Os talibãs chamaram esta segunda-feira os Estados Unidos para dialogar diretamente através do escritório político em Doha. O grupo pediu a Washington que aceite as reivindicações do povo afegão, numa mensagem incomum e após reiteradas tentativas de qualquer conversa com o Governo de Cabul e os seus aliados internacionais.
“O escritório político do Emirado Islâmico do Afeganistão – como se autodenominam os talibãs – chama os oficiais americanos a falar diretamente sobre uma solução pacífica para o conflito afegão”, afirmou o departamento catariano do partido insurgente em comunicado difundido em Cabul.
“Os Estados Unidos aceitarem as exigências legítimas dos afegãos e enviarem as suas preocupações e pedidos para discussão através de um canal pacífico ajudará a encontrar uma solução”, disseram na nota.
A formação não detalhou quais são as exigências afegãs, mas o principal pedido até agora foi a retirada das tropas internacionais e o fim da invasão americana iniciada em 2001, que derrocou o regime talibã.
Os talibãs fizeram a proposta através de um comunicado em resposta direta a algumas declarações da responsável do Departamento de Estado dos EUA para o Sul e Centro da Ásia, Alice G. Wells, nas quais assegurava que o seu país tinha mantido a porta aberta ao diálogo com os insurgentes.
O grupo afirma que “a questão afegã não pode ser resolvida militarmente” e os Estados Unidos devem procurar uma estratégia de paz no local de guerra.
“As estratégias militares que repetidamente foram provadas no Afeganistão nos últimos 17 anos só intensificará e prolongará a guerra. E este não é de interesse de ninguém”, agrega o comunicado.
Há algumas semanas, o Governo afegão revelou que iniciou um processo de aproximação com fações talibãs na Turquia com vista a iniciar um processo de paz, uma opção que o principal grupo talibã, liderado por Haibatullah, voltou a recusar.
Os talibãs fizeram um contacto inicial com o Governo afegão no Paquistão em julho de 2015, mas o processo ficou suspenso poucos dias depois ao ser revelada a morte do fundador do movimento insurgente, o mullah Omar, dois anos antes.
// EFE