Dados oficiais revelam que apenas um hospital do Serviço Nacional de Saúde apresentava contas positivas até outubro de 2017, e apenas três conseguiram melhores EBITDA.
Em 30 hospitais ou centros hospitalares, apenas três conseguiram melhores EBITDA – sigla inglesa para resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortização – em relação ao ano anterior: Amadora-Sintra, Setúbal e Santa Maria Maior, de Barcelos.
No entanto, se nos centrarmos apenas nas unidades que tinham as contas em terreno positivo, o universos restringe-se apenas a um hospital do SNS – o da Figueira da Foz, com saldo de 0,2 milhões.
As contas são do Diário de Notícias, que se baseou no EBITDA acumulado até ao mês de outubro, o último com dados publicados na monitorização mensagem e no benchmarking da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), para o qual são apresentados números do período homólogo.
Na semana passada, o ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes anunciou a criação da unidade de missão que vai controlar as contas do setor.
Em relação aos pagamentos vencidos a fornecedores externos, no ano passado, apenas três instituições hospitalares reduziram as suas dívidas a mais de 90 dias até outubro: Lisboa Central, Santarém e Cova da Beira.
De acordo com os dados da ACSS, no total, a dívida vencida situava-se nos 1,4 milhões de euros, ou seja, mais 30% do que em igual período de 2016. Esta situação levou o Governo a transferir mais de 500 milhões para reduzir estes números, cerca de 65 milhões dos quais para Unidades Locais de Saúde.
Adalberto Campos Fernandes disse que é preciso “ajudar aqueles que têm pior desempenho a aproximar-se das melhores práticas”, reconhecendo também que “em nenhuma parte do mundo civilizado se viu a questão da sustentabilidade definitiva e duradoura ter sido resolvida”, isto porque há variáveis que “não controlamos“, como a inovação terapêutica ou a transição demográfica.
Já os gestores recusam que o ónus recaia sobre as administrações. O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares disse ao DN que muito do desperdício é causado pelas regras a que as unidades estão sujeitas.
“Os hospitais têm de pedir autorização caso a caso para contratar, o que pode gerar situações em que a falta de profissionais leva ao adiamento de procedimentos, o que gera desperdício”, explicou Alexandre Lourenço.
“Quando temos de fazer uma compra, o processo demora meses e muitas vezes recorre-se a ajustes diretos, que também não é o método mais eficiente”, concluiu.