O escândalo implica cinco altos funcionários do Ministério da Defesa e envolve contratos milionários de fachada para a compra de armas.
Os serviços de segurança da Ucrânia (SBU) desvendaram um escândalo de corrupção na compra de armas para exército ucraniano no valor de 40 milhões de dólares, armas essas que nunca foram entregues.
A investigação implica cinco altos funcionários do Ministério da Defesa e do fornecedor de armas, Arsenal de Lviv, no desvio de quase 1,5 mil milhões de hryvnias.
O SBU avança que os funcionários da defesa assinaram um contrato em agosto de 2022 para 100 mil morteiros, seis meses após o início da guerra com a Rússia.
Um dos suspeitos foi detido enquanto tentava fugir da Ucrânia, estando atualmente sob custódia. O Procurador-Geral da Ucrânia confirmou que os fundos roubados foram apreendidos e serão restituídos ao orçamento da defesa, relata a BBC.
A corrupção tem sido um problema persistente na Ucrânia e um dos seus principais obstáculos na adesão à União Europeia.
O país ficou classificado no 116.º lugar numa lista de 180 no índice de percepções de corrupção de 2022 da Transparency International — no entanto, existe um raio de esperança, pois a Ucrânia é um dos apenas 10 países a mostrar melhorias constantes neste índice, subindo 28 posições na última década.
Este não é o primeiro escândalo de corrupção relacionado com a guerra a abalar a Ucrânia.
Em Agosto, o Presidente Volodymyr Zelenskyy despediu todos os funcionários encarregados do recrutamento militar para pôr fim a um esquema que permitia que alguns homens pagassem subornos para escaparem ao recrutamento.
Em Setembro passado, Zelenskyy também demitiu o Ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, após uma série de escândalos no Ministério. Embora Reznikov não estivesse pessoalmente implicado, alguns dos seus funcionários terão sido apanhados a inflacionar contratos de alimentos fornecidos às tropas.
Recentemente, a família Hrynkevich — a maior fornecedora de armas para o Ministério da Defesa — também esteve no centro de um esquema de subornos, desvios de quase 25 milhões de euros e contratos de fachada.
Este último escândalo surge num contexto particularmente desafiador para a Ucrânia no plano internacional, podendo dar força ao crescente cepticismo dos políticos Republicanos nos EUA, que têm questionado a utilidade do apoio incondicional que Joe Biden está a oferecer a Kiev.
A Hungria tem também apontado a corrupção estrutural na Ucrânia como uma das razões para se opor à sua entrada nos 27.
Quando os esforços para defender um país são minados por dentro por quem devia defender esse país, quais são as hipóteses de sucesso desse país? Gente desta tem de ser severamente punida.