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Polícia brasileira suspeita de um terceiro envolvido no tiroteio em escola

Sebastião Moreira / EPA

Familiares das vítimas do massacre em escola de Susano, São Paulo (Brasil)

A Polícia Civil aguarda autorização para a detenção de um jovem de 17 anos. A possibilidade de o ataque ter sido combinado através da Internet está também a ser investigada.

O chefe da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, afirmou que há suspeitas do envolvimento de um adolescente de 17 anos no planeamento do tiroteio numa escola brasileira, aguardando autorização para a detenção do jovem.

A terceira pessoa envolvida é um adolescente. A detenção já foi sugerida ao juiz da Vara da Infância e da Juventude e o material relacionado com a participação dele já foi recolhido”, declarou Ferraz Fontes, citado pelo portal de notícias G1.

Na quarta-feira, dois jovens entraram numa escola nos arredores de São Paulo e mataram cinco alunos e duas funcionárias. Antes, mataram um comerciante de automóveis. Os autores do crime, ambos ex-alunos do estabelecimento de ensino, foram encontrados mortos no interior da escola.

O chefe da Polícia do Estado brasileiro de São Paulo acrescentou que “aguardam a manifestação da Justiça” para fazerem a detenção do terceiro elemento supostamente envolvido no tiroeio. Segundo o G1, as suspeitas relativas a um terceiro envolvido partiram do proprietário do espaço onde os atacantes estacionaram o automóvel.

“Ainda não confirmámos a informação, estamos a submeter a fotografia do adolescente ao responsável pelo estacionamento para confirmar. Temos outros dados que fazem crer que esse indivíduo participou, pelo menos, na fase de planeamento“, frisou Ruy Ferraz Fontes.

Segundo o chefe da polícia, o reconhecimento pela comunidade terá sido o motivo a desencadear o ataque.

“Esse foi o principal objetivo, não tinham outro. Não se sentiam reconhecidos, queriam demonstrar que podiam agir como em Columbine, com crueldade”, referiu o agente da polícia, referindo-se ao massacre em 1999, quando dois alunos mataram 12 colegas e um professor numa escola norte-americana, suicidando-se em seguida.

As vítimas mortais são cinco rapazes, com idades entre os 15 e 17 anos, uma funcionária de 38 anos e uma coordenadora pedagógica de 59. Estavam todos no interior da escola. Também um comerciante de automóveis de 51 anos, tio de um dos autores dos disparos, foi assassinado antes de aqueles terem entrado na escola.

Os dois autores do crime foram identificados pela Polícia Militar como sendo Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos.

A polícia investiga a possibilidade de um dos atiradores ter disparado mortalmente sobre o parceiro de crime aquando da chegada das autoridades ao local, tendo-se suicidado em seguida.

Autores de massacre compraram armas na Internet

Os autores do massacre, que planeavam o ataque há um ano, adquiriram armas e outros objetos utilizados no crime na Internet, no site de compras brasileiro Mercado Livre, avançam o Folha de São Paulo e o Estadão.

De acordo com fontes policiais, os dois ex-alunos adquiriram cocktails Molotov, um machado, um revólver 38, carregadores, arcos e flechas e uma besta (arma medieval).

Segundo o Público, as autoridades brasileiras encontraram algumas faturas que comprovam a compras destas armas e embalagens com o selo da plataforma online brasileira. Além disso, os jovens dirigiram-se à escola onde ocorreu o ataque ao volante de um Onyx branco, veículo que foi alugado por Luís Castro a 21 de Fevereiro. O aluguer terminava esta sexta-feira.

O ataque terá sido planeado pela Internet, através de um fórum online. Os dois jovens passavam bastante tempo juntos e eram jogadores dos videojogos de guerra Call of Duty e Counter Strike e do jogo de luta Mortal Kombat.

Entretanto, segundo o matutino, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que as famílias das oito vítimas serão indemnizadas em cerca de 100 mil reais (23 mil euros) no prazo de 30 dias.

Se as famílias aceitarem o dinheiro, não poderão processar judicialmente o governo estadual.  “Cada familiar pode tomar a decisão de receber a indicação ou preferir demandar judicialmente o Estado. Obviamente que estão dentro do seu direito”, afirmou o governador numa conferência de imprensa.

João Doria decretou ainda três dias de luto estadual em memória das vítimas.

ZAP // Lusa

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