Turismo é um dos setores mais poluentes (mas há exemplos de boas práticas em Portugal)

O turismo dos que mais contribui para as alterações climáticas, representado 8% do total de emissões de CO2, segundo um estudo da Universidade de Sidney.

Uma gestão eficiente de águas, energia e resíduos é hoje uma das maiores dores de cabeça de qualquer gestor hoteleiro. A pressão pela eficiência energética e ambiental é enorme, potenciada pela constante divulgação de estudos que, tal como o recentemente apresentado pela Universidade de Sidney, apontam para a grande responsabilidade que o sector do turismo tem sobre as alterações climáticas.

Mais do que as poupanças geradas pela introdução de processos mais eficientes, com reflexo quase imediato nas folhas de cálculo das empresas, a importância do impacto que as medidas adotadas têm no ambiente é muito superior.

Apesar da crescente consciência sobre estas temáticas, muitas empresas turísticas ainda estão apenas a dar os primeiros passos. Existem outras, porém. que há muito se aperceberam da necessidade de fazer mais pelo ambiente. Para Gilberto Jordan, administrador do Grupo André Jordan, responsável pela construção da Quinta do Lago, no Algarve, “este desafio começou para há muitos anos”.

Uma das medidas destacadas pelo responsável, de acordo com o Expresso, foi a opção de não colocar ar condicionado nos edifícios que compõem o empreendimento. “O clima em Portugal é temperado, pelo que não há grande necessidade de aquecer ou de arrefecer os ambientes”.

Assim, o grupo preferiu investir num tipo de construção que aposta na qualidade da vertente térmica. “Construir bem tem um grande impacto na eficiência energética”.

Além desta aposta, o Grupo André Jordan utiliza também a água da chuva para as sanitas e tem todos os imóveis preparados para produzir energia própria e comercializar a terceiros, assim que esta prática seja regulamentada.

Outro exemplo, destaca o Expresso, é o Grupo Galo Resorts, com sede na Madeira, representado pelo seu administrador, Roland Bachmeier. Quando chegou ao arquipélago, o administrador tinha a seu cargo um hotel com cerca de 40 anos que, desde logo, quis transformar num projeto auto-suficiente e sustentável.

O caminho não foi fácil, como contou ao jornal, mas está satisfeito com os resultados. A utilização de painéis fotovoltaicos foi o primeiro passo para a poupança. Roland Bachmeier conta que pagava quase 300 mil euros de eletricidade anual, valor que reduziu ao longo dos anos em mais de 80 mil euros.

A utilização de ventiladores eletrónicos nos quartos permitiu ao grupo hoteleiro adicionar uma poupança de 65%. Outras medidas como a utilização das águas dos duches e lavatórios, assim como a água das levadas, para as sanitas, ou a escolha de água do mar para as piscinas, permitem poupar ainda mais.

Para o empresário, outro dos desafios para os hoteleiros passa pela mudança de hábitos dos clientes. No caso do Grupo Galo Resorts, uma das práticas que incentivam esta mudança de comportamentos inclui desafios e passatempos, a cumprir pelos hóspedes, que depois se materializam na oferta de estadias e viagens.

Já a a Fundação Gulbenkian é também pioneira na adoção de medidas de sustentabilidade. Desde 2006 que o faz internamente, tendo poupado, entre 2007 e 2011, cerca de três milhões de euros com a fatura energética.

Osório Tomás, responsável pela gestão de edifícios da Fundação, admite ao Expresso que esta poupança, “apesar de pequena no universo da Fundação”, é muito positiva pela redução da pegada de carbono da instituição.

Estes exemplos servem agora de modelo às empresas que estão a iniciar este caminho rumo à sustentabilidade. O importante é que as metas se cumpram de forma a que toda a economia, com destaque para o sector do turismo, se torne mais limpa e eficiente.

ZAP //

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