Fernando Frazão / Agencia Brasil

Jair Bolsonaro
A Polícia Federal do Brasil fez, esta sexta-feira, buscas na casa de Jair Bolsonaro e na sede do seu partido. O ex-Presidente brasileiro disse ser alvo de uma “suprema humilhação” após lhe ser colocada uma pulseira eletrónica para evitar uma fuga do Brasil.
Jair Bolsonaro diz estar a ser alvo de uma “suprema humilhação” após lhe ser colocada uma pulseira eletrónica para evitar uma fuga do Brasil.
Isto surgiu na sequência de a Polícia Federal do Brasil ter feito, esta sexta-feira, buscas e apreensões em domicílios ligados ao ex-presidente (2019-2022), processado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado.
As autoridades judiciárias consideram que, juntamente com um dos filhos, Bolsonaro está a agir para dificultar o processo em que é acusado por tentativa de golpe de Estado e que se encontra em análise pela justiça brasileira.
Imagens divulgadas pela rede GloboNews mostraram veículos da Polícia Federal na residência de Bolsonaro, na capital brasileira. Outra ordem de busca e apreensão ocorreu também na sede do Partido Liberal (PL), por ele liderado.
Além do uso de pulseira eletrónica, entre as medidas adotadas por ordem do STF contra Jair Bolsonaro estão a proibição de usar redes sociais e de comunicar com o filho Eduardo Bolsonaro.
O ex-Presidente deverá permanecer em casa no horário noturno, das 19h00 às 07h00, e nos fins de semana, e não poderá comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros nem aproximar-se de embaixadas.
“Suprema humilhação”
“Não posso me aproximar de embaixada, tenho horário para ficar na rua e, no meu entender, o objetivo das medidas cautelares é uma suprema humilhação. Esse que é o objetivo”, declarou Bolsonaro, em reação aos jornalistas.
Os investigadores apontaram que as ações de Bolsonaro para, alegadamente, dificultar o processo em que é acusado, podem caracterizar crimes de coação no decorrer do processo, obstrução de Justiça e ataque à soberania nacional.
Eduardo Bolsonaro, deputado e filho do ex-Presidente, está nos Estados Unidos desde março com recursos enviados pelo pai a liderar uma campanha que pede embargos ao Brasil e punições a juízes e autoridades ligadas ao processo.
Bolsonaro justificou que o seu filho está nos Estados Unidos para “lutar por democracia e por liberdade” e afirmou que nunca teve intenção de sair do Brasil, motivo que justificou a decisão de aplicação de uma pulseira eletrónica.
“Nunca pensei em sair do Brasil ou ir para embaixada”, declarou.
Trump pode influenciar processo?
As buscas ocorrem no âmbito de uma investigação aberta no Supremo Tribunal Federal na última sexta-feira, dois dias depois do anúncio de Donald Trump de imposição de uma taxa de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil e de ter criticado a acusação contra Bolsonaro.
Eduardo Bolsonaro tem-se gabado de ter influenciado a decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de aplicar uma taxa de 50% ao Brasil a partir do próximo dia 1 de agosto.
O líder da extrema-direita brasileira, por seu turno, desvalorizou a atuação do seu filho nos Estados Unidos dizendo que a tarifa de 50% sobre exportações imposta contra o Brasil não tem relação com a sua família.
“O mundo inteiro está sob tarifas do Trump”, disse Bolsonaro, que expressou explicitamente apoio ao chefe de Estado norte-americano.
O ex-Presidente brasileiro afirmou que os Estados Unidos são um país que “projeta liberdade e não fariam nada contra a democracia no Brasil”.
Questionado se achava correto o seu processo criminal na justiça brasileira ser colocado como condição de uma negociação para evitar as tarifas impostas pelos EUA, Bolsonaro disse aos jornalistas para fazerem essa pergunta a Trump.
ZAP // Lusa