dispenso, prefiro Sol, sem filtros
Exactamente; mais solinho com moderação e menos vitaminas em pó, Calcitrin’s e companhia!…
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Ainda gostava de saber conhecer o tal estudo em que Portugal tem menos vitamina D do que, por exemplo, o Reino Unido!..
Olha-me este agora com mezinhas. Estás bonito estás…
Oh lerdo, mezinhas são oos Calcitrin e outras vigarices semelhantes!…
Sol é sol!!
Que notícia de treta! Como é que países como Espanha e Itália têm uma população com baixos índices de vitamina D? Não há sol nestes países? E o caso dos países nórdicos?
Seria concorrência desleal deixar as praias estragar o negócio. Aproveita-se agora que o cidadão esteja habituado ao policiamento por todo lado, para fazer uns ajustes
Espero que seja ironia…
Sim, mas sob reserva 🙂
Afinal andamos a aproveitar mal o remédio que temos “sol” mais do que nos países nórdicos, a melhor solução quanto a mim é trazermos para aí umas nórdicas bem especializadas em vitamina e irmos com elas até à praia a ver se a coisa resulta.
Deve ser nmol/ml. 2,5 nmol/ml = 1 ng/ml. O que os laboratórios de anáilses clínicas consideram suficiente é um 25 hidroxivitamina D3, 25(OH)D3, entre 30 e 100 ng/ml. 30 nmol/ml será talvez uma média. Isto é o mesmo que 12 ng/ml. Quer dizer que há muita gente por aqui com deficiência severa. É muito mau. A sociedade americana de endocrinologia recomenda, no mínimo, 40 ng/ml. Corrigir isto é muito mais barato do que fazer testes. E, segundo um recente estudo na Indonésia, com mais de 35 ng/ml ninguém morre de covid 19.
Claro, enfiam as pessoas em casa à força a conta desta pandemia forjada, depois lá se vai a vitamina D
Essa ideia dos povos nórdicos terem indices de vit. D superiores aos do Sul não lembra ao diabo! Então o número de horas de sol a que os povos do sul se expõem, nas esplanadas onde passam os dias, segundo opinião dos nossos amigos frugais do norte, não é muito superior ao deles fechados nos escritórios a trabalhar o dia inteiro? No que diz respeito à suplementação, não foi por acaso que contactaram o dr, Lobo do Vale proprietário do celeiro. Cá temos o marketing no seu melhor!