Vice de Gaia admite que recebeu quatro relógios de luxo, mas diz que os devolveu

1

Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia

Patrocínio Avezedo, vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia

O vice de Gaia alega que foi traído pelo advogado que julgava ser seu amigo, que terá vendido uma falsa influência sobre si.

Patrocínio Azevedo, vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, que foi detido por suspeitas de ter favorecido os projetos urbanísticos do Grupo Fortera, admitiu durante o interrogatório ter recebido no Natal quatro relógios de luxo de um advogado que era seu amigo.

No entanto, diz que devolveu os relógios quando começou a suspeitar do comportamento do amigo.

O autarca socialista garante que não aceitou os relógios como moeda de troca pelos favorecimentos ao Grupo Fortera e alega que foi o advogado que o traiu e vendeu uma falsa influência sobre si.

As autoridades não encontraram os relógios durante as buscas à casa e ao gabinete de Patrocínio Azevedo nem nas buscas na casa e no escritório do advogado, escreve o Público.

Os investigadores acreditam que os relógios terão sido escondidos depois de, em Janeiro, a Operação Vórtex, que se foca em suspeitas de corrupção em Espinho, ter feito soar o alarme em torno de Paulo Malafaia, um dos empresários detidos no âmbito da investigação e libertado mediante o pagamento de uma caução de 60 mil euros.

Malafaia voltou a ser detido na semana passada por causa das suspeitas do esquema em Gaia, ficando desta vez em prisão preventiva, assim como Patrocínio Azevedo.

O advogado ficou em prisão domiciliária e o empresário israelita Elad Drod ficou proibido de sair de Portugal e foi condenado a pagar uma caução de um milhão de euros. Todos os suspeitos estão impedidos de comunicar entre si.

O Ministério Público acusa Patrocínio Azevedo de ter sido corrompido pelos empresários, com o advogado a fazer a ponte e a passar-lhe o dinheiro e os presentes de luxo. Em troca, o autarca usaria a sua influência para facilitar os projetos urbanísticos do Grupo Fortera.

Para além de vários relógios de luxo, a investigação relata ainda um pagamento de 25 mil euros e outro de 100 mil euros, que terá sido feito em dinheiro vivo na casa de banho do centro comercial Norte Shopping. O advogado João Lopes terá depois feito o dinheiro chegar a Patrocínio Azevedo.

O vice de Gaia continua no cargo, mas o presidente da autarquia, Eduardo Vítor Rodrigues, anunciou esta segunda-feira que a vereadora Marina Mendes assumirá as funções enquanto Patrocínio Azevedo está preso.

A autarquia vai ainda fazer uma auditoria a todos os processos “envoltos em suspeições” no âmbito da Operação Babel.

“Face à gravidade das questões suscitadas pelo inquérito, ordenei a realização imediata de uma auditoria a todos os processos envoltos em suspeições, a realizar pelos serviços municipais e com o apoio da Professora Doutora Fernanda Paula Oliveira, evoluindo essa auditoria de forma mais alargada aos demais processos”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues numa declaração lida no início da reunião pública do executivo municipal.

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.