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Trump recua e anuncia que vai renegociar taxas aduaneiras com a UE

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Jim Lo Scalzo / EPA

O líder dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, estiveram reunidos esta quarta-feira na Casa Branca. Trump sublinhou a vontade comum de avançar para “zero tarifas alfandegárias” nas trocas industriais, mas não foi avançado qualquer prazo para cumprir este objetivo.

“Hoje foi um dia muito importante para o comércio livre e justo, um dia muito importante mesmo”, afirmou Donald Trump, após ter recebido, esta quarta-feira, na Casa Branca o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

“Estamos a começar agora as negociações, mas sabemos muito bem que caminho vão tomar”, acrescentou o Presidente dos Estados Unidos, desfazendo o cenário de guerra comercial EUA-UE que iria acabar por trazer prejuízos para todos, incluindo para a economia norte-americana.

Trump destacou a vontade comum de avançar, a prazo, para “zero tarifas alfandegárias” nas suas trocas industriais, com exceção do setor automóvel, mas não foi avançado qualquer prazo para este objetivo. “Vamos trabalhar para reduzir as barreiras e aumentar o comércio nos serviços, nos produtos químicos e farmacêuticos, nos produtos médicos e também na soja”, afirmou.

Desta forma, Donald Trump anunciou que a UE vai começar a comprar “muito mais soja” aos produtores norte-americanos, sem anunciar qualquer volume. A questão da soja pode suscitar problemas na Europa, uma vez que 94% da soja plantada nos EUA é geneticamente modificada, segundo estatísticas do Departamento de Agricultura norte-americano.

Em causa está sobretudo a comercialização deste produto, uma vez que a cultura da soja geneticamente modificada é interdita na Europa. A UE importa muita soja da América Latina, porque, depois do acordo agrícola de Blair House (acordo bilateral entre a UE e os EUA, feito em 1992), renunciou a cultivá-la.

Além disso, o chefe de Estado mostrou-se também esperançado numa solução para as “pesadas” taxas aduaneiras que os EUA começaram a aplicar ao aço (25%) e alumínio (10%) importados a partir da União Europeia, assim como para as taxas que a UE, em retaliação, passou a aplicar a vários bens norte-americanos. Ainda assim, nem Trump nem Juncker esclareceram se estas taxas iriam ser suspensas ou suprimidas.

Apesar de os próximos passos não serem totalmente claros, os dois blocos vão mesmo envolver-se numa negociação e, durante esse período negocial, “não haverá imposição de taxas adicionais”, garantiu Juncker.

Em cima da mesa estão também conversações para reformar a Organização Mundial do Comércio, adianta o jornal Público. O objetivo passa por atacar “o problema das práticas comerciais desleais, incluindo o roubo da propriedade intelectual, a transferência forçada de tecnologias, as subvenções industriais, as distorções criadas pelas empresas do Estado e o excesso de capacidade”, detalhou Trump, com afirmações que visam a China.

Uma fonte europeia disse que não vai ser imposta nenhuma nova tarifa alfandegária sobre as importações de viaturas europeias nos EUA, um dossier particularmente sensível para a Alemanha, onde este setor chave emprega cerca de 800 mil pessoas.

No final de maio, a Casa Branca encarregou o seu Departamento do Comércio de examinar a possibilidade de impor taxas suplementares, indo até 25%, sobre este setor estratégico da economia mundial e europeia, em particular.

Por sua vez, a União Europeia vai também aumentar as suas importações de gás natural liquefeito provenientes dos EUA. “Nós vamos ajudá-los, mas eles vão tornar-se compradores massivos”, estimou Trump.

Aos jornalistas, e com Juncker ao seu lado, Trump afirmou que “se irá conseguir chegar a um entendimento”, acrescentando que “se pudermos não ter, nem taxas alfandegárias, nem barreiras, nem subsídios, os EUA ficariam extremamente satisfeitos”. Mas deixou claro: a relação comercial entre as duas economias teria que ser “no mínimo, recíproca“.

Por seu turno, Jean-Claude Juncker destacou o relacionamento histórico entre a UE e os EUA. “Nós somos parceiros próximos, aliados, não inimigos. Temos de trabalhar juntos.”

ZAP // Lusa

6 Comments

  1. Claro que recua!!
    Aliás, não tem feito outra coisa senão recuar/desdizer o que tinha feito no dia anterior!!
    Mas a reunião entre o palerma americano e o bêbado europeu deve ter sido engraçada!…

  2. Meu caro Eu!, o Obama era melhor e fez mais, certo?
    Criticar por criticar, parece que as pessoas acham que cada vez que dizem mal do trump recebem um “like” moral.. santa tristeza

    • O Obama não é para aqui chamado; se bem que ele não estava sistematicamente a desrespeitar tudo e todos (como os seus aliados da UE e NATO), não fazia inaugurações de embaixadas que ainda não existem (em Jerusalém só para agradar a certos patrocinadores da sua campanha) não rasgava acordos unilateralmente, quando foram assinados por vários países (Paris, nuclear com o Irão, etc, etc), não dizia uma coisa num dia e, no dia seguinte, exactamente o seu contrário – como o Trump fez com o porquinho Coreia, a China (onde o Trump quase foi “beijar” a mão), o louco das Filipinas (que o Trump “saudou” como se fossem grandes amigos), à primeira ministra britânica, ao Putin (a quem “lambia as botas”, enquanto insultava e denegria os serviços americanos), etc, etc, etc…
      Já para não falar na escandalosa campanha anti-Obama patrocinada activamente pelo Trump (e, nunca vi o Obama perder tempo a fazer algo contra o Trump)… só por aí já se vê quem é “melhor”!…
      “Criticar por criticar”?!
      Sim… até porque é muito difícil encontrar no comportamento do Trump, algo criticável!…
      .
      Mas, noticia não envolve o Obama – é sobre duas personagens que fazem tanta falta ao mundo como a areia no deserto!…

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