O Ministério Público (MP) pretende ouvir Tiago Barbosa Ribeiro, o deputado socialista que trocou mensagens com o antigo ministro da Defesa Azeredo Lopes aquando a “recuperação” das armas de Tancos, escreve o Expresso.
De acordo com o semanário, que avança com a notícia esta terça-feira, a troca de mensagens é o principal motivo para que os procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) queiram ouvir o deputado.
O MP, que elencou uma lista com 112 testemunhas, considera que o depoimento de Tiago Barbosa Ribeiro é “essencial” para a “descoberta da verdade“.
Trata-se de uma “inquirição cuja autorização deve ser requerida ao Presidente da Assembleia da República, nos termos do artigo 21, nº1 e 3 do estatuto dos deputados”, sustentam os mesmos procuradores, citados pelo Expresso.
Até ao final da manhã desta segunda-feira o pedido formal não tinha ainda chegado aos serviços do Parlamento, segundo apurou o Expresso. Também nesta segunda-feira, e no decorrer de uma ação de campanha, Tiago Barbosa Ribeiro garantiu que não foi ouvido nem sequer contactado pelas autoridades.
A troca de mensagem em causa, parte importante da acusação a semana passada deduzida, segundo adianta a SIC Notícias, foi revelada pelo jornal Observador, que adiantou que estas comunicações terão sido encaradas como uma confissão escrita.
As mensagens são datadas de 18 de outubro de 2017, no mesmo dia em que grande parte do armamento furtado foi encontrado na Chamusca.
A troca de mensagens citada pelo Observador:
“De acordo com a acusação, Tiago Barbosa Ribeiro enviou um SMS para Azeredo Lopes às 15h51 do dia 18 de outubro de 2017: ‘Parabéns pela recuperação do armamento, grande alívio…! Não te quis chatear hoje’, escreveu o deputado socialista.
O então ministro da Defesa respondeu dois minutos depois: “Foi bom: pela primeira vez se recuperou [sic] armamento furtado. Eu sabia, mas tive de aguentar calado a porrada que levei. Mas, como é claro, não sabia que ia ser hoje”, assumiu Azeredo Lopes
Tiago Barbosa Ribeiro, que não faz parte da Comissão de Defesa Nacional mas foi coordenador do PS da Comissão de Trabalho e Segurança Social nesta legislatura, perguntou de imediato: ‘Vens à AR [Assembleia da República] explicar?’
Azeredo Lopes confirmou que iria ao Parlamento, apesar de não adiantar qualquer data. E assumiu: ‘Venho [sic] mas não poderei dizer o que te estou a contar. Ainda assim, foi uma bomba’, escreveu o então ministro da Defesa”.
O caso do roubo nos paióis de Tancos conta com 25 arguidos. O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército a 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração de elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.
Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
Nada mais natural!…