Um em cada três venezuelanos não tem acesso aos alimentos para uma vida saudável

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Miguel Gutierrez / EPA

Luso-venezuelana em Caracas durante protestos contra o governo de Nicolás Maduro

Um em cada três venezuelanos não tem acesso a todos os alimentos necessários para ter uma nutrição saudável, segundo um estudo realizado pelo Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, divulgado na segunda-feira.

De acordo com o mesmo estudo, citado pelo Expresso, 25% da população não tem um “acesso sustentável” a água potável, enquanto em 72% das casas houve problemas no que diz respeito ao fornecimento de gás, impedindo, assim, que fossem preparadas refeições em quase metade dos domicílios do país.

O estudo mostra igualmente que 9,3 milhões de pessoas – quase um terço da população – vivem numa situação de insegurança alimentar “moderada” (24%) ou “muito grave” (7,9%). O conceito de segurança alimentar das Nações Unidas acontece quando “todas as pessoas, em qualquer momento, têm acesso físico, social e económico a alimentos nutritivos que permitem ter uma vida ativa e saudável”.

Mesmo nas regiões mais prósperas, um em cada cinco venezuelanos não consegue satisfazer as suas necessidades alimentares, revela também o relatório, realizado com a autorização do governo venezuelano.

A análise indica que, em 2018, 74% da população venezuelana foi obrigada a adotar estratégias para lidar com a escassez de alimentos. Em 60% das casas, por exemplo, foi reduzida a quantidade de comida ingerida por refeição.

Devido às condições sociais e económicas vividas no país, 33% dos inquiridos aceitaram trabalhar a troco de comida, 20% venderam bens para conseguir satisfazer as suas necessidades básicas e seis em cada dez famílias gastaram as suas poupanças em comida.

“À medida que as famílias ficam sem estratégias para assegurar um consumo alimentar básico, surge a preocupação, cada vez maior, de que não serão capazes de assegurar, ao curto prazo, as suas necessidades nutricionais”, refere o estudo.

O relatório mostra ainda que, devido às dificuldades, muitos venezuelanos limitam-se a consumir diariamente “cereais e tubérculos” e, várias vezes por semana, “feijões e lentilhas”. Esta situação deve-se à ausência de alimentos nos supermercados e aos elevados preços praticados.

“Este relatório mostra a gravidade da crise política, económica e social que se vive no nosso país”, comentou um dos líderes da oposição venezuelana, Miguel Pizarro, à Associated Press.

ZAP //

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