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Varoufakis diz que “Portugal está tão falido quanto a Grécia”

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Olivier Hoslet / EPA

Yanis Varoufakis durante uma reunião do Eurogrupo

Yanis Varoufakis durante uma reunião do Eurogrupo

O ex-ministro das finanças grego, Yanis Varoufakis, considera que o peso da dívida pública e privada portuguesa é tão insustentável como a da Grécia.

O antigo ministro das finanças helénico vai estar em Coimbra este sábado para uma palestra intitulada “Democratização da zona euro”, a convite do Centro de Estudos Sociais (CES), e deu uma entrevista ao Público onde afirma que “Portugal está tão falido como a Grécia”.

“Em Portugal, pode haver quem celebre a recuperação. Mas não há uma recuperação em Portugal. É inimaginável caracterizar aquilo que acontece no último ano e meio em Portugal como uma recuperação”, assevera o ex-governante.

“A Grécia e Portugal são muito semelhantes em muitas coisas importantes e bastante diferentes noutras”, afirma o economista. “Mas a semelhança em que Portugal precisa de se concentrar é que ambos as economias foram apanhadas numa armadilha de deflação e dívida da qual não conseguimos sair, simplesmente por via de uma melhor governação ao nível do Estado.”

Na perspectiva de Varoufakis, “a dívida portuguesa agregada, pública e privada, é insustentável. Por isso, Portugal está tão falido como a Grécia“. O ex-ministro grego afirma que ambos os países “estão presos a um equilíbrio de taxas de juro e inflação muito baixas que torna o crescimento real que é preciso para sairmos da crise totalmente impossível, a não ser que a Europa mude substancialmente”.

Yanis Varoufakis salienta, aliás, que “fomos todos apanhados na mesma crise” e que os países, individualmente, não podem resolver os seus problemas.

“Esta crise que começou em 2010 criou uma avalanche de idiotice e fragmentação. Os irlandeses dizem que não são como os portugueses, os portugueses dizem que não são como os gregos, os franceses dizem que não são nada como os espanhóis, os alemães dizem que não são nada como os franceses. Isto é um reflexo claro da fragmentação por que a Europa está a passar”, descreve.

Quanto à solução, esta deverá passar por uma abordagem holística a nível europeu: “Uma dívida insustentável não é sustentável. É simples. A questão é como podemos, na Grécia, em Portugal e na Europa, ser eficazes e enfrentar esta crise global, a crise das dívidas, os problemas sérios do sector bancário, o fraco investimento e a pobreza. Estes são os pontos que têm de ser enfrentados em simultâneo. Não vale a pena olhar para cada um destes elementos isoladamente, porque estão todos interligados”, defende.

Troika

Sobre o falhanço as negociações entre a Grécia e a Troika quando esteve à frente da pasta das Finanças gregas, Varoufakis sublinha que “verdadeiramente, não houve negociações” e que “todas as decisões importantes são tomadas no Eurogrupo, que não existe em lei e que não está sujeito a regras escritas que sejam transparentes”.

“Nós tínhamos a lógica do nosso lado e se houvesse um fórum em que pudéssemos realmente apresentar a nossa lógica a outros ministros das Finanças, aos parlamentos, à opinião pública, não tenho dúvidas que a nossa lógica prevaleceria. O problema é que no secretismo que domina o processo de decisão na Europa não há espaço para a lógica prosperar”, aponta o economista.

O ex-ministro admite ainda arrepender-se de ter aceite o acordo com a Troika. “O meu grande erro foi imaginar que esta era uma negociação honesta e genuína. Nunca foi isso”, lamenta, acrescentando que os negociadores tinham “um único objectivo em mente, que era o de derrotar um governo que foi eleito para desafiar a lógica de um programa que foi imposto à Grécia durante cinco anos“.

ZAP

9 Comments

  1. Claro que sim !!! Isso já se sabia há muito tempo, mas os amiguinhos fascistas da desunião europeia que gostam do nosso desgoverno de extrema-direita radical, tudo fizeram para esconder a situação de poortugal e o que este desgoverno fascista fez ao empobrecer o país e os portugueses e a aumentar a dívida pública para 127,2% situando-se em 290 biliões de euros !!!
    Só que na Grécia, denunciaram logo a situação e o governo que não era da côr deles (neoliberal/capitalista selvagem), e como esse governo era de esquerda, a desunião europeia tratou de lhe fazer a vida negra …

  2. E tu o que fizeste para que a Grécia deixasse de estar falida? Pensavas que os europeus te aparavam o jogo e que te iam perdoar as dívidas e injector mais dinheiro para vocês viverem sem trabalhar? Não te esqueças que Portugal esteve 13 anos entregue aos “socialistas”, no tempo das vacas gordas e que já em 2002 o país estava no pântano. Agora vens cá fazer o quê? Vender postas de pescada e denegrir Portugal ainda mais do que está? Desaparece e vai tratar dos problemas do teu país. Quando estão de fora todos vocês sabem argumentar e enganar os papalvos. Mas quando estão lá dentro é o que se vê. Vai cortar o (pouco) cabelo!!!

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