“Temos de nos apoiar”. EUA propõem colaborar com Portugal, após ciberataque ao EMGFA

Mário Cruz / Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

“Isto é um campo em que estamos todos a aprender. Temos todos vulnerabilidades e temos de nos apoiar uns aos outros”, afirmou João Gomes Cravinho, após se encontrar com Antony Blinken.

Os Estados Unidos propuseram colaborar com Portugal na área da cibersegurança, na sequência do ciberataque contra o Estado-Maior-General das Forças Armadas que expôs documentos da NATO, revelou João Gomes Cravinho, o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português.

O MNE reuniu-se em Washington com Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, e com Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA. A reunião serviu para abordar o ciberataque ao Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA)

“Nós tivemos a oportunidade de falar brevemente [sobre o ciberataque] com Jake Sullivan, um pouco mais com Antony Blinken. Os ânimos estão muito serenos, até porque, como sublinhava Blinken, de maneira muitíssimo sincera, isto é um campo em que estamos todos a aprender. Temos todos vulnerabilidades e temos de nos apoiar uns aos outros”, realçou João Gomes Cravinho.

“Ficamos muito satisfeitos com algumas propostas americanas em relação a formas de colaboração connosco, para fechar eventuais portas e janelas que possam estar abertas. Isto é um campo muito técnico, muito complexo e os nossos especialistas estão a trabalhar afincadamente em colaboração com a NATO, em colaboração com aliados, como os Estados Unidos. E, portanto, aquilo que nós fizemos aqui foi simplesmente constatar a disponibilidade para continuar essa boa colaboração que temos vindo a ter”, acrescentou o ministro português.

O Ministério Público abriu esta semana um inquérito ligado ao ciberataque contra o EMGFA, no qual centenas de documentos secretos e confidenciais enviados pela NATO a Portugal foram intercetados por hackers e colocados à venda na ‘dark web’.

Os piratas informáticos terão acedido ao sistema informático através de um computador pessoal de um funcionário. Outra hipótese é a de terem exfiltrado dados depois de conseguirem entrar numa das redes não seguras das Forças Armadas.

O Governo português foi informado da situação pelos serviços de informações norte-americanos, através de uma comunicação que terá sido feita diretamente ao primeiro-ministro, António Costa, em agosto.

Este caso é considerado de “extrema gravidade” e terão sido os ciberespiões norte-americanos a detetar centenas de documentos enviados pela NATO a Portugal, classificados como secretos e confidenciais, à venda na ‘dark web’.

Na altura, o Ministério da Defesa Nacional afirmou que já estava a averiguar “todos os indícios de potencial quebra de segurança informática” e alegou a “sensibilidade” daqueles processos para não se pronunciar sobre a noticiada exfiltração de documentos da NATO, avança o Diário de Notícias.

Os hackers terão estado escondidos durante “largas semanas ou vários meses” enquanto acediam a informação privilegiada no EMGFA.

“Pelo facto da documentação exfiltrada estar associada a vários momentos temporais acredito que, eventualmente, terá havido um tempo prolongado de permanência oculto nos sistemas da vítima ou na própria rede. Não foi algo certamente instantâneo”, sublinhou Bruno Castro, especialista em cibersegurança.

ZAP //

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