Consequência do fim do transporte de gás natural russo através da Ucrânia. Vistam mais roupas e juntem a família numa única divisão.
Já há consequências do fim do transporte de gás natural russo para a Europa, através da Ucrânia.
A quebra no acordo entre o sistema ucraniano de transporte de gás natural e a empresa russa Gazprom confirmou-se hoje, 1 de janeiro, e a Transnístria já está a sentir o fim desse acordo histórico.
A região separatista da Transnístria, na Moldávia, cortou o fornecimento de aquecimento e água quente às famílias.
“Não há aquecimento nem água quente”, disse uma funcionária da empresa de energia local, Tirasteploenergo.
Os cortes de aquecimento entraram em vigor às 7h da manhã desta quarta-feira, mas algumas instalações, como hospitais, escaparam ao corte.
Ao The Guardian, a mesma responsável avisou que não sabia durante quanto tempo iria durar esta situação.
A Tirasteploenergo aconselha os habitantes locais a vestirem mais roupa, a juntarem os familiares numa única divisão, a pendurarem cobertores ou cortinas grossas nas janelas e portas das varandas, e a usarem aquecedores elétricos.
“É proibido o uso de fogões a gás ou elétricos para aquecimento do apartamento. Isto pode originar uma tragédia”, admitiu a empresa.
A Transnístria separou-se da Moldávia em 1991 (fim da União Soviética) e tem fortes ligações com a Rússia. Era uma das regiões que recebiam gás natural russo através da Ucrânia.
A Moldávia declarou mesmo o estado de emergência. Este país vê ser-lhe cortado o fornecimento de gás russo no contexto de uma disputa financeira com esta antiga república soviética que acaba de reeleger Maia Sandu, uma Presidente pró-Europa.
Reações
A suspensão, a partir de hoje, do transporte de gás natural russo através da Ucrânia foi bem recebida pela Polónia e Áustria, mas deixaram a Hungria e a Eslováquia inquietas.
A reação mais exuberante até agora foi da Polónia, onde o ministro dos Negócios Estrangeiros considerou o gesto como “uma nova vitória” sobre Moscovo.
Cortar a capacidade de Moscovo exportar gás diretamente para a União Europeia (UE) é “uma nova vitória após o alargamento da NATO à Finlândia e à Suécia”, considerou Radoslaw Sikorski, na rede social X.
Por seu lado, a Áustria mostrou-se calma, adiantando que o fornecimento de gás ao país está garantido.
“Fizemos o nosso trabalho e estamos bem preparados para este cenário”, afirmou a ministra da Energia, Leonore Gewessler, explicando que o Governo já tinha feito contratos para fornecimento de gás natural através de outras rotas e fornecedores.
Além disso, o país da Europa Central tem capacidade para importar anualmente um valor muito alto de energia à Alemanha e à Itália.
O corte de fornecimento de gás pela russa Gazprom à Áustria já tinha acontecido em meados de novembro devido a um litígio sobre o cumprimento de contratos com a empresa austríaca de hidrocarbonetos OMV, a maior da Europa Central e propriedade do Estado austríaco.
As entidades gestoras de energia e o Governo alertaram então que estavam preparados para a situação, que a Áustria tem alternativas para abastecer estes fornecimentos e não sofrerá escassez, apesar de até então ter adquirido à Rússia mais de 80% do gás que consumiu.
Já na Eslováquia, a reação foi muito diferente. O primeiro-ministro, Robert Fico, alertou para as graves consequências da interrupção do trânsito de gás através da Ucrânia, afirmando que “terá um impacto drástico para todos na UE e não apenas para a Federação Russa”.
Se a dependência da Europa foi significativamente reduzida desde o início da guerra na Ucrânia, os Estados localizados no Leste continuam a obter fornecimentos significativos de Moscovo.
Robert Fico, que continua próximo de Vladimir Putin e cujo país é muito dependente do fornecimento de gás russo, deslocou-se a Moscovo no dia 22 de dezembro para tentar encontrar uma solução urgente.
A Hungria, que será afetada apenas marginalmente já que a maior parte das suas importações de gás russo são recebidas através do TurkStream, que passa sob o Mar Negro, também criticou a situação, com o primeiro-ministro, Viktor Orbán, a defender que não se devia “abandonar esta estrada”.
ZAP // Lusa
Estamos a mais de 1000 dias de guerra e ainda temos países da Europa que nada fizeram para arranjar soluções e alternativas ao gás e óleo russo. Se a russia amanhã deixasse de ter gás e petróleo estes incompetentes que se dizem governadores deixavam morrer a própria população de certeza. Porque não era segredo que a Ucrânia não ia renovar o contrato. Porque reclamam pela próprias decisões de não fazer nada?
É bom que sintam na pele aquilo a que os ucranianos têm sido sujeitos devido à permanente destruição da sua infraestrutura energética. Pode ser que se apercebam como o monstro russo não é desejado em lugar nenhum!