“Não é uma boa notícia”: taxas de juro iguais, Marcelo explica decisão do BCE

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Tiago Petinga / LUSA

Marcelo Rebelo de Sousa

O presidente da República aponta dois motivos para a decisão anunciada pelo Banco Central Europeu.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira que deixou as taxas de juro inalteradas, o que acontece pela quarta vez consecutiva desde outubro de 2023.

“O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) decidiu hoje manter as três taxas de juro diretoras do BCE inalteradas”, informou a instituição, após a reunião.

A taxa de depósitos permanece em 4%, o nível mais alto registado desde o lançamento da moeda única em 1999, enquanto a principal taxa de juro de refinanciamento fica em 4,5% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez permanece em 4,75%.

“Não é uma boa notícia”, reagiu Marcelo Rebelo de Sousa, em conversa com jornalistas.

O presidente da República não acredita que o motivo seja a inflação: “A verdadeira razão é outra. É a preocupação com as eleições americanas e europeias, com as suas consequências na guerra, e portanto no peso que isso pode ter na situação económica ao longo do ano de 2024. Daí o compasso de espera de mais três meses”, comentou.

Crescimento e inflação

O BCE reviu em baixa a projeção de crescimento da zona euro para 0,6% este ano e cortou a da taxa de inflação para 2,3%.

Os técnicos do banco central estão mais pessimistas sobre o crescimento dos países da moeda única face a dezembro, mas mais otimistas relativamente à trajetória da inflação.

As projeções da inflação apontam para um crescimento da zona euro de 0,6% em 2024, de 1,5% em 2025 e 1,6% em 2026, esperando assim que a atividade económica continue fraca no curto prazo, mas recupere posteriormente, apoiada, no início, pelo consumo e, mais tarde, pelo investimento.

Em dezembro, o BCE projetava que a economia da zona euro crescesse, em média, 0,8% em 2024 e 1,5% em 2025 e 2026.

O BCE reviu também em baixa a taxa de inflação, esperando que seja, em média, de 2,3% em 2024, 2% em 2025 e 1,9% em 2026.

Em dezembro projetava que a inflação global se situasse, em média, em 2,7% em 2024, 2,1% em 2025 e 1,9% em 2026.

Corte das taxas de juro em junho?

As declarações da presidente do BCE, Christine Lagarde, esta quinta-feira, criaram expectativa no mercado sobre o momento de um corte nas taxas, ao afirmar que os dados económicos decidiriam o próximo passo do banco e que em abril terá um “pouco” mais de informação e “muito mais em junho”.

A observação de Lagarde foi uma “indicação não muito subtil de que o BCE irá provavelmente esperar até junho antes de cortar as taxas”, consideram os analistas do ABN AMRO Financial Markets Research Nick Kounis e Aline Schuiling, numa nota de research.

“Assim que a maior parte dos dados estiver disponível no final de abril, e no cenário provável que aponte para uma moderação nas pressões salariais, o BCE deverá estar preparado para iniciar o ciclo de cortes nas taxas, o que esperamos que aconteça na reunião de junho”, prevê também Anna Stupnytska, economista da Fidelity International.

Uma opinião partilha pelo economista da Abrdn, Félix Feather, que prevê que “o primeiro corte nas taxas ocorra em junho, assim que o Conselho do BCE tiver em vista os dados salariais do primeiro trimestre”.

O mês de junho está também no horizonte dos mercados sobre a ação da Fed e ganhou força depois de o presidente da instituição, Jerome Powell, ter afirmado as taxas de juro “provavelmente atingiram o seu ponto máximo deste ciclo” e se as condições económicas o permitirem pode ser apropriado começar a reduzi-las este ano.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. “Marcelo explica”
    Há e haverá muito para explicar, mas não é esse o tema.
    Aguardamos a tradução, em bom português e sem sonsisse, de um discurso recente, que a C S. se tem “esquecido” de referenciar, e que foi proferido no evento de abertura das celebrações do 25 de Abril, cujo espírito conspurcou.
    Os aspirantes a psicólogos, sempre prontos a interpretar-lhe os discursos, desta vez nem piaram.

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