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O asteróide Bennu é o mais perigoso do Sistema Solar – e o risco de atingir a Terra aumentou

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NASA

Um novo estudo da NASA analisou com mais detalhe a órbita do Bennu e aumentou ligeiramente a probabilidade de colisão com a Terra – mas calma, porque o risco continua muito baixo.

Já não devemos cá estar para o presenciar, mas sempre podemos marcar no calendário: o dia 24 de setembro de 2182 será o dia em que o asteróide Bennu terá maior probabilidade de colidir com a Terra nos próximos 300 anos.

Num estudo publicado a 11 de Agosto, os investigadores da NASA usaram dados precisos de rastreamento da nave espacial OSIRIS-REx – que durante dois anos fez observações detalhadas enquanto esteve na órbita do Bennu – para perceberem os movimentos do asteróide e calcular a probabilidade de colidir com a Terra.

A probabilidade de colisão é de apenas 0.057% – ou de uma em 11 750. A 24 de Setembro de 2182, o Bennu vai ter uma probabilidade de 0.037% de chocar com a Terra, ou seja, uma em cada 2700. Cálculos anteriores apontavam para uma probabilidade de um em 2700 até ao ano 2200.

“Os dados do OSIRIS-REX deram-nos muitas informações precisas, podemos testar os limites dos nossos modelos e calcular a trajectória futura do Bennu com um grau de certeza muito mais alto até 2135”, afirma o engenheiro de navegação David Farnocchia, do Centro de Estudo de Objectos Próximos da Terra da NASA.

Com meio quilómetro de comprimento, o Bennu é o asteróide mais perigoso do Sistema Solar, tal como um outro chamado 1950 DA. A trajectória e duração de 1.2 anos da sua órbita significa que vai aproximar-se várias vezes da Terra nos próximos séculos, com o potencial de poder colidir com o nosso planeta.

Enquanto estava na órbita do Bennu, a OSIRIS-REx tirou medidas que fez com que os astrónomos se apercebessem de um fenómeno chamado efeito Yarkovsky, que é pequeno, mas pode acumular-se ao longo do tempo.

O efeito Yarkovsky resulta do impacto do calor no lado do asteróide virado para o Sol. Quando o Bennu gira, o calor armazenado continua a ser libertado na forma de radiação térmica, o que cria um pequeno impulso da rocha. O impacto imediato deste impulso é minúsculo, mas ao longo do tempo pode ter um papel importante na rota do Bennu.

“O efeito Yarkovsky acontece com asteróides de todos os tamanhos, e apesar de ter sido medido numa fracção pequena da população até agora, a OSIRIS-REx deu-nos a primeira oportunidade de o medir com detalhe enquanto o Bennu viajava à volta do Sol”, afirma o astrónomo Steve Chesley.

Há também momentos na órbita do Bennu em que uma pequena “acotovelada” da gravidade da Terra pode ser o suficiente para que o asteróide entre numa rota de colisão, mas o estudo mais aprofundado sobre a sua trajectória permitiu aos investigadores excluir alguns destes efeitos gravitacionais dessa hipótese.

A equipa teve também em conta a influência dos campos de gravidade do Sol e de outros planetas ou asteróides, do vento solar, do pó do espaço e do pó do próprio Bennu.

Mesmo com o pequeno aumento de risco de colisão que os novos cálculos trouxeram, a probabilidade continua bastante baixa, por isso ainda não é preciso ir buscar o manual de sobrevivência a um impacto de um asteróide. No entanto, este estudo vem mostrar a diferença que a análise de dados com maior precisão pode fazer.

“Os dados da órbita desta missão ajudaram-nos a apreciar melhor a oportunidade de imapcto do Bennu nos próximos séculos e o nosso entendimento geral de asteróides potencialmente perigosos – um resultado incrível“, conclui o astrónomo Dante Lauretta.

AP, ZAP //

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