Há uma nova teoria que potencialmente explica a misteriosa forma dos asteroides Bennu e Ryugu. Em causa podem estar deslizamentos de terra.
Bennu e Ryugu são dois dos mais famosos asteroides conhecidos atualmente. A sua forma de diamante sempre foi um dos aspetos que intrigou cientistas ao longo dos tempos.
No ano passado, um estudo parecia ter desvendado o segredo por trás do seu estranho formato. A equipa de investigadores do Japão e dos Estados Unidos mostraram que a forma dos asteroides, parecida a um diamante, pode ser explicada por sedimento de partículas.
Agora, menos de um ano mais tarde, uma equipa de investigadores fornece uma nova teoria que volta a trazer o debate à mesa.
Ishan Sharma e os seus colegas do Instituto Indiano de Tecnologia Kanpur sugerem que asteroides que têm a forma de piões, como o Bennu e o Ryugu, podem ter sido moldados por uma série de enormes deslizamentos de terra.
Além disso, este fenómeno pode também ter contribuído para abrandar a sua rotação e evitar que se desintegrassem. Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista Proceedings of the Royal Society A.
O Bennu, por exemplo, é provavelmente um asteróide feito de escombros, ou seja, em vez de uma grande rocha, é feito de muitos bocadinhos de rocha mantidos juntos pela gravidade, explica a New Scientist. Isto significa que um impacto relativamente pequeno de outra rocha espacial poderá causar deslizamentos de terra.
Os investigadores identificaram uma espécie de pescadinha de rabo na boca. A rotação do asteroide direciona o fluxo de entulho e, paralelamente, o entulho em movimento afeta a sua rotação.
“Os deslizamentos de terra normalmente fluem em direção ao equador do corpo, aumentando assim o volume no meio e diminuindo a velocidade, assim como uma bailarina a girar abre os braços”, diz Sharma.
Ao longo dos últimos 1,75 milhões de anos, os cientistas estimaram que Bennu tenha sido atingido por cerca de 25 rochas espaciais grandes o suficiente para causar grandes deslizamentos de terra. Isto teria diminuído a sua taxa de rotação em cerca de 0,1 voltas por hora, enquanto engrossava o equador do asteroide, dando-lhe a forma que vemos hoje.
Com meio quilómetro de comprimento, o Bennu é o asteróide mais perigoso do Sistema Solar, tal como um outro chamado 1950 DA. A trajetória e duração de 1.2 anos da sua órbita significa que vai aproximar-se várias vezes da Terra nos próximos séculos, com o potencial de poder colidir com o nosso planeta.
Um novo estudo da NASA analisou com mais detalhe a órbita do Bennu e aumentou ligeiramente a probabilidade de colisão com a Terra — mas calma, porque o risco continua muito baixo.