Nicolás Maduro, Presidente venezuelano, afirmou esta sexta-feira ter pedido, de uma “forma especial”, ajuda à ONU para comprar medicamentos.
“Temos acordos permanentes de apoio, chama-se assistência técnica humanitária. À ONU pedi de uma forma especial que nos ajudem com a compra de medicamentos, já que o bloqueio dos EUA nos impede de comprá-los”. Segundo Maduro, as Nações Unidas ter-se-ão comprometido a ajudar não só no que toca a medicamentos mas também alimentos.
A ajuda dos EUA e da Colômbia e outros países não é bem-vinda, afirmou ainda o Presidente venezuelano, que falava a partir do estado de Bolívar, no sul do país. “Não somos mendigos”, disse, repetindo ideias já por si esboçadas noutras ocasiões recentes.
“Eles montaram um espetáculo, uma armadilha para enganar as pessoas”, afirmou, referindo-se à ajuda humanitária dos EUA colocada junto à fronteira, do lado da Colômbia. “Congelaram-nos e roubaram-nos 30 mil milhões de dólares e agora oferecem 20 milhões à extrema-direita em comida estragada e contaminada”. Segundo Maduro, chegaram, na quarta-feira, 933 toneladas de medicamentos provenientes da China, Cuba e Rússia.
Soube-se também esta sexta-feira, segundo o Expresso, que o chefe de Estado venezuelano tinha convidado o enviado especial dos EUA a deslocar-se ao país e que o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano conversou recentemente com membros da administração de Donald Trump em Nova Iorque.
Foi o próprio Presidente venezuelano que o afirmou, numa entrevista à agência de notícias Associated Press. Sobre o convite endereçado a Elliott Abrams, o enviado norte-americano, disse: “Se ele quiser encontrar-se comigo só terá de me dizer quando, onde e como, que eu lá estarei. Pode ser um encontro privado, público, secreto, como ele quiser”.
Os dois encontros com funcionários da administração norte-americana terão ocorrido a pedido dos EUA. O primeiro aconteceu no dia 26 de janeiro e foi descrito como hostil. O enviado dos EUA terá ameaçado a Venezuela com o envio de tropas e criticado o regime pela alegada aliança com Cuba, Rússia e o Hezbollah.
O segundo encontro, já esta semana, terá sido mais pacífico, ainda que tenha ocorrido quatro depois depois de Elliott Abrams ter dito que estava esgotado o tempo para o diálogo com o regime venezuelano. Os EUA não negaram nenhuma das conversas.
Apesar de criticar a atitude de confrontação do seu homólogo dos EUA, Maduro disse ter esperança de poder reunir-se com Trump para resolver o impasse político criado após o reconhecimento de Juan Guaidó como líder legítimo da Venezuela.
O Presidente venezuelano voltou a repetir que não tenciona abandonar o poder, que não tem “medo”, que não é um “ditador” — que isso é um “rótulo que lhe foi colocado pelos órgãos de comunicação do ocidente que pretendem minar a revolução socialista que começou com Hugo Chávez” — que a ajuda humanitária não passa de “migalhas” e que a responsabilidade do que está a acontecer é dos EUA. “A mão infetada de Trump está a fazer feridas na Venezuela”.
Em paralelo, e também esta sexta-feira, o embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, afirmou que Moscovo está “muito preocupado que alguns maníacos possam considerar uma ação militar contra a Venezuela”. Decisão que “constituiria um desenvolvimento muito negativo”.
Mesmo os países latino-americanos que apoiam Guaidó são contra uma “ação militar e intervenção na Venezuela”, acrescentou o embaixador, referindo-se à ajuda humanitária enviada para as fronteiras como um “ferramenta no jogo político” e uma tentativa de “provocação que pode levar a algo muito pior que isso”.
“Joga-se o xadrez mundial…” – já diziam os saudosos Taxi.