Estagflação à vista na Rússia. Putin enfrenta um “trilema insolúvel”

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A Rússia enfrenta um “trilema” económico face ao aumento das despesas com a defesa, alerta especialista em Economia. País pode mergulhar numa estagflação em breve.

A economia da Rússia está a ser cada vez mais pressionada por uma série de problemas que poderão ser impossíveis de resolver a longo prazo.

A decisão de aumentar significativamente as despesas com a defesa e a segurança está a empurrar a nação para problemas económicos muito mais profundos, explica Alexandra Prokopenko, membro do Carnegie Russia Eurasia Center, em artigo para o Financial Times.

As despesas de defesa da Rússia para 2025 foram aumentadas em 25% — um máximo pós-soviético. As despesas representarão 8% do PIB do país e uns impressionantes 40% do seu orçamento federal, um nível que não se registava desde o colapso da União Soviética.

Este aumento, impulsionado pela guerra na Ucrânia, reflete a determinação de Moscovo em manter a sua campanha militar. Mas isso pode ter consequências “insolúveis” e levar a desequilíbrios económicos perigosos.

A eurodeputada e economista sublinha, no entanto, que embora o Kremlin enfrente estas pressões económicas crescentes, o impacto total das suas despesas excessivas poderá não se fazer sentir durante anos.

“Esta é uma verdade desagradável para os decisores políticos da Europa e dos EUA”, escreveu. “Em vez de esperar que o poder de combate económico da Rússia se esgote em breve, o Ocidente tem de se concentrar numa estratégia a longo prazo que restrinja ainda mais a máquina de guerra de Putin e aumente a resiliência económica da própria Ucrânia.”

Prokopenko descreveu a situação atual como um “trilema insolúvel” para o Presidente russo: Vladimir Putin  está a tentar manter um sistema financeiro equilibrado, mas a afetação de mais recursos à defesa faz-se à custa de outras áreas críticas, como os cuidados de saúde, a educação e o desenvolvimento científico.

“Os recursos que Putin pode reunir não são ilimitados. Ao investir mais dinheiro na defesa, o Kremlin está a agravar os desequilíbrios económicos existentes”, escreveu Prokopenko: “Putin enfrenta um trilema insolúvel: manter simultaneamente um sistema financeiro equilibrado, cumprir as obrigações sociais e manter as despesas com a defesa aos níveis atuais”.

Estagflação à vista

A mudança para uma economia orientada para o setor militar pode durar até oito anos, mas as consequências económicas acabarão por atingir a Rússia, acredita a economista. A concentração do país na defesa já está a alimentar a inflação e a fazer subir os salários.

Prokopenko também prevê que o crescimento do PIB da Rússia poderia abrandar já no próximo ano, mergulhando potencialmente o país numa estagflação — uma combinação de crescimento estagnado e aumento dos preços.

As sanções ocidentais já estão a agravar as dificuldades económicas da Rússia, o que impede o Kremlin de modernizar as suas forças armadas e cortam cadeias de abastecimento cruciais e aumentam os custos das transações financeiras. Muitos bancos chineses recusam-se atualmente a realizar negócios com a Rússia, apesar de a China se ter tornado um dos mais importantes parceiros comerciais da Rússia.

Prokopenko avisou que os recursos à disposição de Putin são, em última análise, limitados e que o país acabará por ter de enfrentar as consequências dos seus gastos excessivos.

ZAP //

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16 Comments

  1. Muito disparate se disse neste artigo. A Rússia é de tal forma rica em recursos naturais e em produtos agrícolas, tem uma balança comercial tão excedentária, que se pode dar ao luxo de gastar muito dinheiro na defesa sem prejudicar a economia. E as sanções económicas do ocidente, que era suposto lançarem a Rússia na miséria, na realidade permitiram à Rússia diversificar a sua economia e os clientes dos seus produtos, tornando a Rússia mais independente e mais forte, com taxas de crescimento económico superiores às dos países europeus. A estupidez e a má fé dos países ocidentais acabaram por ter resultados opostos dos que se pretendia.

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    • Não sei porque ainda estás por cá…. a Rússia espera por ti, pode ser que ainda te chamem para combater na Ucránia. Deixa para trás estes países ocidentais mentirosos e cheios de inveja da Mãe Rússia.

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      • É interessante ver como os nossos “democratas” tanto gostariam de me impedir de exercer o meu direito à liberdade de opinião. E depois ainda dizem mal da União Soviética…

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    • Se a Rússia é esse paraíso não sei porque ainda cá estas!?
      Ai que saudades eu tenho da estafada URSS.
      E o ti Paulo que o diga

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  2. Só uma pequena correção se me permite Sr. Edio , diz Comunista en vez de Comodista , já que para Ele e sua Corte nada falta . A solução para por fim a este Despotismo , está nas mãos do Povo Russo !

  3. Nuno Cardoso da Silva,
    Liberdade de opinião e Rússia são temas que não são compatíveis.
    Ninguém o quer impedir de exercer a sua liberdade de expressão, coisa possível no maldito Ocidente, mas não na sua amada Rússia, onde sabemos o que acontece aqueles que não veneram o querido líder.
    O que já chateia é a sua propaganda cega a ditadores assassinos, e a liberdade que temos, e queremos conservar, obriga-nos a defendermo-nos de pessoas como você que defendem esses assassinos.

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    • Para complementar, cá vai uma lista (incompleta) de desgraçados que se atreveram a emitir opiniões discordantes do regime putinista:
      – Alexei Navalny: envenenado, preso, morto;
      -Oleg Orlov: preso
      – Ilya Yashin: preso
      – Boris Nemtsov: assassinado
      – Sergei Udaltsov: preso
      – Vladimir Kara-Murza: preso, exilado
      – Alexander Litvinenko: envenenado
      – Anna Politkovskaya: assassinada
      – Sergei Skripal: envenenado
      – Sergei Yushenkov: assassinado
      – Roman Tsepov: envenenado
      – Yuriy Chervochkin: assassinado
      – Evan Gershkovich: preso
      – Mikhail Khodorkovski: exilado
      – Dmitry Gudkov: exilado
      – Garry Kasparov: exilado
      – Anatoly Chubais: exilado
      – Boris Berezovsky: exilado
      – Akhmed Zakayev: exilado

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    • Luís,
      “A liberdade que temos” é aquela que proibiu a RT e a televisão russa na TV Cabo, para que não possamos ter connhecimento das suas opiniões e argumentos, é a proibição da participação de equipas e atletas russos nas competições internacionais, é a retirada de obras de autores russos clássicos das nossas bibliotecas, é a proibição da atuação de artistas russos nos nossos teatros…

      Se é essa a nossa liberdade, estamos cada vez mais parecidos com a União Soviética que tanto odiávamos…

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  4. Nuno Cardoso da Silva,
    As competições desportivas, alem dos resultados, pretende-se comemorar a paz, nomeadamente os jogos olimpicos, pelo que representantes de assassinos não podem participar (os seus amigos russos sao bons é na batota do doping, mas isso é outro assunto).
    A “isenta” comunicação social russa estatal, só diz o que o dono manda, é aquela que diz que quer conquistar a europa até Lisboa, pena que eles não venham até Lisboa e o levem com eles e nos deixe em paz, tanta borrada que diz.
    Você só defende porcaria (estou a referir-me aos dirigentes, nao ao povo que é vitima desses anormais), como por exemplo a Rússia e a Venezuela.

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    • Luís,
      Você é um nostálgico do Estado Novo e da sua censura, quando se procurava silenciar todos aqueles que não concordavam com o regime. Só há democracia quando se respeitam todas as opiniões, mesmo aquelas com as quais se discorda. E não se percebe bem que culpa têm os atletas russos das políticas do seu governo, ou como é que Dostoyevski é culpado da invasão da Ucrânia.

  5. Nuno,
    Você é incrível, você é que defende ditadores, e eu é que sou nostálgico do Estado Novo?
    Algo nao esta bem consigo, recomendo consulta com especialista.

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