Para governar com a direita, o PSD precisa do recém-eleito Chega. No entanto, há características que separam os partidos: enquanto que os sociais-democratas se querem estabelecer ao centro, André Ventura estabelece linhas vermelhas e não cede na agenda mais extremista.
O PSD já mantém em marcha a “convergência” com o CDS-PP, depois da reunião entre Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos, na quinta-feira. No entanto, apesar de a questão não se colocar por não ser relevante para as autárquicas, resta saber se a liderança social-democrata pensa relacionar-se com o líder do Chega, André Ventura.
Se o PSD pensar em governar, terá também de ponderar o resto da direita. Se com o CDS há pontos comuns nos programas que podem gerar entendimentos, em relação ao Chega fonte do núcleo duro do partido diz que, se as propostas forem boas, serão aceites.
Contudo, em declarações ao Expresso, a mesma fonte distancia-se do discurso xenófobo e extremamente conservador do partido. Ainda assim, admite que “se não há uma aproximação” a Ventura, “também não há uma linha vermelha”.
Ao mesmo semanário, o líder do Chega diz que não viabilizará um Governo do PSD se não houver cedência por parte dos sociais-democratas às principais bandeiras do partido. “Não quero fazer fretes, temos também os nossos pressupostos e linhas vermelhas. A nossa identidade”, declara André Ventura.
Desta forma, as exigências para um possível entendimento com o PSD passam por uma reforma do processo penal e no sistema judicial, que inclua medidas como a castração química para pedófilos, prisão perpétua para crimes de homicídio e trabalho obrigatório para os reclusos.
Quanto à reforma do sistema político, o destaque vai para a redução do número de deputados, redução dos salários dos políticos e alteração do sistema fiscal, nomeadamente o fim da taxa progressiva do IRS e a abolição do IMI.