O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, terá montado um esquema em que participaram o filho, Tiago, e o empresário Bruno Geraldes Macedo, todos detidos esta quarta-feira por terem desviado cerca de 2,5 milhões de euros do clube da Luz.
De acordo com o Público, a informação consta dos mandados emitidos no âmbito de um inquérito do Departamento Central de Investigação e Ação Penal.
O mesmo jornal noticia que os mandados descrevem vários esquemas de fraude que terão causado prejuízo não só à SAD benfiquista, como ao Novo Banco e ao Estado português, quer através de impostos não cobrados quer através de injeções de capitais públicos no Novo Banco e de financiamento ao Fundo de Resolução.
No centro dos esquemas está Bruno Geraldes de Macedo, sócio da firma de advocacia Vespasiano Macedo & Associados, localizada em Braga.
O procurador Rosário Teixeira, líder do inquérito, voltou a delegar a investigação numa equipa da Direção de Finanças de Braga, encabeçada pelo inspetor tributário Paulo Silva, com quem já trabalhou nas operações Marquês e Furacão.
Este inquérito, onde, além de Vieira, também foi detido o empresário José António dos Santos, que ficou conhecido como “rei dos frangos”, foi aberto em 2018 e, no início, não visava diretamente o presidente do Benfica.
O líder do clube da luz surge como suspeito na sequência de várias situações que o Ministério Público tem vindo a reconstituir.
Os esquemas
Bruno Geraldes Macedo possui várias empresas de agenciamento de jogadores, algumas das quais estão sediadas no Brasil. No seguimento das vendas dos atletas, o Ministério Público alega que o empresário aumentava indevidamente as comissões, que depois reverteriam para as empresas do universo de Luís Filipe Vieira, para onde terão sido desviados quase 2,5 milhões de euros.
De acordo com os indícios recolhidos pelo MP, Macedo terá utilizado a sociedade offshore Master International FZE (registada nos Emirados Árabes Unidos) para parquear a venda dos passes de três jogadores: dois paraguaios (Derlis González e Cláudio Caniza) e um brasileiro (César Martins).
Outra questão, escreve o Observador, prende-se com duas sociedades de Bruno Macedo: a International Sports Fund, Ltd e a Astro Sports Management, com sede nos Estados Unidos. O site indica que estas sociedades terão transferido cerca de 980 mil euros entre março de 2016 e agosto de 2017 para a conta em Portugal da Springlabynth, SA, igualmente controlada por Macedo.
Terá sido a partir desta última sociedade que terão sido investidos o valor de quase 1 milhão de euros na aquisição de diversos imóveis no Algarve, em Rio Maior e em Loures que pertenciam a diversas sociedades do grupo de Luís Filipe Vieira. Um desses imóveis viria a ser a sede social da Promotav, uma sociedade do grupo de Vieira acima referida.
Nestas operações, o presidente do Benfica terá contado com a ajuda do seu filho Tiago Vieira, mas o procurador Rosário Teixeira também suspeita da participação de outros membros da família, nomeadamente da sua mulher Vanda e da sua filha Sara.
Segundo o Observador, existem outros agentes de futebol suspeitos de terem tido acordos idênticos com Luís Filipe Vieira, sendo que Bruno Macedo não terá sido o único.
Além disso, o inquérito investiga suspeitas de crimes na forma como uma dívida de 54 milhões de euros contraída por uma empresa de Vieira, a Imosteps, junto do Novo Banco, foi parar às mãos do amigo e sócio de Vieira, José António dos Santos.
Em investigação está ainda a reestruturação das dívidas do grupo Promovalor ao Novo Banco, uma das instituições alvo das 45 buscas realizadas esta quarta-feira em Lisboa, Torres Vedras e Braga, que em Maio de 2017, ascendiam a 267 milhões.
O Novo Banco acabou por constituir um fundo que limpou esta dívida do seu balanço e que é gerido pela C2 Capital Partners, empresa presidida por Nuno Gaioso Ribeiro, vice-presidente de Vieira na SAD do Benfica, da qual Tiago Vieira chegou a ser administrador e sócio.
Esta foi uma das sociedades que foi alvo de buscas numa mega operação que envolveu 140 elementos da PSP e inspetores tributários que estiveram no Estádio da Luz, na casa de Vieira, em várias empresas do dirigente benfiquista, assim como nas casas dos dois empresários e nas respetivas empresas.
Por outro lado, numa nota emitida na quarta-feira, o Ministério Público precisa que no processo se investigam “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
Em causa estão factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente e suscetíveis de integrarem a prática, entre outros, de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento.
As diligências foram acompanhadas por quatro magistrados do Ministério Público e três juízes de instrução.
Os quatro detidos passaram a noite em celas da PSP de Lisboa e deverão ser presentes esta quinta-feira ao juiz Carlos Alexandre, no Tribunal Central de Instrução Criminal, mas apenas deverão ser identificados. Os interrogatórios deverão começar na sexta-feira.
Benfica distancia-se
O Benfica não foi constituído arguido e será considerado vítima.
Em dois comunicados distintos publicados na quarta-feira, o Sport Lisboa e Benfica afasta-se das investigações a Luís Filipe Vieira que culminaram na detenção do dirigente.
“Nem a Benfica SAD nem o Sport Lisboa e Benfica (ou qualquer entidade por si controlada) foram constituídos arguidos no âmbito desta investigação, tendo sido prestada toda a colaboração solicitada pelas autoridades relevantes. As funções desempenhadas pelo presidente do Conselho de Administração serão, na medida que se mostre necessária, asseguradas nos termos previstos na lei e nos estatutos”, escreveu o clube, citado pelo Público.
No site oficial, o Benfica publicou novo comunicado, desta vez destinado aos sócios e simpatizantes. A direção “encarnada” garante que está empenhada a defender “os interesses do clube”, mostrando-se disponível para apoiar o trabalho das autoridades “até às últimas consequências”.
Rui Costa assume poder
Rui Costa, vice-presidente do Benfica, vai assumir temporariamente a liderança do clube, enquanto Luís Filipe Vieira estiver a braços com a Justiça.
De acordo com os Estatutos internos, escreve o Jornal de Notícias, cabe ao presidente escolher o responsável na sua ausência, sendo que o antigo jogador é a escolha natural.
A notícia da detenção de Vieira caiu que nem uma bomba no universo benfiquista e fez renascer as críticas à Direção, numa altura em que já são pedidas eleições antecipadas que possam garantir o bom nome do clube.
Entretanto, foi convocada uma manifestação contra Vieira para o fim da tarde de ontem, mas acabou por não ter praticamente adeptos. Pouco antes, a SAD reuniu-se de emergência para debater o atual momento.
Ao JN, Ribeiro e Castro, vice-presidente do Benfica na década de 1990, referiu que “o plenário dos órgãos sociais deve reunir e apreciar a situação, que é muito séria”.
“O interesse do Benfica reclama eleições antecipadas. É isso que os órgãos sociais devem fazer, publicando uma data num curto período de tempo para aparecerem candidaturas”, frisou.
Detenção de Vieira é notícia no mundo
Em todo o mundo, a detenção do presidente do Benfica tem sido notícia em vários jornais e sites de referência.
Da “Marca” ao “L’Équipe”, passando pela “Reuters” e até ao italiano “Calcio e Finanza”, são várias as notícias sobre as suspeitas levantadas ao presidente dos encarnados sobre crimes de burla qualificada ao Fundo de Resolução bancária e ainda crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitalismo e de abuso de confiança em relação ao próprio Benfica
A Reuters escreve “Benfica club president detained in tax fraud probe” (Presidente do Benfica detido em investigação de fraude fiscal), explicando no artigo os detalhes avançados pela comunicação social portuguesa.
Já o L’Équipe que dá o título “Le président de Benfica, Luis Filipe Vieira, arrêté” (O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, é preso).
“Detenido el presidente del Benfica por posibles delitos fiscales”, escreve o jornal espanhol Marca.
Por sua vez, o italiano Calcio e Finanza refere “Benfica, arrestato a Lisbona il presidente Luis Felipe Vieira” (Benfica, presidente Luís Filipe Vieira preso em Lisboa).
As celebres comixões, coisa que já toda a gente sabia.
O que interessa mesmo é saber se alguma coisa decente vai acontecer, talvez a habitual prescrição ou pena suspensa nas quais a justiça portuguesa é mestre!
O que passou-se?!
O Rui Costa se tivesse melhor dignidade do que o Filipe Vieira, o primeiro passo que dava seria não aceitar a substituição sem eleições, até porque é um elemento cúmplice é comprometido, claro que isso não vai acontecer porque é farinha do mesmo Moinho.
Este são apenas alguns dos casos em que LFV está envolvido e o seu Benfica, eles já são tantos que nem já têm conto, o caso E-Toupeira em que está envolvido também creio que um Paulo Gonçalves, nunca mais foi nem será esclarecido, pagamentos a árbitros, jogadores de outros clubes e dirigentes, quem vai esclarecer tudo isto? Talvez o primeiro-ministro ou o Medina, toda esta gente com “responsabilidades” nacionais envolvidas em apoio incondicional a LFV, só faltará montar a sede do governo na catedral vermelha! Em todo o caso o Benfica como clube não terá muito a perder se tudo o que vem a público for verdade, perde dinheiro por um lado, “ganha” títulos por outro, talvez a razão para que o homem seja tão popular entre as hostes benfiquista.
Muito do que diz pode ter um “fundo de verdade”, mas é preciso ter a coragem de não olhar só para o mesmo lado e não bater apenas num só ceguinho…
Se formos para norte, muitos podres há a apontar… não tantos a descobrir, porque já foram descobertos há alguns anos e não deu em nada…
Se bem percebi, estas falcatruas todas, que vieram a público nos últimos dias, têm muito mais a ver com negócios, maneiras de fugir ao fisco, etc, e não com deturpação de resultados desportivos…
Tudo o que se pensar e disser nesta matéria (resultados desportivos) é, sobretudo, especulação, imaginação e clubite a vir à tona…
Aliás, em matéria desportiva, a deturpação dos resultados foi levada a cabo, sobretudo, pelos “reis do norte” (onde, aliás, existe uma “justiça própria”, segundo uma ilustre senhora magistrada deste país)…
e os “aliados” cá de baixo também não estão isentos de culpas…
É bom que se diga que nem Vale e Azevedo nem LFV são o Benfica e que o Benfica não é essa gente… o Benfica tem muita gente honesta (como, obviamente, outros clubes)… e que se diga também que os principais interessados em que tudo se esclareça são os próprios benfiquistas…
As falcatruas apontadas aos dirigentes do Benfica já vêm de muito detrás não são apenas de agora, também tem razão quando aponta casos a norte e que nunca foram devidamente resolvidos, mas isto é o mal da justiça que pelos vistos ao não atuar tem colaborado na divisão do poder futebolístico apenas entre dois clubes. Tudo isto é mau para o desporto e desvirtua por completo a credibilidade na modalidade, mais ainda, tem sido pelos vistos um incentivo em outros, como árbitros, jogadores de pequenos clubes e dirigentes caírem na tentação da colaboração por algo em troca. Desta forma o futebol em Portugal jamais passará de uma disputa entre dois rivais o resto pouco mais será que paisagem!
Mas não quem meta na cadeia para o resto da vida estes canalhas e bandalhos que roubaram todos os portugueses?
Mais outro caso gravíssimo ainda, é o chamado Novo Banco que nasceu da queda do BES e foi apresentado como o Banco bom, estar envolvido nesta e noutras trafulhices com artistas da mesma laia deste, é caso para perguntar que seita é esta e com que direito o governo injeta milhares de milhões neste Banco e que tanta falta fazem para o bem-estar dos portugueses. Estes não são melhores que o Salgado que anda em liberdade e até se recusa comparecer em tribunal e prestar esclarecimentos.
É mais um, que nada lhe vai acontecer, o Povo paga e mais nada.
Vigaristas: no Governo, na Presidência, nos bancos, no futebol, nas agências funerárias, nos campos de pasto (Cabrita)…! Fogo, estão em todo o lado!