A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, revelou este domingo que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lhe disse para “processar a União Europeia” no âmbito das negociações do Brexit.
Em entrevista ao jornal britânico The Sun, publicada na quinta-feira durante a primeira visita oficial do presidente ao Reino Unido, Trump disse que tinha dado um conselho a Theresa May, mas que a primeira-ministra britânica o tinha ignorado.
Ao lado de May, durante uma conferência de imprensa na sexta-feira, Donald Trump foi questionado sobre o que tinha dito à primeira-ministra. Trump ressalvou que tinha dado “não um conselho, mas uma sugestão” e que entendia completamente porque May tinha achado a proposta “demasiado dura”. Contudo, não revelou o que tinha sugerido.
Na manhã deste domingo, a primeira ministra terminou com o mistério. Numa entrevista à BBC, o jornalista Andrew Marr perguntou-lhe qual tinha sido a sugestão de Trump que May tinha achado “brutal”. “Disse-me para processar a UE, e não entrar em negociações“, afirmou Theresa May.
Theresa May reafirma que, ao deixar a UE, o Reino Unido vai fazer acordos comerciais com outras nações, vai acabar com a livre circulação de pessoas e deixar de seguir as regras impostas pelo Tribunal Europeu de Justiça.
A primeira-ministra britânica defendeu o seu projecto para o Brexit e pediu apoio dos seus críticos. O governo britânico enfrenta uma profunda divisão interna, devido à forma como May tem negociado a saída da UE.
A semana passada, membros do Partido Conservador favoráveis ao chamado “hard Brexit”, a ruptura mais radical com a UE, sem participação no mercado único, demitiram-se dos seus cargos por considerarem o plano de May demasiado suave.
O então ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, anunciou na segunda-feira a demissão do governo, horas depois de o ministro especial para o Brexit, David Davis, também ter renunciado em ruptura com May. Ambos os políticos são contra a manutenção de laços económicos com a UE, programada para março do ano que vem.
Na entrevista à BBC, May insistiu que a sua proposta permite que o Reino Unido faça os seus próprios acordos comerciais, apesar de prever regras comerciais comuns com a UE, e realça que essas regras são necessárias para proteger o emprego em empresas que cruzam fronteiras no território europeu.
Antes de se encontrar com May, o presidente dos EUA tinha criticado a forma como a primeira-ministra está a conduzir o Brexit. A entrevista de Trump ao jornal The Sun, publicada no mesmo dia em que o presidente norte-americano chegou ao Reino Unido, colocou o governo britânico numa situação delicada.
Na entrevista, Donald Trump diz que a proposta de May de uma área de livre comércio de bens com a UE “mataria” qualquer perspectiva de negócios com os EUA. Na mesma entrevista, o presidente elogia Boris Johnson, que se encontra em ruptura com Theresa May, e critica o presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan.
“Fake news” e protestos
Questionado sobre as críticas que fez a May, Trump disse que a primeira-ministra faz um trabalho magnífico e chamou à própria entrevista fake news. O presidente americano sustenta que, na edição da entrevista que deu ao Sun, o jornal omitiu as declarações positivas que fez sobre May. Isso, segundo Trump, equivale a “fake news”.
Além de mal estar no governo britânico, a visita de Trump também gerou protestos. Manifestantes contrários à visita de Trump organizaram acções em diferentes cidades do Reino Unido.
Em Londres, onde dezenas de milhares de pessoas saíram à rua em protesto contra o presidente americano, um balão representando Trump como um “bebé chorão”, de fraldas e com um telemóvel na mão, voou ao lado do Parlamento britânico e em Trafalgar Square.
Trump esteve dois dias em Inglaterra, onde se encontrou com Theresa May e com a Rainha Elizabeth 2ª, após o que seguiu para a Escócia, onde passou o fim de semana no seu clube de golfe.
O gajo quer é ver o UK a arder….