Depois de seis anos a tentar engravidar e de um processo de fecundação in vitro numa clínica em Los Angeles, nos Estados Unidos (EUA), em março uma mulher deu à luz a um casal de gémeos. Mas algo não estava bem: o casal esperava dois rapazes quando era suposto terem duas meninas.
Segundo noticiou o Expresso, citando a BBC, depois de testes de ADN, o casal ficou a saber que os dois bebés não tinham qualquer relação com a mãe, com o pai ou sequer entre si, pertencendo a outros dadores, resultado de uma troca de embriões por parte da clínica CHA Fertility, que agora enfrenta um processo legal. Mas o caso de AP e YZ (como o casal quis ser identificado), não é o único.
Em simultâneo, Anni e Ashot Manukyan travavam a mesma batalha, queriam dar um irmão à filha que já tinham. Em agosto, contou a CNN, a clínica transferiu dois embriões para o útero de Anni. A gravidez nunca chegou e, mais tarde, os Manukyan haveriam de descobrir que os embriões que Anni transportara nem sequer eram os seus. Por erro da clínica, o seu bebé biológico nascera no último dia de março, era um dos gémeos de AP e YZ.
“A CHA roubou-me a possibilidade de transportar o meu filho, de estar com ele nos seus primeiros momentos, cuidar dele, de estar pele com pele com ele. Simplesmente de ser uma mãe para ele”, atirou Anni Manukyan, que acusa a clínica de ter “brincado com três famílias”. O caso seguiu para tribunal.
Decidido ficou que AP e YZ teriam de entregar os gémeos aos pais biológicos, algo que já aconteceu. Cumpridos os nove meses da gravidez, o casal ficava sem qualquer filho, que eventualmente estaria num dos úteros das outras mulheres que não conseguiram engravidar, como foi o caso de Anni.
Há alguns dias, AP e YZ apresentaram um processo contra a clínica, referiu o Guardian. AP, a mulher que viveu este pesadelo, está ainda a receber apoio psicológico.
“Quem quer conhecer o seu filho num lobby de um hotel? Foi de partir o coração, foi terrível”, desabafou Anni Manukyan após reencontro com a criança. “E como fica a outra mulher? O que estará a passar? Graças a Deus temos o nosso filho de volta mas ela acabou sem qualquer filho. (…) Estou eternamente grata por ter transportado o meu bebé e tomado conta dele, até depois do nascimento. É uma mulher maravilhosa e rezo por ela todos os dias. Deus vai dar-lhe os seus bonitos bebés um dia. Ela merece isso”.
Anni Manukyan informou ainda que a clínica não sabe o paradeiro, digamos assim, do seu segundo embrião, temendo que possa desenvolver-se e nascer num corpo de outra mulher.
A CHA Fertility ainda não reagiu publicamente ao caso que envolve estas três famílias.