“Despeitado à porta do altar porque a noiva escolheu outro.” Telmo Correia e Nuno Melo criticam líder do CDS

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José Sena Goulão / Lusa

Nuno Melo, do CDS/PP

Nuno Melo

O eurodeputado Nuno Melo e o líder da bancada centrista, Telmo Correia, reagiram esta quinta-feira às declarações de Francisco Rodrigues dos Santos, que entende que o PSD “decidiu estar mais próximo de António Costa do que de Sá Carneiro” ao recusar uma coligação com os centristas.

O eurodeputado Nuno Melo acusou o líder do CDS de ter colocado o partido numa “posição totalmente humilhante em relação ao PSD, subalterna nas ideias, submissa na estratégia e subserviente nas condições”.

Nuno Melo, que chegou a apresentar uma candidatura à liderança do partido num congresso que a direção de Francisco Rodrigues dos Santos decidiu adiar, utilizou o Facebook para comentar o reflexo da decisão do PSD de se apresentar sozinho a votos nas legislativas de 30 de janeiro.

O deputado europeu argumentou que “a direção do CDS fechou-se na estratégia de uma coligação com o PSD a qualquer preço, que pedinchou com insistência e na qual colocou todas as fichas”.

“Nunca houve a preocupação, ou até a previdência, de preparar e motivar o partido para o desígnio sempre natural, que é o de se apresentar a votos em listas próprias”, acrescentou.

“Pelo contrario, valeu tudo, mesmo a possibilidade de o CDS acabar engolido numa estratégia de Bloco Central, apenas para que o atual líder e alguns dos apoiantes mais fanáticos acabassem deputados, sem terem de se apresentar a sufrágio diretamente”, acusou ainda.

O eurodeputado alegou que quem tem experiência política “conhece uma regra essencial”, a de que o PSD “só respeita um CDS forte”, para concluir de seguida: “Agindo como agiu, a atual liderança do CDS humilhou o Partido, entregando-o incondicionalmente em todas as intervenções públicas nas mãos do PSD”.

“Até por isso, aqui chegados, depois da recusa do PSD (que se disse indisponível para um ato de ‘caridade’ e ‘misericórdia’ face ao CDS – expressões nunca vistas mas ditas por dirigentes sociais-democratas) ver o líder do CDS atacar agora o mesmo Dr. Rui Rio que antes elogiava, e a sua eventual estratégia, que nunca antes criticou, só torna mais tristemente ostensivo tudo quanto acaba de ser dito”, frisou.

Melo voltou a atacar Rodrigues dos Santos, afirmando que “quem fugiu do Congresso por medo, quem se entregou nas mãos do PSD por desespero, quem achou normal apresentar-se a eleições legislativas sem mandato, sem estratégia aprovada e sem Congresso, minou a sua própria credibilidade e arrastou o Partido para uma situação profundamente confrangedora”.

A terminar, o eurodeputado sublinhou que “o CDS não se pode confundir com a atual liderança” e prometeu continuar a bater-se pelo partido e lutar “com todas as forças por um futuro muito melhor”.

Também Telmo Correia, líder da bancada parlamentar centrista, recorreu à mesma rede social para criticar as declarações de Rodrigues dos Santos.

“De acordo com a liderança do CDS, o Dr. Rui Rio ao não querer levar o atual CDS à boleia escolheu António Costa em vez de escolher (pasme-se)… Sá Carneiro !!!?? Há poucas coisas piores em política do que a falta de sentido do ridículo“, escreveu.

Na publicação, Telmo Correia diz que a reação do líder do partido é “muito pouco credível”, tendo em conta que vem de alguém que “não reagiu às sucessivas referências de Rui Rio a entendimentos com o PS e ficou à espera de uma coligação”.

“A indignação agora soa muito ao despeito de quem pôs as fichas todas numa coligação, de forma acrítica; de quem queria lá saber de combater blocos centrais desde que houvesse lugares sem esforço e ficou até à última da hora (ou mesmo depois da hora) à espera da suposta coligação, sem ter protegido minimamente a dignidade da instituição que dirige”, acusou.

“Agora, é como se tivesse ficado despeitado à porta do altar, porque a noiva escolheu outro…

O líder da bancada do CDS-PP termina a mensagem afirmando ser “preciso defender o partido para além disto, com a legitimidade de quem disse as coisas na altura certa e nunca defendeu que se pedinchasse uma coligação: o CDS merece melhor!”

No quarta-feira, depois de conhecida a decisão do PSD, Francisco Rodrigues dos Santos publicou também uma mensagem no Facebook para considerar que se trata de “uma oportunidade para o CDS afirmar a única alternativa de direita responsável, aberta a todos os portugueses que querem derrotar o PS”.

“O PSD decidiu estar mais próximo de António Costa do que de Sá Carneiro. Podendo escolher a Aliança Democrática, recusou-a. Respeito a estratégia e saúdo a clarificação”, escreveu o líder centrista.

“Que fique claro, um voto no CDS não servirá para formar um Bloco Central, nem para viabilizar nenhum arranjinho com a esquerda”, rematou.

A Lusa tentou falar com o presidente do CDS, mas a sua assessoria de imprensa remeteu as declarações para esta sexta-feira.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

2 Comments

  1. “O eurodeputado Nuno Melo acusou o líder do CDS de ter colocado o partido numa “posição totalmente humilhante em relação ao PSD, subalterna nas ideias, submissa na estratégia e subserviente nas condições”.”

    É o que acontece quando colocam putos que querem a todos custo fazer parte de um lugar para o qual não estão preparados mas alucinados !

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