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Vila Real está a ser consumida em “lume brando” – e “está na hora” de ouvir Montenegro

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Pedro Sarmento Costa / LUSA

Um bombeiro durante um incêndio em Borbela, Vila Real

17 aldeias afetadas. Presidente da Câmara Municipal pergunta: “Como é que um país tão pequeno permite isto durante 10 dias?”.

O presidente da Câmara de Vila Real afirmou nesta segunda-feira que “está na hora” de ouvir a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e o Governo sobre o incêndio que há 10 dias consome o concelho em “lume brando”.

“Relembro que hoje é o décimo dia deste incêndio, o décimo dia. Como é que um país tão pequeno (…) se permite que durante 10 dias nós estejamos a ser consumidos em lume brando”, afirmou Alexandre Favaios.

O autarca que falava aos jornalistas a propósito de uma forte reativação verificada esta tarde, no incêndio que deflagrou a 2 de agosto em Sirarelhos e já entrou em resolução por duas vezes. Já no domingo à noite o autarca apelou a um forte reforço de meios para o combate ao fogo que, em 10 dias, passou por 17 aldeias deste concelho, incluindo área do Parque Natural do Alvão (PNA) e apelou também a que os meios se mantivessem no terreno.

“Bem, o dia de hoje mostra que nós tínhamos razão. De facto, nós temos ouvido durante muito tempo que esta situação estava controlada”, referiu.

Acrescentou: “Está na altura da ANEPC, a Coordenação Nacional, dizer alguma coisa; está na altura de a senhora ministra, que disse ao país que estávamos todos preparados, que os meios eram suficientes, percebemos hoje que, afinal de contas, assim não era; está na altura de ouvir o primeiro-ministro dizer alguma coisa a esta população que ainda hoje está no sobressalto que se verifica”.

No terreno, segundo Alexandre Favaios, os operacionais estão a fazer um “excelente trabalho”, mas lembrou que durante a madrugada de segunda-feira o fogo entrou em fase de resolução e, no entanto, “a resolução que se verifica é esta”.

O autarca falava em Outeiro, aldeia onde a frente que reativou foi bater.

O que é que correu mal? Alguém tem que dizer à nossa população, não somos nós que temos a competência daquilo que é o combate a este incêndio, tudo aquilo que foi pedido ao município está disponível, temos empenhado tudo aquilo que nos é possível, claramente, para a resolução desta situação. Infelizmente o que verificamos, e reafirmo, estamos a ser consumidos em lume brando”, afirmou.

Questionado sobre se há falta de meios no terreno respondeu: “Não é preciso sermos entendidos no combate a incêndios para perceber que os meios no terreno são manifestamente insuficientes”.

E à pergunta sobre se há um problema com a coordenação dos meios disse que esse é um assunto sobre o qual, neste momento, não fará qualquer comentário.

“O que nós vamos percebendo é que os homens estão no terreno, os operacionais têm feito o melhor, alguém tem que dizer efetivamente o que é que correu mal”, disse.

A próxima noite vai ser também de “muito trabalho”, realçando que a prioridade “são as casas e a vida das pessoas”.

No domingo, o fogo atingiu três casas de segunda habitação e algumas casas devolutas e ainda armazéns e anexos, mas, segundo Alexandre Favaios, “o pulmão do concelho está a morrer”.

“O impacto que vai ser deixado no nosso território vai certamente perpetuar-se durante muitas, muitas, muitas décadas”, sublinhou.

O levantamento dos estragos e da área ardida será um trabalho para se fazer depois da resolução do incêndio. Até quarta-feira tinham ardido cerca de 3.000 em Vila Real e Mondim de Basto.

“Neste momento a prioridade é continuarmos a fazer isto, é ajudarmos, apelarmos, insistirmos, reclamar, porque essa é a nossa obrigação neste momento também, e dizer que aqueles que têm poder, efetivamente, para por cobro esta situação, o façam. Que assumam também a sua responsabilidade, que estejam no terreno e que percebam aquilo que estas populações estão a passar”, sublinhou.

E esta está a ser, frisou, “uma das provas realmente do interior esquecido”.

// Lusa

9 Comments

  1. Nos EUA incendios de 3 semanas num país tão grande (florestas enormes). Aqui em Portugal cerca de 11 dias… enfim… Será que ainda há alguma árvore por arder?

    E os incendiários divertem-se muito com as brincadeiras.

    Os 300 milhoes de coordenadores e dirigentes e politicos (e galos) no seu ar condicionado, a decidir NADA.
    Só descoordenação e atrapalhação. Despeçam-se

    “Portugal Chama” !!! Deixa arder!!!

  2. Sr Presidente,

    Retire a politica e concentre-se no seu território.

    O que fez para impedir ou limitar estes incêndios?

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  3. Quando todos falam e nada fazem o resultado está à vista. Camaras que sabem o nivel de risco das suas areas combustiveis e nada fazem a nao ser pedir dinheiro ao estado para pagar prejuizos (Ja que nao posso falar de areas florestais porque Portugal ja as deixou de ter). Quando o combate ao incendio é pago por area ardida e quando a justiça é branda com os autores dos fogos. Em resumo, não ha inocentes. O negocio do fogo interessa a todos, mesmo ao estado. Portanto vamos continuar a ver arder. Quando nao ha arvores arde mato e o ciclo nunca parará e vamos ver os politicos, pseudo peritos e ambientalistas a fazer ruido e nada mais. Quem sabe um dia decidam de vez converter o dinheiro do combate em manutençao e ordenamento das florestas e muita coisa mudará. Será dificil porque muita gente deixará de ter o palco para “brilhar” e portanto nao será conveniente

    • Realmente acho que é muito triste se a causa dos incêndios é fragilizar o governo, a mando de terceiros, por favor será que é necessário vandalizar tanto a natureza que tão fragilizada vai estando, tenhamos consciência dos efeitos secundários de tão vil acto e os anos que custará a sua renovação.

  4. Calma camponeses, o nosso Presidente está em ferias e a banhos no Algarve. Daqui umas semanas ele vai vos ver e dar beijinhos e abraços para a Televisão.

  5. Mas isto surpreende alguém? Isto dos fogos é assunto novo ou isto repete-se há décadas? Lembro-me muito bem em 2005 quando o Sócrates foi para o Kénia para um safari e quem cá ficou a tomar conta dos fogos e de tudo foi um tal António Costa que era ministro da AI. Daí para cá é todos os anos a mesma pouca vergonha e vêm alguns dizer que é do governo atual que está lá há pouco mais de um ano? O que eu pergunto é porque é que na minha terra não há incêndios? Um raramente que se apaga em pouco tempo. Há lá pastos mal cortados junto das casas, há pessoas, há pinheiros e eucaliptos. Será que lá não há pessoas descuidadas? O que lá não há são grandes florestas onde tenham de ir meios aéreos apagar. Não há madeira queimada para vender e não dará para uma indústria de fogos. Agora acabaram com o fogo de artifício e outro tipo de fogo nas festas para quê? Quando eu era miúdo nas festas anuais nas freguesias estavam as manhãs inteiras a lançar foguetes. À noite havia o fogo de artifício e havia alguma incêndio? Deixem-se de tretas. Tanto os comentadores como os desgovernos que temos tido há muitas décadas. Nem se pode ver televisão que é um horror. Mudem as leis, responsabilizem os incendiários, deixem-se de direitos humanos e de “coitadinhos” . Vasculhem bem quem estará por detrás disto tudo. Não será muito difícil…!

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