Representantes dos trabalhadores da Carris, de organizações sindicais afetas à UGT, abandonaram esta quinta-feira uma reunião alargada com o grupo parlamentar do PCP devido à presença de representantes da FECTRANS, pertencente à CGTP.
O líder da Comissão de Trabalhadores da empresa entretanto municipalizada, Paulo Gonçalves, disse que o seu organismo e os sindicatos que tinham requerido o encontro em primeiro lugar – Sindicato Nacional dos Motoristas (SNM), Associação Sindical do Pessoal de Tráfego da Carris (ASPTC) e Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Afins (SITRA) -, “confrontados com a presença de outros elementos, entenderam não haver condições” para nele permanecerem.
“Aguardamos agora uma nova data que seja possível para todos. Se há conflitos entre UGT e CGTP isso não é comigo. Represento os trabalhadores. Agora, posso garantir uma coisa: O SITRA, que é da UGT, está plenamente de acordo com a nossa posição”, disse à Lusa Paulo Gonçalves, depois de sair do Parlamento, ao cabo de 20 minutos.
Segundo o deputado comunista Bruno Dias, depois do pedido de reunião efetuado por aquelas quatro estruturas, a presença de mais representantes de trabalhadores tinha sido comunicada às mesmas.
Aquele conjunto de representantes de trabalhadores tinha já emitido um comunicado no qual se mostrava a favor da transferência da transportadora para a Câmara Municipal de Lisboa e contra o pedido de apreciação parlamentar do PCP sobre o decreto-lei do Governo socialista.
“Fomos convidados para uma reunião com organizações de trabalhadores, estivemos presentes, discutimos aquilo que quisemos e apresentámos as matérias que entendemos que devem ser discutidas e, a partir daí, não nos pronunciamos sobre a posição de outros”, declarou à saída de cerca de hora e meia de reunião com os comunistas o coordenador nacional da FECTRANS (Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações), José Manuel Oliveira.
O mesmo dirigente sindical congratulou-se com a intenção do PCP de apresentar propostas de alteração aos decretos-lei sobre a Carris e a STCP e não cessação da sua vigência, com o objetivo de impedir uma futura privatização e de proteção dos direitos dos trabalhadores, nomeadamente através da manutenção da contratação coletiva.
Na edição de hoje do jornal oficial dos comunistas, “Avante!”, dois artigos de opinião, da autoria dos militantes Anabela Fino e Filipe Diniz e intitulados “A ‘concertação social'” e “Se, por acaso” visam o secretário-geral da central sindical rival da CGTP, a UGT, dirigida por Carlos Silva, focando a polémica redução da Taxa Social Única, já revogada, em troca do aumento do Salário Mínimo Nacional.
“Desde que foi criada, a UGT assina religiosamente tudo que os governos e o patronato lhe colocam à frente (… ) Ao que parece, e perante as enormidades que proferiu, Carlos Silva foi aconselhado a ir ao médico. É escusado. O problema não é individual, é da instituição. E não tem cura”, lê-se.
No outro texto, está escrito que “percebe-se que o homem, abalado pelo ‘TSUnami’ e frustrado pela inutilidade de tanto esforço, tenha entrado em desespero e feito um ultimato” (…) não nos sentaremos à mesa das negociações, nem assinaremos qualquer aditamento’, se a CGTP quiser entrar na discussão”.
“Para a eventualidade, – pouco provável, há que reconhecer -, de o secretário-geral da UGT de serviço ser assaltado por uma réstia de pudor devido à sua falta de coerência, deixamos uma sugestão: não se sente, homem, assine de pé“, ironiza-se no texto.
As apreciações parlamentares requeridas pelo PCP sobre as transportadoras terrestres de Lisboa e do Porto vão acontecer na sexta-feira, 24 de fevereiro, na Assembleia da República.
Entretanto, o PCP vai receber na tarde de sexta-feira a Comissão de Utentes da Carris também no Parlamento, além de ter uma reunião agendada com organizações representativas dos trabalhadores da STCP para segunda-feira, na cidade invicta.
// Lusa