“Traquinice acabou e agora é para a frente”. Rio não quer berrarias e Passos “não vai dar para este peditório”

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Rui Rio abriu o 38.º Congresso do PSD, em Viana do Castelo, a apelar à união e deixando claro que quer manter o partido ao centro e sem entrar em berrarias “do bota-abaixo”. “Traquinice acabou e agora é para a frente”, como resume Alberto João Jardim numa altura em que o nome de Passos Coelho, que não deve marcar presença no congresso, é o que mais ecoa nos corredores.

“Estão a lançar alguém que de certeza absoluta não vai dar para este peditório“. A reacção é de Salvador Malheiro, presidente da Câmara Municipal de Ovar e um dos homens fortes de Rui Rio quando confrontado pelo programa “Bloco Central” da TSF com um eventual regresso de Passos Coelho à vida política activa no PSD.

O fantasma de Passos deverá pairar ao longo de todo o congresso, embora Salvador Malheiro diga que não acredita que isso aconteça. Já Hugo Soares, uma das vozes discordantes de Rio, assume que sente “saudades de Passos Coelho do ponto de vista da sua intervenção política”, considerando que foi “o melhor primeiro-ministro que Portugal teve desde o 25 de Abril”.

Mas, neste congresso, é tempo de “aplaudir Rui Rio”, refere Hugo Soares, realçando que o seu discurso foi “muito coerente com o que tem feito ao longo dos últimos dois anos” e concordando que “a implantação territorial do PSD no poder local tem de ser uma prioridade no PSD”. “O PSD tem de ter o objectivo de ganhar mais Câmaras Municipais do que as que tem”, aponta.

Apostar tudo nas autárquicas com um PSD ao centro

No seu discurso, Rio apontou as próximas eleições autárquicas como o seu grande objectivo de modo a conseguir uma “implantação autárquica fortemente reforçada”. “Temos, em 2021, de recuperar o terreno perdido em 2013 e em 2017. Recuperar presidências de Câmara, mas também de vereadores e eleitos de freguesia”, considerou.

Certo também é que Rio quer um PSD ao centro, aliás como reflecte a sua moção de estratégia global intitulada “Portugal ao Centro”.

“Uma coisa é o PSD conseguir ser o líder de uma opção à direita da maioria de esquerda que nos tem governado, outra, completamente diferente, é sermos nós próprios a direita”, alertou o líder dos sociais-democratas. Para Rio, “deslocar o PSD para a direita é desvirtuar” os seus princípios e valores e “afunilar eleitoralmente o partido, em direcção a um espaço onde já não há nada praticamente a ganhar”.

Rio também entende que o partido não deve ser uma “agência de empregos políticos”, nem enveredar por uma “política do bota-abaixo e da crítica sem critério nem coerência”. “Se berra mais alto, se diz mal de tudo o que o Governo faz, se não concorda com nada… É isto que eu não quero que o PSD faça sob a minha liderança”, reforçou.

O líder do PSD prometeu ainda que o partido será “uma oposição credível e realista”, aproveitando para apontar o dedo a “alguns críticos internos” que defenderam outra estratégia e alertando que se a tivesse seguido “teria tido o mesmo resultado eleitoral que outros partidos tiveram”, numa referência implícita ao CDS, e que “o PS estaria provavelmente sentado numa maioria absoluta”.

Tendo em conta que o Congresso arranca três semanas depois de eleições directas muito disputadas e que levaram o PSD a uma inédita segunda volta, Rio começou logo por referir-se a esse processo do qual saiu vencedor. “Aos que em mim votaram, agradeço a confiança depositada, não só tudo farei para a justificar, como também procurarei conquistar a confiança dos nossos companheiros que democraticamente votaram numa das outras duas candidaturas concorrentes”, disse o presidente do PSD.

Um apelo à união a que Alberto João Jardim se juntou logo à chegada ao Congresso, em declarações aos jornalistas. “Essas conversas de união e desunião acabou, quem dirige o partido não pode estar preocupado com os meninos traquinas cá dentro. A traquinice acabou e agora é para a frente, quem perturbar assume as consequências da perturbação que estão nos estatutos”, referiu o ex-presidente do Governo Regional da Madeira.

Luís Montenegro que se sentiu visado nas declarações tratou de apontar que o próprio Jardim “também teve alguns momentos de traquinice, enquanto político”, mas garantiu que é apenas “um entre os demais” no Congresso e que vai participar “como delegado” para “ouvir” as “intervenções”.

Também o vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, o outro derrotado por Rio nas eleições do PSD, disse que vai “ouvir” Rio, manifestando-se “disponível sempre para estar nas lutas mais difíceis”.

O antigo líder da JSD, Pedro Duarte, disse esperar que o Congresso seja um momento de unidade e que no domingo haja “um partido com líder e não um líder com partido“, apelando à “unidade”, ao “sentido de coesão” e a que estejam todos a “remar no mesmo sentido”.

Também o líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, abafou as divergências recentes com Rio, afirmando que a comunicação com o líder nacional do seu partido “está óptima” e que houve uma conversa que permitiu “um entendimento”.

O eurodeputado Paulo Rangel antecipou que o Congresso será “claramente orientado para relançar o partido para a governação“, considerando que o resultado das eleições directas confirmam a aposta numa “estratégia de médio prazo”. “Nesta votação do Orçamento do Estado e em algumas propostas que o PSD fez já está claro qual é o nosso rumo de governação”, apontou.

Congresso decorre até domingo

“Todos por Portugal” é o lema do Congresso que conta com a presença de 950 delegados e de 175 participantes e que arranca três semanas depois de eleições directas muito disputadas e que levaram o PSD a uma inédita segunda volta.

De recordar que Rui Rio foi reeleito para um segundo mandato à frente do PSD com 53,2% dos votos, contra 46,8% de Luís Montenegro. Pelo caminho, ficou Miguel Pinto Luz que conseguiu 9,5% dos votos na primeira volta.

Rui Rio anunciou na noite das directas que não iria, ao contrário do que fez há dois anos, tentar uma lista de unidade com o candidato derrotado, assumindo que teria uma lista própria ao Conselho Nacional. Há dois anos, foi o eurodeputado Paulo Rangel o primeiro nome indicado pelo actual presidente (teve como número um o candidato derrotado de 2018, Pedro Santana Lopes).

O Conselho Nacional, órgão máximo do partido entre congressos, será como habitualmente o espelho das várias sensibilidades do partido, sendo já certas, além da lista da direcção, outra de apoiantes de Montenegro – que deverá ser encabeçada pelo presidente da Câmara Municipal de Famalicão, Paulo Cunha -, uma de Carlos Eduardo Reis (que liderou a segunda lista mais votada no último Congresso) e uma com o presidente da distrital de Setúbal, Bruno Vitorino, como primeiro nome.

Também Joaquim Biancard Cruz deverá voltar a apresentar uma lista ao Conselho Nacional (com nomes como o deputado Duarte Marques e a eurodeputada Lídia Pereira), tal como o deputado e ex-candidato a líder da JSD André Neves.

Em Viana do Castelo, serão também apresentadas  13 moções sectoriais ao Congresso, com temas como a introdução de primárias no PSD, a eutanásia ou a Segurança Social.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Ó Rio, ainda não percebeste que a tua vida já passou para o outro lado do “Rio Jordão”?
    Estas a dar cabo do que resta da Democracia em PT. O CDS e o PPD, com tipos como tu não tem hipoteses.
    Tu és dos tais que pertencem ao grupo dos que não sabem o que dizem, nem sabem o que fzem, interessa é “Poder” de qualquer maneira.
    Não somos todos burros. Estas a atirar-te aos burros, mas eles preferem Burros mais inteligentes que tu

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