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“Estado de emergência”. Temer autoriza uso do exército contra bloqueios de camionistas

Fernando Bizerra Jr. / EPA

São Paulo decretou estado de emergência devido aos protestos causados pela greve dos camionistas. Temer já autorizou o uso do exército.

São Paulo, a cidade mais rica e populosa do Brasil, decretou esta sexta-feira o estado de emergência devido ao “excesso de protestos” causados pela greve dos camionistas, que entra hoje no seu quinto dia contra os elevados preços dos combustíveis.

A câmara municipal advertiu, num comunicado, que caso a greve se prolongue, poderá ser declarado um dia de feriado nacional devido à falta de abastecimento, em sequência das manifestações, e precisou que o “estado de emergência pode evoluir para um estado de calamidade pública”.

A autarquia também afirmou que continua a trabalhar, com o “apoio da polícia militarizada”, para que os grevistas suspendam ações que impeçam o “abastecimento de combustível aos serviços essenciais”.

O autarca de São Paulo, Bruno Covas, determinou também a criação de uma comissão para avaliar e tomar “as medidas necessárias”.

Neste quinto dia de paralisação, que afeta os 27 Estados brasileiros, a frota de autocarros na cidade de São Paulo circula a 60% da capacidade e dezenas de postos estão sem combustível. Além dos camionistas, os condutores de transportes escolares aderiram à greve e realizaram manifestações em vários pontos de São Paulo.

Pelo menos outras cidades do interior do Estado de São Paulo também decretaram o estado de emergência. A declaração de estado de emergência permite ao município fazer compras sem licitação ou apreender bens privados, como o combustível armazenado nos postos de abastecimento.

Temer autoriza uso do exército

A Presidência da República já autorizou o exército brasileiro a desfazer os bloqueios de estradas promovidos pelos milhares de camionistas em greve, em mais de 500 estradas dos 27 estados brasileiros. Além disso, estão também autorizados a prender quem resistir e tomar o volante dos veículos caso seja necessário.

O anúncio foi feito por Michel Temer, horas depois de ambas as partes terem chegado a acordo. Contudo, segundo o Governo, os manifestantes romperam esse acordo, refere o Diário de Notícias.

O acordo, estabelecido de urgência já na madrugada de sexta-feira, previa o congelamento do preço do diesel, principal reivindicação dos camionistas, em troca de uma trégua nas greves de 15 dias. Os 350 milhões de reais, cerca de 80 milhões de euros, que a medida vai custar à Petrobras serão compensados pelo tesouro nacional.

“Não vamos permitir que a população fique sem géneros de primeira necessidade, não vamos permitir que os hospitais fiquem sem bens para salvar vidas, não vamos permitir que crianças sejam prejudicadas pelo fecho de escolas, não vamos permitir que produtores tenham o seu trabalho afetado”, disse Temer, minutos depois de assinar o decreto que colocou em campo exército, marinha e força aérea.

O Palácio do Planalto pediu entretanto ao Supremo Tribunal Federal para considerar a paralisação ilegal. Noutras instâncias, o Governo brasileiro conseguiu obter 20 decisões judiciais para remover as viaturas das estradas. A Polícia Federal está a investigar eventuais crimes cometidos durante os bloqueios.

ZAP // Lusa

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