Há uma série de vulnerabilidades através das quais um agente mal-intencionado poderia infiltrar-se no sistema de armas nucleares de um país sem o seu conhecimento, assegura o mais recente relatório publicado pela Chatam House, o Instituto Real de Assuntos Internacionais do Reino Unido.
Segundo um estudo publicado esta quinta-feira pela Chatam House, na altura da criação da maior parte das actuais armas nucleares de destruição em massa, as capacidades informáticas encontravam-se ainda no início do seu desenvolvimento e não causavam preocupações. Os sistemas informáticos dos sistemas de mísseis usavam… disquetes.
Entretanto, o mundo digital avançou, mas muitos dos sistemas de controlo de mísseis usam ainda uma estratégia antiquada para os sistemas tecnológicos de controle, gestão e comunicações do arsenal nuclear, assinala o estudo.
Assim, grupos de hackers podem com alguma facilidade ter acesso a sistemas críticos, como os sistemas de segurança que impedem erros humanos e falhas, e manipular os dados, causando incerteza nos operadores no momento de tomar uma decisão-chave, ou provocar um aumento de tensão e induzir o uso de armas nucleares.
Segundo o estudo, entre os mais vulneráveis, encontram-se os silos dos Minuteman, os mísseis balísticos intercontinentais dos Estados Unidos, que cujos sistemas podem ser acedidos por hackers para manipular a informação, efectuar interferências cibernéticas em canais de comunicação ou falsificar dados.
O estudo realça que em uma só das suas bases, no Dakota do Norte, os EUA têm nada menos que 150 unidades de mísseis Minuteman III.
A possibilidade de ciberataques contra armas nucleares está a ser estudada há algum tempo. O ex-ministro dos negócios Estrangeiros britânico Malcolm Rifkind, em entrevista à BBC, revelou que muitos especialistas acreditam que os EUA terão já recorrido a pirataria informática para fazer fracassar os lançamentos de mísseis da Coreia do Norte.
Prevenir este tipo de situação é responsabilidade directa dos países que possuem armas nucleares, clarificam os autores do relatório. “As medidas de redução de riscos devem estar incluídas nos sistemas de comando, controle e comunicação“, conclui o estudo.
Mas os ciberataques não são o único perigo. O comportamento dos militares ou civis directamente envolvidos com os sistemas de segurança dos mísseis também apresentam elevados riscos.
Um relatório do Departamento de Energia dos EUA revelou que em 2009, funcionários norte-americanos foram presos por um incidente num bar, enquanto decorria uma operação de transferência de materiais nucleares. Em 2007, na mesma situação, outro funcionário tinha sido detido por embriaguez pública.
Segundo o Departamento de Energia norte-americano, no período entre 2007 e 2009 foram registados um total de 16 incidentes relacionados com excesso de álcool em funcionários dos sistemas de controlo do arsenal nuclear dos EUA.
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