Documentos da NATO enviados a Portugal foram intercetados e colocados à venda na ‘dark web’

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Centenas de documentos secretos e confidenciais enviados pela NATO a Portugal foram intercetados por hackers e colocados à venda na ‘dark web’, num ciberataque ao Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), que terá sido “prolongado e sem precedentes”.

Segundo avançou esta quinta-feira o Diário de Notícias, foram ciberespiões dos Serviços de Informações dos Estados Unidos (EUA) que detetaram a tentativa de venda destes documentos, tendo a Embaixada norte-americana em Lisboa comunicado a interceção dos documentos e o seu roubo ao Governo português.

Fonte ouvidas pelo jornal diário indicaram que o caso é considerado de “extrema gravidade”, com um primeiro inquérito a concluir que não terão sido cumpridas regras de segurança definidas para a transmissão de documentos classificados.

Ao invés da circulação através do Sistema Integrado de Comunicações Militares (SICOM), os documentos terão circulado em linhas não seguras, o que terá levado os hackers a se apropriarem da informação.

“O Governo pode garantir que o ministério da Defesa Nacional e as Forças Armadas trabalham diariamente para que a credibilidade de Portugal, como membro fundador da Aliança Atlântica, permaneça intacta”, disse uma fonte oficial do Executivo.

Contactado pela Renascença, o presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), Jorge Bacelar Gouveia, considerou o sucedido uma falha “grave” e “preocupante”.

“É uma quebra na reserva e na confidencialidade de dados muito importantes, neste caso dados da NATO, que neste momento está envolvida numa ação de defesa não declarada em relação a uma guerra que está a ocorrer entre a Rússia e a Ucrânia. E, portanto, vejo com a maior das preocupações aquilo que se passou”, indicou.

A NATO terá exigido explicações ao Governo, algo “natural”, na opinião do presidente do OSCOT, que cita a “responsabilidade” acrescida de Portugal “enquanto membro fundador” daquela aliança.

“Mesmo que tenha havido aqui uma vulnerabilidade informática, a verdade é que nós estávamos alertados para isso”, referiu, sublinhando: “se os ataques informáticos agora se multiplicaram em larga escala em grandes empresas, era de esperar também que esses ataques chegassem às estruturas de segurança nacional e às estruturas de defesa”.

Nesse contexto, “é preciso saber então que planos foram feitos e que cautelas é que foram tomadas, por parte das autoridades de defesa nacional, para prevenir uma coisa que estava escrito nas estrelas que iria acontecer”.

Já o Estado-Maior General das Forças Armadas disse à mesma estação de rádio que está a analisar a divulgação da notícia, sem comentar. O Ministério da Defesa informou que “todos os ciberataques são objeto de coordenação estreita entre as entidades que, em Portugal, são responsáveis pela cibersegurança”.

Ao Observador, o presidente do Observatório de Segurança Interna, Hugo Costeira, referiu que, tendo em conta o contexto atual de guerra na Europa, a divulgação de documentos confidenciais da NATO enviados a Portugal é “grave”.

“Os documentos podem envolver informações estratégicas sobre ações da NATO, informações recolhidas no terreno ou colocação de meios. Pode ser efetivamente grave. Podem revelar informações que não deveriam ser reveladas”, apontou, notando o conteúdo e o período temporal a que se referem são conhecidos.

Na sua opinião, Portugal não está a fazer o suficiente ao nível de cibersegurança, sendo “necessário olhar de uma vez por todas para as carreiras dos serviços de informações da República Portuguesa”. “Estão estagnadas há décadas e, assim, é impossível recrutar quadros para a cibersegurança”, acrescentou.

Taísa Pagno //

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3 Comments

  1. Ai está. A NATO! pra que serve isso. Nem conseguem proteger documento. Querem proteger Países? A Nato. Pena que muito soldado morre á conta de meia duzia de idiotas que só dão a cara num fetiche de sadomasoquismo. Acordem. para maus Políticos. O Povo tem o poder sempre.Sempre.

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