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Talibãs não vão permitir evacuações depois de 31 de agosto

Akhter Gulfam / EPA

Zabiullah Mujahid, porta-voz dos talibãs

Os ocidentais apenas devem retirar do Afeganistão os estrangeiros e não os afegãos mais qualificados, alertaram hoje os talibãs, recusando novamente qualquer extensão do prazo para essas operações, marcado para 31 de agosto.

“A data dada é 31 de agosto e depois disso é algo que vai contra o acordo. Todas as pessoas têm de ser removidas antes dessa data. Depois disso não vamos permitir que saiam, não será permitido no nosso país, vamos ter outra abordagem”, avisou o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, citado pelo jornal The Guardian.

Numa conferência de imprensa, Mujahid declarou que “especialistas afegãos”, como engenheiros, estão a ser retirados do país pelos norte-americanos e acrescentou: “pedimos-lhes que parem com isso”.

Mujahid referiu que a vida está a voltar ao normal no Afeganistão, mas que o caos no aeroporto continua a ser um problema.

Desde que ocuparam o poder em Cabul a 15 de agosto, os talibãs têm tentado convencer a população de que mudaram e que o seu regime será menos brutal que o anterior, entre 1996 e 2001. Mas isto não faz diminuir o fluxo dos que não acreditam nas suas promessas e em Cabul milhares de pessoas amontoam-se à volta do aeroporto na esperança de conseguirem abandonar o país a bordo dos aviões fretados pelo Ocidente.

A operação de retirada de estrangeiros e afegãos de Cabul está a ser discutida hoje numa reunião do G7 (grupo dos sete países mais ricos), na qual participam igualmente os secretários-gerais das Nações Unidas, António Guterres, e da NATO, Jens Stoltenberg.

O Reino Unido tentou encorajar os norte-americanos a prolongar a ponte aérea humanitária no Afeganistão, mas os EUA já reiteraram que não haverá mudanças nos planos para retirar as tropas do terreno até dia 31.

O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, por seu turno, considerou hoje que aquele prazo “não será suficiente” para retirar todas as pessoas que desejam sair do Afeganistão e apelou a que se dialogue com os talibãs.

Segundo o jornal Washington Post, o diretor dos serviços secretos norte-americanos CIA, William Burns, teve um encontro confidencial em Cabul, na segunda-feira, com o cofundador do movimento talibã Abdul Ghani Baradar.

O ‘mullah’ Abdul Ghani Baradar, que chefiou a delegação dos talibãs nas negociações no Qatar com o anterior governo afegão, tornou-se o novo homem-forte do regime que tomou o poder em Cabul.

Mujahid disse hoje na conferência de imprensa não ter conhecimento de qualquer encontro entre os talibãs e a CIA, mas não negou que tenha ocorrido.

ZAP // Lusa

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