O vírus do feijão-frade deixa-nos mais fortes e previne o cancro de uma forma nunca antes vista

Vírus encontrado em feijões frade pode revolucionar tratamento contra o cancro: treina o sistema imunitário, para combater células cancerígenas.

Um vírus que normalmente infeta os feijões-frade (ou, em inglês, black-eyed peas, como a banda pop), curiosamente, não nos deixa mais fracos como a maioria dos vírus: deixa-nos até mais fortes e pode vir a ser uma forte arma contra o cancro, segundo investigadores da Universidade da Califórnia em San Diego.

O vírus, denominado CMPV, que afeta a mancha anelar do feijão-frade, estimula de uma forma nunca vista o nosso sistema imunitário, sem causar doença.

Ao contrário de outros vírus vegetais, não infeta células humanas, mas é reconhecido pelo sistema imunitário como uma ameaça, o que desencadeia uma resposta intensa, defende um estudo publicado no passado dia 22 na Cell Biomaterials.

Em experiências realizadas com ratos e cães com tumores, a injeção direta de CPMV nos tumores provocou o recrutamento de células imunitárias como neutrófilos e macrófagos. O vírus ativa, ao mesmo tempo, células B e T, criando uma “memória imunitária” que permite ao organismo reconhecer e combater células tumorais futuras.

Uma das questões centrais foi perceber porque razão o vírus é eficaz, ao contrário de outros vírus semelhantes, como o vírus CCMV, segundo o SciTechDaily. Ambos são absorvidos de forma semelhante pelas células humanas, mas apenas o CPMV desencadeia uma resposta eficaz.

O segredo parece estar na forma como o seu RNA é processado: o CPMV ativa recetores celulares (como o TLR7) associados à produção de interferões, proteínas com propriedades antitumorais. Já o CCMV ativa apenas interleucinas inflamatórias, sem efeito direto na eliminação de tumores.

Para além da eficácia, o CPMV apresenta outra grande vantagem: pode ser cultivado de forma barata e sustentável em plantas, usando apenas solo, água e luz solar, o que o torna uma alternativa acessível à terapêutica convencional.

A equipa está agora a preparar os próximos passos com vista à realização de ensaios clínicos em humanos.

ZAP //

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