A ex-ministra da Justiça Francisca Van Dunem que nasceu em Angola, não vê a devolução de peças roubadas às antigas colónias, em reparações históricas, como a melhor solução, comparando-a às mangas de que sente falta, mas que pode comprar em Portugal.
“Fazer entregas de peças“, mesmo que “retiradas em ambiente de violência e rapina e que possam ser devolvidas”, “é um bocadinho como quando me perguntam se sinto muita falta de Angola”, diz em entrevista à TSF.
“As mangas, as bananas… É que as mangas eu compro, percebe? As mangas compro em qualquer lugar, mas a vida dos meus próximos, as pessoas que amava e que perdi, isso não tem remissão possível”, acrescenta Francisca Van Dunem.
“Há actos de barbárie que foram praticados e que não têm reparação do ponto de vista monetário”, aponta a ex-ministra da Justiça que nasceu em Angola e que veio para Portugal no início dos anos 70 para estudar direito.
Confrontada com a sugestão de Marcelo Rebelo de Sousa sobre as reparações históricas, a ex-ministra considera que “não há melhor reparação do que o avanço em termos de respeito para os direitos fundamentais das comunidades oriundas” das antigas colónias portuguesas.
“Se é possível reparar alguma coisa, essa reparação faz-se pela dignificação dos herdeiros dessas pessoas e dos herdeiros destes processos coloniais que vivem hoje, nomeadamente aqui em Portugal, das comunidades que estão aqui em Portugal e que devem ter um tratamento justo, um tratamento equitativo”, aponta.
“Mesmo eu fui um epifenómeno” no Governo
Van Dunem está certa de que “estas comunidades não têm tido o tratamento que mereciam“, como sublinha na entrevista à TSF.
“As pessoas das antigas colónias não têm uma integração tão boa como têm as dos países da Europa Central e Oriental“, nota.
A antiga governante fala, nomeadamente, da questão da representatividade no domínio público e político.
“Temos uma população afro-descendente, africana e afro-descendente, com mais de 40 anos em Portugal e a verdade é que se olhar e se vir, se pensar, por exemplo, em empresas importantes, se pensar na instituição pública portuguesa, nos dirigentes não encontram ninguém, não é? Mesmo eu fui um epifenómeno“, destaca.
Assim, Van Dunem refere que “persiste, em termos culturais, na sociedade portuguesa, um enorme preconceito” que “atinge as populações africanas e afro-descendentes desvalorizando-as”. “Essas comunidades nunca foram olhadas como comunidades nossas”, destaca.
Mas a antiga ministra recusa a ideia de que o povo português seja racista e xenófobo, o que há é “pessoas racistas ou xenófobas”, diz.
“Não acho que haja povos racistas, nem povos estúpidos, porque no fundo, quando fazemos uma afirmação com esse nível de generalidade, estamos um bocadinho a fazer quase a contraposição da afirmação racista, que é todos os negros são burros”, realça.
Van Dunem sugere ainda que é importante que o poder central tenha “um olhar sobre essas comunidades e sobre outras que vão nascendo e que existem já, vindas da Península Indostânica e de outras áreas, e que existem, que vão ficar em Portugal seguramente, e relativamente às quais vai ser preciso haver um olhar político para se perceber em que modos é que se faz a integração“.
Se isto não for feito, “aquilo que vamos ter é um ambiente de conflito permanente“, conclui.
Eu gostava de ver reparação aos angolanos e outros civis que viviam pelas colónias que foram expulsos do país sem direito a nada ou levar o que era seu apenas de ter uma cor de pele clara…. Podemos devolver a “arte” e podem devolver o que deixamos por esses lados. Uma mão lava a outra e aproveitamos devolvemos os colonizadores também.
Van Dunem considera-se um “epifenómeno”, por ter sido chamada para ministra de um governo português. Porém, sob pena de ser considerado cáustico ou injusto, tal “micro-fenómeno” deveu-se à proximidade a António Costa, “por via uterina”, i.e., por ser esposa de Paz Ferreira, figura muito próxima do antigo Chefe de Governo. Os economistas, no alto da sua racionalidade, dizem que a” adjacência potencia as trocas comerciais”. ‘Mutatis mutandis’, isso explica, quanto a mim, o “epifenómeno” Van Dunem…
Eu não estive lá, portanto não matei, não roubei, não violei, não abusei, não martirizei, não explorei…
Esta entrevista revela a péssima qualidade do jornalismo português.
Faltou coragem para perguntar a esta sujeita se não lhe pesava a consciência por ter sido anti Portugal em Angola, mas apesar disso, ter fugido para Portugal, ter obtido a nacionalidade portuguesa, ter sido ministra de um governo de Portugal e estar agora a receber uma reforma do país que odiava.
Nós vivemos com muitas dificuldades, em Portugal, para sustentarmos aquela guerra e agora ainda temos que indemnizar?! Ressuscitem o Diogo Cão por chegar lá e pôr um padrão dizendo que aquela terra era dele!!! Ele que repare!!!
Apenas Uma palavra para resumir o que esta senhora diz:
Ridículo
Deixo aqui a ideia:
Se fomos tamanhos monstros… Porque é que vêem para o país dos “colonos”???
Se Portugal tivesse feito como os outros países colonizadores que até às maçanetas das portas levaram…
Ainda poderiam vir com certos discursos.
Mas isto está a sair da lógica. Querem reparações?
Façam-nas aos “retornados” também. Já agora.
Vamos ser coerentes e deixar a cortina cair sobre esta triste peça de teatro que começou com um presidente da República que deveria estar calado e deveria era estar a arrumar a casa dele. Pedir os 4 milhões ao filho , para fazer “reparações” ao povo português. Se me faço entender
Leio aqui os comentários mais idiotas e sem nexo, talvez por desconhecimento dos factos e da História, nomeadamente da Descolonização Angolana.
As mangas pode comprar em Portugal, mas não pode reaver os entes queridos que os próprios angolanos lhe tiraram já depois do 25 de Abril.
Pedoe-lhes Van Dunem porque não sabem o que dizem. Ainda bem que se pode continuar a comer mangas…. em Portugal.
“ sobre esta triste peça de teatro que começou com um presidente da República que deveria estar calado e deveria era estar a arrumar a casa dele. Pedir os 4 milhões ao filho , para fazer “reparações” ao povo português. Se me faço entender” – explicando com um desenho para os menos entendidos: um presidente fala-barato que até pelos pelos cotovelos fala, naturalmente de vez em quando diz baboseiras. Não foi o caso!!! A intenção do presidente, com as “bocas” que o mesmo produziu sobre a indemnização e tal e coisa, foram bem estratégicamente intencionais e até inteligentes para os interesses dele e da “famelga” dele, e particularmente de desviar o foco das atenções mediáticas do caso dos 4 milhões e do lodaçal em que o filho anda metido, em que tudo o mais que se ouviu falar daquele lado (negociatas, trafico de influências, etc), só cheira a esturro (ou talvez, mesmo a esterco).
O presidente criou uma distração, fazendo de parvos, tanto os média, como muitos portugueses.
Espero que o ministério público, a polícia e outros serviços relevantes não se deixem distrair e olhem atentamente para este caso, pois ele é meio exemplar quanto ao cancro cultural das cunhas, tráficos de influências e passagens pelas portas do cavalo, sem qualquer mérito, que grassa na sociedade portuguesa. Seria um caso exemplar e pedagógico, para todos, se os tramites fizessem o seu caminho e se tirassem consequências adequadas, claro que a verificarem-se as premissas implicitamente inerentes.
O que entendi foi:
As mangas pode comprar em Portuhal, mas não pode reaver os entes queridos que os próprios angolanos lhe tiraram já depois do 25 de Abril.
Infelizmente aconteceu a muitos.
Tem a antiga ministra toda a razão. Infelizmente ela foi de facto um epifenómeno, como se vê pela composição do actual governo, que é todo branquinho e europeu num país onde há uma forte minoria de pessoas de origem africana e asiática. O primeiro ministro até devia chamar-se Montebranco…
600 Anos de Trabalho dos portugueses, transforamaram a Selva em Cidades e as tribos primitivas, ensinaram, educaram, deram uma vida condigna, etc.. 600 Anos!
E vem esse tal de Dr. Marcelo Comentador da TV, ARRASAR e menosprezar um grande feito, Nobre, Humanista, etc.
Veio o tipinho sem jeito, abrir a caixa de pandorra.
Vida condigna? A primeira coisa que fizemos foi destruir a dignidade dos povos colonizados, retirando-lhes a língua, as crenças e as tradições, para implantar outras alheias que nada significavam para eles. Que depois de tanto tempo ainda haja quem não tenha percebido isto, é extraordinário. Que pensaria o “Marcelo Cunha e Crava” se Portugal tivesse sido ocupado pelos ingleses, que nos obrigassem a falar inglês, que proibissem o português, que destruissem a nossas igrejas católicas e substituissem o bacalhau pelas salsichas?…
E já agora, também lhes retiramos a gramática?