Os resistentes tardígrados, também conhecidos como ursos de água, podem não ter as proteínas necessárias para ver a cores.
Os tardígrados são conhecidos pela sua resistência, podendo, por exemplo, sobreviver a temperaturas extremas ou às condições exigentes da vida no Espaço. Mas, pelos vistos, parece que há uma coisa que não conseguem fazer: ver a cores.
Estas animais microscópicos extremófilos, também conhecidos como ursos de água, estão relacionados com os artrópodes — e estes últimos conseguem ver a cores por causa de proteínas sensíveis à luz chamadas opsinas, que têm um papel na visão e nos ritmos circadianos.
Os tardígrados também têm opsinas, mas pouco se sabia sobre o que fazem no seu caso, por isso, conta o site Live Science, cientistas decidiram analisá-los de forma mais aprofundada.
No novo estudo, cujas conclusões foram publicadas a 13 de julho na revista científica Genome Biology and Evolution, a equipa conduziu análises genéticas em duas espécies de tardígrados: Hypsibius exemplaris e Ramazzottius variornatus.
Além disso, também andou à procura de opsinas nos seus transcriptomas – coleções de informação de ADN que são transcritas como RNA, o que significa que são eventualmente traduzidas em proteínas que servem um propósito no corpo.
Nos dois casos, os investigadores identificaram múltiplas r-opsinas que estavam associadas à visão e monitorizaram a sua atividade durante três fases diferentes do ciclo de vida: ovo, jovem e adulto.
Embora as duas espécies tivessem múltiplas cópias de opsinas visuais ativas, as opsinas não respondiam a diferentes comprimentos de onda de luz. Em vez disso, certas opsinas visuais foram ativadas em diferentes quantidades durante uma determinada fase da vida, relataram os autores do estudo.
Surpreendentemente, algumas foram mais ativas quando os tardígrados ainda eram apenas ovos, ou seja, numa altura em que não havia grande utilidade para a sua visão.
“Tal como muitos trabalhos com tardígrados, este levanta muitas outras questões. Sugere que os tardígrados podem estar a usar algumas destas opsinas para propósitos não visuais”, afirmou James Fleming, do Museu de História Natural da Universidade de Oslo e autor principal do estudo.
Agora, quais são esses propósitos, ainda não se sabe. A equipa considera “improvável que sejam capazes de ver a cores”, no entanto, a presença de múltiplas e diversas opsinas sugere que a sensibilidade à luz pode influenciar o seu comportamento mais do que se pensava.