Poderá não haver interessados em comprar a TAP. Perda de dinheiro é inevitável

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Especialistas temem que poderá não haver interessados em comprar a TAP devido à situação da companhia aérea. A perda de dinheiro parece inevitável.

O processo para a venda do capital da TAP já deverá ter arrancado, com António Costa a definir como meta a privatização em 12 meses. O Governo não revela detalhes do negócio, mas já assumiu que pode vir a perder dinheiro.

Atualmente, o Estado tem 72,5% do capital da empresa que detém a TAP e o empresário Humberto Pedrosa, dono do grupo Barraqueiro, é dono de 22,5%. Os trabalhadores da TAP ainda são proprietários de 5% do capital da empresa.

Mas o Estado pretende ficar com a totalidade das ações e sem pagar qualquer compensação a Pedrosa, nem aos trabalhadores. O Estado pretende passar dos atuais 15 milhões de euros de capital para os 239 milhões de euros, de modo a segurar 100% da estrutura accionista da TAP SGPS.

O objetivo é acelerar a venda da empresa ficando com liberdade total para negociar sem ter que se sentar à mesa com outros acionistas.

Especialistas em economia e aviação ouvidos pelo Dinheiro Vivo parecem concordar. Nos últimos dois anos, 3,2 mil milhões de euros foram injetado na companhia e ninguém parece confiante de que o Estado possa recuperar esse dinheiro.

Esta é “uma lição demasiado cara” feita com os impostos dos contribuintes, lamenta o economista João Duque à publicação. “Claro que vamos perder dinheiro porque a TAP foi uma das moedas de troca para António Costa ter o apoio do PCP na ascensão ao poder. E como vemos, a TAP, afinal, não é estratégica para o Estado nem para Portugal, apesar de o PCP ainda o considerar”.

“O melhor é privatizar o mais cedo possível antes que a companhia valha apenas um euro, e quando alguém aparecer, queira apenas as slots”, defende o professor de aviação e turismo da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESTHE), Rui Quadros.

A Lufthansa, o grupo Air-France/KLM e o grupo IAG, que detém a espanhola Ibéria e BritishAirways, têm sido apontados como potenciais interessados na compra da TAP.

“Creio que a intenção de privatização do governo irá ficar deserta, ou seja, não haverá interessados na compra, o que aliás já aconteceu no passado com esta companhia e já aconteceu com outras companhias também. Com o histórico que temos, não creio que algum privado aceite partilhar a TAP com este ou qualquer outro governo português. É demasiado antidemocrático, autocrático, nepotista e eleitoralista. E o valor de 100% da TAP será muito alto”, admite ao Dinheiro Vivo o diretor da SkyExpert, Pedro Castro.

“O governo tem de se preparar para ou ter um concurso deserto e ser sancionado em eleições ou vender por muito pouco e ter os contribuintes furibundos”, acrescentou.

O especialista argumenta que “ninguém irá comprar a TAP antes de 2025” e que, devido aos problemas da companhia aérea, dificilmente alguém vai “assumir o passivo da TAP sem uma contrapartida”.

Esta semana, o ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos confirmou que a privatização sempre foi um objetivo do Governo e que nunca o escondeu.

“Foi sempre claro que, num mercado tão fortemente globalizado e competitivo, a TAP não conseguiria sobreviver, a médio prazo, sozinha. A integração da TAP num grupo criaria sinergias importantes e traria resiliência para enfrentar a volatilidade tão característica da aviação. Esta pode ser mesmo a única maneira de assegurar a viabilidade de uma empresa estratégica para o país”, garantiu o governante.

A TAP vai ou não devolver os 3,2 mil milhões de euros que o Estado injetou na companhia, no âmbito do plano de reestruturação, aprovado por Bruxelas? A pergunta voltou a repetir-se nas várias bancadas parlamentares.

“A TAP está a pagar aos portugueses desde o primeiro dia em que foi salva. Em passageiros, nas exportações, nas compras que faz, no apoio que dá ao turismo do país”, respondeu o ministro, garantindo que “o retorno da TAP é indireto, difuso e capilar”. A TAP também devolve dinheiro ao Estado nos impostos pagos e “só a direita é que não percebe isso”, sublinhou.

ZAP //

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