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Soldados, armas e bunkers. As tropas chinesas e indianas estão mais fortes do que nunca na disputa da fronteira

Nos últimos meses, a China e a Índia têm enviado milhares de soldados e equipamento militar para a fronteira que disputam há anos. Agora, o envio de tropas para a região atinge o nível mais alto das últimas décadas.

Segundo noticia o Wall Street Journal, o Exército de Libertação do Povo da China aumentou gradualmente a sua presença militar, sobretudo nos últimos meses. No ano passado, o país contava com cerca de 15 mil soldados na fronteira, e nesta altura já se regista a presença de mais de 50 mil.

Os movimentos militares tiveram resposta por parte da Índia, que também tem enviado milhares de soldados e artilharia pesada para a região, destaca o jornal norte-americano.

A tentativa de impor uma posição na fronteira faz com que ambos os países tenham construído várias infraestruturas nos últimos meses, o que inclui cabanas isoladas para manter as tropas protegidas.

Grande parte do crescimento militar tem ocorrido no leste de Ladakh, uma região que se sobrepõe à Caxemira e ao Tibete.

No mês passado, ocorreu o confronto mais mortal das últimas décadas entre os dois países, onde vinte soldados indianos e quatro chineses foram mortos.

A tensão começa a escalar novamente, numa altura em que as forças de segurança chinesas participaram em exercícios de grande altitude, focados no combate com armas sofisticadas.

Neste sentido, as autoridades indianas referiram temer que a China esteja a usar os exercícios como justificação para mover mais tropas para a região de forma permanente.

De acordo com as autoridades indianas, Pequim transferiu mísseis avançados para a região, incluindo o seu sistema HQ-9, que é semelhante ao S-300 da Rússia.

Por outro lado, o exército do país construiu centenas de novas estruturas para apoiar as tropas em acampamentos militares nas cidades de Rudok, na fronteira de Ladakh, no Tibete, e em Kangxiwar, que fica a norte de um planalto controlado pela China.

Outros esforços passam pela construção de bunkers, túneis subterrâneos, pequenas centrais hidroelétricas e painéis solares.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que a situação na fronteira é estável e controlável e que os dois países estão a preparar-se para novas negociações militares.

“A China acredita que qualquer corrida armamentista, ou a construção de infraestruturas que visem o controlo militar, não conduzem à manutenção da paz e tranquilidade nas áreas da fronteira”, afirmou o porta-voz.

Ainda assim, a Índia tem-se sentido ameaçada pelas movimentações militares e tem feito o seu próprio esforço para fortalecer a sua posição, construindo estradas, túneis e instalações isoladas para abrigar as tropas. Também tem aumentado a capacidade da sua força aérea patrulhar a fronteira.

D.S. Hooda, um ex-tenente-general do exército indiano, disse ao WSJ que o desenvolvimento da infraestrutura militar chinesa no Tibete foi amplamente focado no alojamento de tropas adicionais e na melhoria da infraestrutura dos campos de aviação para apoiar as operações aéreas de combate. “Era uma fraqueza conhecida dos chineses que agora está a ser fortalecida”, indicou.

Ao longo dos anos, a China e a Índia nunca estabeleceram uma fronteira real. Os dois países estão separados ao longo da sua fronteira por uma linha de demarcação vaga, conhecida como Linha de Controlo Real.

Em fevereiro deste ano, o Governo indiano anunciou que a Índia e a China começaram a reduzir a escalada militar das suas tropas na fronteira oeste dos Himalaias, após meses de tensão e confrontos.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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