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Ventura admite braço armado do Presidente no Parlamento para “liderar o Estado”

António Pedro Santos

O candidato presidencial André Ventura defende a existência de um braço armado no Parlamento para que o Presidente “possa liderar o Estado e não ser apenas uma figura de corta fitas”.

Mesmo jurando sobre esta Constituição como candidato presidencial, André Ventura defende uma nova. Não apela “à subversão nem à insurreição”, prometendo alterá-la através da esfera de influência. “Se fosse Presidente haveria a breve trecho uma composição do Parlamento também muito diferente”, disse Ventura ao Expresso.

O candidato apoiado pelo Chega defende um braço armado no Parlamento para que o Presidente “possa liderar o Estado e não ser apenas uma figura de corta fitas, para tirar selfies e aparecer nas cerimónias de prémios”.

Sobre o seu principal adversário, Marcelo Rebelo de Sousa, Ventura diz que não tem sido suficientemente interventivo e que “este caso do SEF é mais um exemplo” de que o Presidente “só aparece nos momentos bons”. Aliás, argumenta que o mesmo acontece nos orçamentos, em que “os partidos têm uma desconfiança muito grande” em relação ao chefe de Estado.

Ventura foi ainda confrontado com a morte do cidadão ucraniano à guarda de agentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. O candidato presidencial só se pronunciou sobre o caso em dezembro, embora este tenha acontecido em março. André Ventura diz que o partido esteve a recolher informação, uma vez que havia um processo judicial em curso e “o ministro não podia divulgar porque era tudo sigiloso”.

Numa outra entrevista ao Jornal Económico, André Ventura disse que se sentiu “enganado, traído e defraudado” por ter votado em Marcelo Rebelo de Sousa, devido à sua excessiva proximidade com o Governo. “Tornou-se a principal muleta do governo socialista”, atirou o líder do Chega.

“Marcelo Rebelo de Sousa tem conseguido o feito extraordinário de preferir estar entre as preferências dos socialistas e dos bloquistas do que no espaço político da direita. Provavelmente com uma certa lógica política: sabe que a direita está fragilizada, que neste momento há mais eleitores de esquerda, e portanto mais vale apanhar esses”, disse ainda André Ventura.

“Marcelo correu um risco ao ser um Presidente supostamente de centro-direita que quer ser reeleito com votos de esquerda. Pode correr muito bem, mas também muito mal”, acrescentou.

Com a chegada iminente do dinheiro da “bazuca europeia”, Ventura diz uma das principais responsabilidade do Presidente é evitar “que não aconteça o que acontece sempre em Portugal: que o dinheiro se disperse pelos amigos e empresas do costume”.

Ventura teme que depois não haja dinheiro para o essencial, “pois entretanto o dinheiro já se distribuiu por uma série de construtoras, de câmaras municipais e perdeu-se uma parte em processos que daqui a dez anos hão-de estar em julgamento”.

“O Presidente, que é o mais alto magistrado da nação, tem o dever de estabelecer orientações rígidas, nomeadamente para que o edifício da justiça esteja a postos, atento e com condições de não deixar transigir num milímetro na execução dos fundos comunitários”, defendeu o candidato às próximas eleições presidenciais.

Daniel Costa, ZAP //

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