Ucranianos acusados de “vender” vizinhos às tropas russas

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Miguel A. Lopes / Lusa

Correm rumores na Ucrânia de vários cidadãos ucranianos que se venderam aos russos, ajudando as tropas invasoras a atacar aldeias e cidades.

Na Ucrânia multiplicam-se rumores de habitantes locais que colaboram com as tropas russas. O The Washington Post escreve sobre um dos casos, em que um vizinho terá ajudado os invasores a atacar Ivanivka, em Odessa.

Olena viu aquele que parecia ser o seu vizinho, Girovka, sair de um carro com marcas russas e disparar sinalizadores para o céu. No dia seguinte, as tropas russas atacaram a pequena aldeia de Ivanivka.

Outros vizinhos dizem ter visto Girovka a entrar e a sair de posições ucranianas minutos antes de serem bombardeadas pelas forças russas. Nunca mais ninguém viu Girovka depois do ataque.

“Será que fizeram isto por dinheiro?”, pergunta Olena, citada pelo jornal norte-americano. “Foi-lhes prometida alguma coisa… Pergunto como é possível vender a consciência e a dignidade. Não sei. Não entendo”.

Um pouco por toda a Ucrânia, há casos semelhantes, com rumores a espalharem-se sobre pessoas que terão vendido os seus vizinhos. Especula-se sobre se o fizeram voluntariamente ou sob coação.

Segundo a Associated Press, cerca de 400 pessoas na região de Kharkiv são suspeitas de colaborar com a Rússia e foram detidas.

Dmitro Ivanov, vice-chefe da administração civil-militar regional de Chernihiv, adianta que estão a ser investigados casos de supostos colaboradores ucranianos que marcam posições com fósforo para que os russos direcionassem os seus bombardeamentos.

Em alguns casos, os colaboradores ucranianos aceitaram comida ou dinheiro de russos em troca de informações.

Em Pisky, um local disse aos jornalistas do The Washington Post que a cidade estava cheia de “ruscistas” — uma abreviação de “fascistas russos”.

Alguns habitantes de Pisky acusam a diretora da escola local de abrir as portas para os russos e passar-lhes informações. “Quando os russos chegaram, ela disse-lhes: ‘Estamos à vossa espera há oito anos, para que possam trazer a ordem!'”, contou Marina Polishuk, ao jornal.

ZAP //

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